Dicastério Vaticano para a Comunicação publicou o documento “Rumo à presença plena”, uma reflexão pastoral sobre o envolvimento das pessoas na esfera digital
Da redação, com Vatican News
“Rumo à presença plena” é o título do documento do Dicastério Vaticano para a Comunicação publicado nesta segunda-feira, 29. O objetivo é promover uma reflexão compartilhada sobre o envolvimento dos cristãos com as mídias sociais, que se tornaram cada vez mais parte da vida das pessoas.
Inspirado na parábola do Bom Samaritano, o documento pretende iniciar uma reflexão compartilhada para promover uma cultura de ser um “próximo amoroso” também na esfera digital.
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.: Íntegra do documento “Rumo à presença plena”
No contexto da mídia social, onde os indivíduos são frequentemente consumidores e mercadorias, essa reflexão pastoral busca uma resposta baseada na fé. Essa resposta começa com o discernimento dos estímulos recebidos e com uma escuta intencional.
O documento explica que a atenção, juntamente com um senso de pertencimento, reciprocidade e solidariedade, são os pilares para a construção de um senso de união que, em última análise, deve fortalecer as comunidades locais, fazendo-as capazes de se tornarem motores de mudança.
“Os desafios que enfrentamos são globais e, por isso, exigem um esforço global de colaboração. Assim, é urgente aprender a agir em conjunto, como comunidade, não como indivíduos. Não tanto como ‘influencers individuais’, mas como ‘tecelões de comunhão’: unindo nossos talentos e competências, compartilhando conhecimentos e contribuições”, indica o texto.
Cuidado com as ciladas nas “rodovias digitais”
O documento destaca que a revolução digital criou oportunidades, mas apresenta muitos desafios. E identifica várias ciladas a serem evitadas ao percorrer as “rodovias digitais”.
Desde o fato de considerar os usuários das redes sociais como consumidores e produtos, até a criação de “espaços individualistas” que têm como alvo pessoas que pensam da mesma forma ou incentivam comportamentos extremos, a viagem pelo ambiente on-line é um percurso em que muitos foram marginalizados e feridos.
Para os cristãos, isso impele a perguntar-se: como tornar o ecossistema digital um local de compartilhamento, colaboração e pertencimento, com base na confiança mútua?
Da consciência ao verdadeiro encontro
Segundo o texto, tornar-se “próximo” no ambiente da mídia social começa com a disposição para ouvir, sabendo que aqueles encontrados online são pessoas reais.
Mesmo em um ambiente caracterizado pela “sobrecarga de conteúdo”, essa atitude de escuta intencional e de abertura de coração permite passar da mera percepção do outro para um encontro autêntico.
“Reconhecer nosso próximo digital implica reconhecer que a vida de cada pessoa nos diz respeito, até quando sua presença (ou ausência) é mediada através de meios digitais”, destaca o documento. Ele enfatiza que o espaço das redes sociais não é apenas para “conexões”, mas para relacionamentos.
Do encontro à comunidade
Nessa viagem pelas “rodovias digitais”, é possível encontrar os outros em um espírito de espectador indiferente ou em um espírito de apoio e amizade.
Nesse último caso, as pessoas – que às vezes são o bom Samaritano e às vezes o ferido – podem ajudar a curar as feridas criadas por um ambiente digital tóxico. “Devemos reconstruir os espaços digitais, de tal forma que eles se tornem ambientes mais humanos e mais saudáveis”, indica o texto.
Um estilo distinto
O documento afirma que os cristãos trazem para a mídia social um “estilo” distinto, um estilo de compartilhamento que tem sua origem em Cristo.
“Não estamos presentes nas redes sociais para ‘vender um produto’. Não fazemos publicidade, mas comunicamos a vida, a vida que nos foi concedida em Cristo. Por isso, cada cristão deve ter o cuidado de não fazer proselitismo, mas dar testemunho”, enfatiza.
A presença dos cristãos na mídia digital deve refletir esse estilo, para comunicar informações verdadeiras de maneira criativa, de uma forma que brote da amizade e construa a comunidade. Esse estilo fará uso de histórias; exercerá sua influência on-line de maneira responsável, à medida que os cristãos se tornarem “tecelões de comunhão.