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Dia Nacional: bispo agradece leigos e leigas pela ajuda na evangelização

Igreja no Brasil celebra Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas neste domingo, 21

Julia Beck
Da redação 

Foto: Bruno Marques – Canção Nova

O Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas é celebrado neste domingo, 21. Ao refletir sobre a data, o bispo de Cornélio Procópio (PR), Dom Manoel João Francisco, recorda que, no início da Igreja, a distinção entre os cristãos era: fiéis e catecúmenos.

“Por volta do século V, a distinção passou a ser entre clérigos e leigos. Os clérigos eram os detentores do conhecimento; os leigos eram os que não sabiam, também em termos religiosos. O pouco que sabiam vinha das homilias feitas pelos clérigos e das cenas bíblicas nos vitrais e altos-relevos que enfeitavam as igrejas”, lembra.

À medida que o tempo passava, o bispo afirma que esta distinção ficava sempre mais forte, a ponto de, em 1888, o Papa Leão XIII dizer: “É com efeito constante e manifesto que existe, na Igreja, duas ordens bem distintas por sua natureza: os pastores e o rebanho, ou seja, os chefes e o povo”.

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O Papa Leão XIII apontou que a primeira ordem, dos pastores, tinha por função ensinar, governar e dirigir os homens na vida. A outra, prossegue o bispo de Cornélio Procópio, tinha por dever ser submissa à primeira, obedecer-lhe, executar suas ordens e render-lhe honras (Carta ao Arcebispo de Tours).

Concílio Vaticano II

Dom Manoel João Francisco /Foto: Diocese de Cornélio Procópio

No Concílio Vaticano II houve então mudanças, sublinha Dom Manoel. “Não era intenção convidar leigos como auditores. O Papa João XXIII, no entanto, convidou Jean Guitton, por ser, além de amigo, um intelectual e cristão de fé profunda”.

Na primeira sessão, o bispo relata que não havia um lugar específico para o convidado do Papa. “Foi-lhe então indicada uma cadeira no lugar reservado aos observadores de outras Igrejas cristãs”, conta. Conclusão: antes do Concílio Vaticano II, a Igreja católica não tinha lugar para os leigos e leigas, frisa o prelado.

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Dom Manoel afirma que, com o Concílio Vaticano II, os leigos foram valorizados. O bispo ressalta que o Decreto sobre a Vida e o Ministério dos Presbíteros, por exemplo, pede aos presbíteros que:

“1) Reconheçam e promovam a dignidade do leigo e a sua participação na missão da Igreja; 2) Acatem conscienciosamente a justa liberdade que a todos compete na cidade terrestre; 3) Ouçam com gosto os leigos, apreciando fraternalmente seus desejos, reconhecendo suas experiências e competências nos diversos campos da atividade humana; 4) Entreguem com confiança tarefas aos leigos para o serviço da Igreja, deixando-lhes liberdade e possibilidade de agir (PO 9/1170)”.

A data

No Brasil, Dom Manoel comenta que o Conselho Nacional dos Leigos e Leigas foi fundado em 1975. O Dia Nacional dos Leigos e Leigas foi instituído em 1991. Ele foi criado “para dar graças a Deus por todo o serviço de evangelização feito pelos leigos e leigas na nossa Igreja do Brasil”, destaca.

Para esse ano, o Conselho Nacional do Laicato destacou o seguinte tema: “Testemunhas de Jesus libertador no compromisso com a vida”.

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Testemunhar Jesus

O bispo de Cornélio Procópio reflete que Jesus foi o grande defensor da vida e de sua dignidade. “Ser testemunhas de Jesus libertador é colocar-se também a serviço da verdade e da vida, hoje tão ameaçada no mundo inteiro e particularmente no Brasil; da santidade e da graça; da justiça, do amor e da paz”, alerta.

Testemunhar o Reino, prossegue o prelado, é ser artífice da igualdade, da solidariedade. O bispo reforça que Jesus Cristo é para todos luz, caminho, verdade e vida.

“Cristo vivia rodeado de pobres, doentes e excluídos da sociedade. Nosso mundo será melhor somente quando colocarmos em prática seu projeto de amor”, sublinha.

A CNBB, no documento 105, sobre os cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade, dá a seguinte orientação, observa Dom Manoel:

“O mundo carrega, por sua vez, sinais do Reino, na medida em que avança por todos os meios na busca de condições de vida e de convivência humana que tornem mais viável a realização da liberdade e da fraternidade. O Reino de Deus é dom e missão. Como dom, deve ser acolhido; e como missão, deve ser buscado, testemunhado e anunciado. Para esta missão a Igreja contribui em comunhão com todos os homens e mulheres que buscam construir uma sociedade justa e fraterna” (241).

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