O CUIDADO COM O MAR

Dia Mundial da Pesca: a esperança não decepciona, lembra cardeal

Prefeito do dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral fala sobre esperança e cuidado com quem vive das atividades pesqueiras

Da redação, com Boletim da Santa Sé 

O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral defendeu cuidados com pescadores e o ecossistema que os cercam / Foto: rawpixel-com

Na mensagem para o Dia Mundial da Pesca deste ano, o prefeito do departamento vaticano para o Desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Michael Czerny, recorda São Paulo na carta aos Romanos:  “a esperança não decepciona” (Romanos 5:5). A data, celebrada em 21 de novembro próximo, recorda importância da pesca e dos cuidados com a vida marítima.

“Sem dúvida, o Apóstolo das Nações havia navegado pelos mares muitas vezes, inclusive sofrido naufrágios, embora sempre fortalecido pela esperança em Cristo. E como não nos lembrarmos dos antigos caminhos percorridos pelos peregrinos cristãos, não apenas a pé, mas também por mar?”, indagou o prelado.

A data, recordada desde 1998 pela Igreja, chama atenção para a vida nos mares e para os profissionais que vivem da pesca — especialmente a pesca sustentável e incentivo aos profissionais e comunidades que vivem da pesca. “[A data] reconhece e homenageia as comunidades pesqueiras de todo o mundo, destacando a importância dessa atividade para a vida humana e a saúde dos ecossistemas. Além do Jubileu, este ano marca o décimo aniversário da encíclica Laudato si’ (LS) do Papa Francisco, que dedica atenção significativa ao cuidado dos mares e oceanos, considerando-os parte da ‘casa comum’ e do equilíbrio ecológico global”.

O cardeal Michael Czerny / Foto: Reprodução Twitter

Ainda sobre o finado Papa Francisco, o cardeal recorda suas críticas aos métodos destrutivos de pesca com suas consequências fatais, quando o Pontífice relacionou a crise dos oceanos com as condições de trabalho injustas na indústria pesqueira, o tráfico de pessoas e o impacto sobre as comunidades costeiras empobrecidas.

“Os mares não são apenas uma realidade física, mas também um espaço espiritual de interdependência entre o ser humano e toda a Criação. De modo especial, os pescadores podem ser guardiões da Criação. Lamentavelmente, muitos pescadores enfrentam tempestades muito além dos mares: baixos rendimentos, insegurança laboral, más condições de trabalho, distância das suas famílias. Não devemos esquecer que por trás de cada pesca existe uma vida, uma família, um apelo ao desenvolvimento integral!”, frisou o prefeito do Dicastério.

A poluição dos mares

Além da preocupação com quem trabalha nos mares, o cardeal também reforçou o impacto negativo que as indústrias pesqueiras causam no meio ambiente e nos ecossistema no qual estão inseridas.

“A pesca altamente industrializada também representa uma grande ameaça para as frotas artesanais, pois diminui a quantidade de pescado disponível”, lamentou o cardeal. “Além disso, os grandes navios deixam resíduos contaminados que prejudicam os ecossistemas costeiros. A bordo dos grandes navios-tanque de pesca industrial, as tripulações permanecem por meses, vivendo em espaços reduzidos e desconfortáveis, longe de suas famílias, com jornadas de trabalho que frequentemente excedem os limites legais”, reiterou.

Papa Leão XIV, em sua recente encíclica, Dilexi te, também criticou as estruturas que causam pobreza extrema e desigualdades. “Isso também se aplica ao mundo da pesca, considerando que na cadeia de valor da pesca falta a assunção ativa de responsabilidades devido à natureza e à imensidão dos oceanos, sendo extremamente difícil controlar as atividades humanas nesses locais”, recordou Dom Czerny.

Por fim, o prelado reforçou que a Igreja, por meio do Apostolado do Mar, tem como objetivo estar presente onde pescadores e marinheiros mais sofrem. “Nas paróquias costeiras e nos portos, seus capelães e voluntários acompanham aqueles que enfrentam longas ausências de suas famílias, condições de trabalho perigosas e dias difíceis no mar, tornando-se também porta-vozes de sua dignidade. Obrigado por este serviço”, finalizou.

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