Documento foi publicado no dia 24 de maio de 2015; apesar de ser conhecida como uma “encíclica verde”, Papa enfatiza que essa é uma encíclica social
Da redação, com Vatican News
No dia 24 de maio de 2015, o Papa Francisco apresentava ao mundo a Carta Encíclica Laudato Si’. O documento, sobre o cuidado da casa comum, tem um título que remete ao Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis, onde o santo louva o Criador pelas belezas da natureza.
A Laudato Si’ tornou-se conhecida como uma “encíclica verde”, por tratar de questões ligadas à ecologia. No entanto, o Santo Padre fez questão de enfatizar que essa é uma encíclica social, porque fala da questão ambiental enquanto relacionada com a questão social.
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Segundo o Pontífice: “Paz, Justiça e Conservação da criação são três questões absolutamente ligadas e que não se podem se separar (LS 92)”.
Sete anos
Os frutos da encíclica do Papa desencadearam processos fecundos, muitos dos quais ainda estão em andamento.
O primeiro fruto da Laudato si’ é precisamente sua capacidade de conectar aspectos que antes eram tratados setorialmente. As expressões mais citadas estão “ecologia integral”, que constitui seu verdadeiro coração, e “tudo está conectado”, que se tornou quase um slogan.
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A anotação de que “não há duas crises separadas, uma ambiental e outra social, mas sim uma única e complexa crise sócio-ambiental” também se tornou popular.
A ação em favor do meio ambiente atravessa culturas, povos, contextos geográficos e crenças. A Igreja tem sido uma enorme fonte de ideias e projetos, graças aos quais as palavras do Pontífice não ficaram no papel.
Projetos no continente africano
Em Gana, por exemplo, os bispos da Conferência Episcopal estão organizando a plantação de um milhão de árvores, uma ação concreta que complementa e apoia o projeto governamental “Gana Verde” lançado em junho de 2021.
No Quênia, eles já tinham começado no ano passado, com o plantio de sementes na floresta de Kakamega, a única floresta tropical remanescente no país. O programa teve a participação de 500 pessoas de diferentes confissões cristãs, que realizaram também iniciativas de conscientização para um uso mais respeitoso dos recursos da Terra.
Os jovens do Movimento Laudato si’, de modo particular, também intervieram na esfera urbana para enfrentar simbólica e concretamente um dos maiores desafios que as cidades enfrentam: o da grande produção de lixo.
Em colaboração com a ONG Nairobi Recyclers (Narec), eles criaram um projeto de reciclagem que tem como objetivo limpar parte da capital. Além de coletar lixo e proteger o meio ambiente da poluição.
A equipe da Nairobi Recyclers também selecionou 17 escolas e cinco casas religiosas que acolhem crianças nas quais planejam plantar mais de mil árvores frutíferas e de outras espécies.
Outros projetos
A Igreja, além de projetos de reflorestamento na África, implementou muitos em outros contextos, em descarbonização, em eficiência energética, agricultura sustentável, abastecimento de água potável, limpeza dos mares com a retirada do plástico, de educação e conscientização ambiental, sem nunca esquecer a pessoa e a proteção da vida humana.
A este respeito, não se pode deixar de mencionar o trabalho do episcopado americano e da Diocese de Chicago, que sob a liderança do arcebispo da cidade, Cardeal Blase Joseph Cupich, tem o mérito de ter instituído o primeiro ministério Laudato si’ do mundo, chamando à ação tantos católicos que colocaram sua profissão ou o seu ‘carisma’ ao cuidado da Casa Comum e na defesa dos mais frágeis.
Menção especial também para a Diocese de Burlington, que engajou os fiéis na conscientização e ação para uma maior justiça ecológica, iniciando projetos para combater a cultura do descarte (fabricação de compostagem em hortas e jardins, uso exclusivo de materiais reciclados começando com o papel, modelos circulares de produção e consumo alimentares e muito mais), juntamente com o início do monitoramento dos imóveis diocesanos no que diz respeito ao fornecimento de energia a ser convertida em formas renováveis ou de baixo impacto ambiental.
Também é grande o envolvimento das comunidades locais, por parte da Igreja, para salvar a Amazônia, o pulmão verde do mundo que corre o risco de ser destruído cada dia mais por causa do desmatamento, da corrupção, da exploração intensiva do solo e do desaparecimento da biodiversidade.
Sínodo e exortação
Neste ano, houve o florescimento das Comunidades Laudato si’, que se originou de uma ideia do bispo de Rieti, Dom Domenico Pompili e do fundador do Slow Food Itália, Carlo Petrini. Eles relançaram o tema da ecologia integral, apostando na conversão do coração.
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Desde 2020, apesar da pandemia, os círculos de Laudato si’ aumentaram em quase 300 por cento. A encíclica permeou o debate político e científico desde a Conferência de Paris sobre o Clima em 2015 e a de Glasgow em 2021; garantiu que os cuidados da Casa Comum fossem incluídos entre as obras de misericórdia e iniciou a “Economia de Francisco”.
Sem esse documento, poderia ter sido mais difícil realizar um Sínodo como o da Amazônia (cuja conexão com Laudato si’ é evidente desde o tema: “Novos caminhos para a Igreja e para a Ecologia Integral”) e para chegar à consequente exortação apostólica, Querida Amazônia, com seus quatro sonhos – social, cultural, ecológico e eclesial – que são de fato um caminho de ecologia integral.
Outros frutos
O próprio Sínodo da Juventude de 2018 e o “Documento sobre a Fraternidade Humana”, assinado em 4 de fevereiro de 2019 em Abu Dhabi pelo Papa e o Grão Imame de Al-Azhar, al-Tayyib, seriam basicamente imputáveis entre os frutos deste texto.
Durante a JMJ no Panamá, em janeiro de 2019, falou-se até mesmo de uma “Geração Laudato si’”. O documento inspirou eventos de espiritualidade, sobretudo o “Tempo da Criação” que acontece de 1° de setembro, o Dia Mundial de Oração pela Salvaguarda da Criação, a 4 de outubro, a festa de São Francisco.
Possibilitou a instituição da Semana Laudato si’, este ano agendada de 22 a 29 de maio; alimentou a música, a arte, a cultura e até mesmo o cinema.