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Croácia ‘severamente provada por terremotos, mas forte na fé, diz Núncio

Antes de seu encontro com o Papa , o Núncio Apostólico na Croácia descreve a dor sofrida na nação dos Balcãs devido a dois terremotos devastadores

Da redação, com Vatican News

Arcebispo Giorgio Lingua, Núncio Apostólico na Croácia / Foto: Reprodução Youtube

O Papa Francisco encontrou-se, nesta quinta-feira, 18, pela manhã, com o arcebispo Giorgio Lingua, Núncio Apostólico na Croácia, em uma audiência privada no Vaticano.

Antes do encontro com o Papa, o religioso avaliou a situação na nação balcânica e expressou a firmeza do povo croata na fé. “Vou apresentar ao Papa uma Croácia muito viva e com dores”, disse. “O país passou por uma tragédia de dois terremotos no ano passado: um em Zagreb (em 22 de março de 2020) medindo 5,2 na escala Richter; o outro em Petrinja (29 de dezembro de 2020), na Diocese de Sisak, medindo 6,4″, reiterou.

Pelo menos oito pessoas morreram nos terremotos, todas menos uma em Petrinja, e milhares de edifícios foram fortemente danificados.

Uma Croácia sofrida, mas orgulhosa

O arcebispo Lingua lamentou o momento em que esses terremotos ocorreram, quando o país dava início ao seu primeiro isolamento social por conta da pandemia causada pelo Covid-19.

“Essas duas tragédias se somaram aos danos já infligidos pela pandemia do coronavírus, que afetou severamente a indústria do turismo, que é o principal recurso do país”, lamentou.

Apesar dessas provações, disse o Núncio, os croatas são “um povo orgulhoso”, que tem uma Igreja viva e bem organizada.

O arcebispo Lingua disse ainda que certos traços de clericalismo são evidentes na Igreja local. Mas, acrescentou, os católicos croatas cultivam uma forte devoção a Nossa Senhora e se preocupam profundamente com o Papa e a Igreja de Roma.

Dificuldades enfrentadas pelos migrantes

Outra questão que enfrenta a sociedade croata, admitiu o arcebispo italiano, é a de mentir ao longo da chamada “rota dos Balcãs”, percorrida por numerosos migrantes que procuram entrar na Europa.

“A situação é muito difícil e complicada. Jovens e adultos — em alguns casos menores de idade — são forçados a suportar invernos rigorosos em condições deploráveis”.

No entanto, agora não é a hora de apontar o dedo, acrescentou, mas sim de buscar soluções. “Pessoalmente, acho que quando tomamos decisões é melhor errar pelo excesso de generosidade do que pela rigidez”.

O arcebispo explicou que os migrantes ao longo da rota dos Bálcãs correm o risco de ficarem duplamente decepcionados, tanto por seus países de origem quanto pelas nações onde esperam se estabelecer. “Eles correm o risco de deixarem seus corações amargurados e desesperados”, afirmou, “talvez porque deixaram seu país de origem ingenuamente, mas com grande esperança. Se não houver a menor esperança de um futuro melhor, a decepção pode ter consequências negativas graves”, ponderou.

Jornada Apostólica ao Iraque

Antes de ser enviado à Croácia, o arcebispo Lingua serviu como Núncio Apostólico no Iraque e na Jordânia por quase 5 anos, até 2015.

Tendo em vista a próxima viagem apostólica do Papa Francisco ao Iraque, o religioso recordou seu tempo por lá, quando viu a partida de muitas tropas estrangeiras e a ascensão do chamado Estado Islâmico. “Lembro-me de uma Igreja forte e sofredora”, disse ele. “Gostaria de destacar a força dos cristãos iraquianos que, apesar dos tempos difíceis, mantiveram a fé”.

O arcebispo acrescentou ainda que a visita do Papa será “uma grande bênção”. “Talvez haja dúvidas sobre o seu sucesso ou os riscos que corre, mas tenho a certeza que o Senhor ajudará o Santo Padre e será uma ocasião importante para pôr em prática a mensagem de Fratelli tutti”, finaliza.

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