DIA DA ÁFRICA

'Comunidade internacional deveria se unir pela África', afirma Parolin

O Secretário de Estado do Vaticano disse que o continente africano tem potencial e recursos para enfrentar desafios, mas “as pessoas e o seu bem-estar devem estar em primeiro lugar”

Da redação, Vatican News

O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin / Foto: Victória Holzbach – CNBB

“Um momento de alegria”, reafirmando a necessidade do nosso compromisso “pessoal”. Foi assim que o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, descreveu a celebração eucarística que presidiu na tarde de segunda-feira, 27, na Basílica Mariana de Santa Maria Maggiore, em Roma, por ocasião do 61º Dia da África.

Estiveram presentes os Embaixadores do Grupo Africano junto da Santa Sé, as missões diplomáticas africanas residentes acreditadas junto da República Italiana e as representações africanas permanentes acreditadas junto das Nações Unidas FAO/PMA/FIDA. Também estiveram presentes prelados africanos da Cúria Romana e sacerdotes africanos na Itália.

A missa homenageou o primeiro Embaixador Africano junto à Santa Sé, Sua Excelência, Antonio Manuel N’Vunda, que foi sepultado na cripta da Basílica em janeiro de 1608. Antes da liturgia, duas coroas de flores foram colocadas respectivamente no túmulo do Papa Paulo V, na Capela Paulina e no túmulo de N’Vunda.

Desafios e esperanças

Em sua homilia, o Cardeal Parolin citou as palavras sobre a África de Bento XVI e, antes dele, de São João Paulo II na Exortação Apostólica pós-sinodal Ecclesia in Africa, de 1995, destacando os desafios, dificuldades e “contrastes” do continente, mas também seus aspectos de esperança.

“Esta celebração tem para mim um aspecto pessoal porque me sinto próximo de África”, disse o cardeal, “Pude visitar vários países ao longo dos anos e tive contacto tanto com a Igreja como com governos e autoridades.”

“Para mim é um momento de alegria estar aqui e compartilhar a alegria e a oração”, afirmou o prelado.

A necessidade de apoio da comunidade internacional

“Acredito”, acrescentou o Secretário de Estado, “que África deve ter sucesso por si só; tem a força, tem os recursos, tem riqueza de todos os tipos, mas também precisa de amigos sinceros da comunidade internacional que trabalhem para o povo, pela paz, pela reconciliação e pelo desenvolvimento.”

O apoio da comunidade internacional, sublinhou o Cardeal Parolin, é necessário porque o continente “se encontra em situações muito difíceis” no meio de muitos “conflitos muito violentos que causam muito sofrimento a muitas pessoas”.

“Basta pensar no Leste do Congo”, disse ele.

Embora o cardeal tenha expressado a sua convicção “de que existe uma possibilidade de surgir”, reconheceu que “o princípio é sempre o mesmo: as pessoas e o seu bem-estar devem ser colocados em primeiro lugar”.

“Se os interesses materiais são priorizados, então certamente as pessoas são sacrificadas e não há possibilidade de paz”, disse ele. “No entanto, se houver justiça, se houver acesso para todos, até mesmo à riqueza material — e esta é a tarefa tanto das autoridades locais como da comunidade internacional. Então as coisas podem melhorar”.

A ajuda da Santa Sé

Por sua parte, o Cardeal Parolin assegurou: “A Santa Sé ajuda a nível da Igreja africana porque somos uma família, e também por meio das Nunciaturas e do interesse direto que o Papa demonstra pela África”.

“Onde podemos”, insistiu ele, “tentamos ajudar”.

Dia Mundial da África

Os povos do continente africano celebram o Dia Mundial de África a 25 de maio, uma vez que nesta data foram assinados os acordos da Organização da Unidade Africana (OUA) em 1963, simbolizando também a luta de todo o continente pela libertação, pelo desenvolvimento e pelo progresso econômico e social, como a promoção e exploração da riqueza cultural de África.

A OUA foi uma organização intergovernamental criada em 25 de maio de 1963 em Adis Abeba, Etiópia, com 33 governos signatários. A União Africana (UA) foi oficialmente lançada em julho de 2002 em Durban, África do Sul, na sequência de uma decisão tomada em Setembro de 1999 pela OUA, a sua antecessora, de criar uma nova organização continental para desenvolver o seu trabalho.

A data de 25 de maio tem um duplo poder evocativo. Primeiro, comemorativamente, relembra os primeiros momentos da OUA. Em segundo lugar, levanta constantemente questões, geopolítica e institucionalmente, sobre a capacidade individual e colectiva de construir a África idealizada pelos pais fundadores.

O Dia tornou-se assim uma tradição profundamente enraizada em todos os países africanos e é uma oportunidade para as missões diplomáticas africanas acreditadas junto da Santa Sé organizarem eventos destinados a aumentar a consciência sobre o papel do continente no mundo.

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