Devota mariana e ex-passista, Maria Lata D’Água deixou tudo para trás e se tornou missionária da Canção Nova em 2004, aos 70 anos
Da redação
Com pesar, a Canção Nova comunica o falecimento da missionária Maria Mercedes Chaves Roy, conhecida como Maria Lata D’Água, ocorrido nesta sexta-feira, 23. Ela estava internada desde o início do ano, em um hospital no interior de São Paulo, por complicações próprias da idade. Ela completou 90 anos em 25 de setembro de 2023.
Maria Lata D’Água foi uma passista que desfilou por 45 anos na Sapucaí, pela Salgueiro, Portela, Estácio de Sá, Padre Miguel e Beija-Flor. Ela foi a inspiração para a marchinha “Lata d’água na cabeça”, composta por Luís Antônio e Jota Júnior em 1952.
Em 1990, durante o Retiro de Água Viva, na arena do Maracanãzinho, “ouviu o chamado de Deus”, como classificou anos mais tarde. “Lá, dei meu primeiro testemunho, e Deus me chamou naquele momento. Abandonei tudo, não saio mais no carnaval. Eu me senti tocada pelo amor e vim para a Canção Nova fazer o caminho. Não me arrependo, e sempre digo: ‘daqui não saio, daqui ninguém me tira, pois foi Jesus quem me colocou”, disse a ex-passista em entrevista ao Canção Nova Notícias em 2018.
No ano de 2004, aos 70 anos, tornou-se missionária da Canção Nova e passou a viver em Cachoeira Paulista (SP). Em 2017, lançou sua autobiografia “Lata D’água na cabeça – Da passarela ao Sacrário”, no qual relatou momentos importantes da sua vida e seu trabalho como missionária católica.
Ela costumava dizer que se identificava com duas personagens bíblicas: Maria Madalena, prostituta que, segundo a história, foi a primeira pessoa a ver Jesus após a ressurreição; e a samaritana do poço, com quem Jesus conversou e que se tornou sua seguidora. “Somos iguais, Deus me usou muito para contar a história delas”, detalhou em uma entrevista.
Uma lenda carnavalesca
O epíteto “Maria Lata D’Água” tem um porquê: aos 18 anos, a passista sambou pela primeira vez com uma lata cheia de água (20 litros) sobre a cabeça. “Na avenida, saía dançando apenas nas pontas dos dedos. Ajoelhava e sentava no chão, esticava as pernas, sentava nos pés, como uma bailarina, equilibrando a lata apenas com o pescoço. Não deixava cair nenhuma gota de água para fora!”, recordou.
Maria chegou a se casar com um conde suíço, com quem veio viver no Brasil. Foi nesta época que a ex-passista também se dedicou à Igreja e grupos de oração. “Ainda estava no carnaval, mas, durante o ano, procurava por casas de oração”, relembrou.
Reveja entrevista de Maria Lata D’água no Programa Gente de Fé: