Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB comenta tema inspirado em documento de São João Paulo II, cita subsídio e frisa Dia do Nascituro
Julia Beck
Da redação
A Semana Nacional da Vida 2021 começa nesta sexta-feira, 1º. O período – que será encerrado no dia 8 de outubro, tem como tema “Família Santuário da Vida”. A frase surgiu de indicações contidas na encíclica Evangelium Vitae de São João Paulo II.
O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, Dom Ricardo Hoepers, afirma que o desejo é de retomar o documento do antigo Papa.
Segundo o bispo, São João Paulo II foi um defensor incansável do valor da vida, da sua inviolabilidade, respeito e dignidade. O santo denunciou a “cultura da morte”. “Uma cultura que despreza e torna o ser humano um objeto, descartável”.
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Resgatar a Evangelium Vitae, aponta Dom Ricardo, reforça a necessidade da leitura deste documento por parte dos católicos. O bispo reforça que a encíclica ajuda leigos e leigas a reverem o que são e como vivem, além de dar a perspectiva de que a vida vale a pena, pois é dom de Deus.
Olhar para a vida como dom de Deus impulsiona homens e mulheres a promover, defender e cuidar dela, ressalta o bispo. “Desde a concepção até o fim natural, todas as etapas da vida têm uma dignidade e sacralidade própria. Por isso a Evangelium Vitae é uma das mais belas e atuais encíclicas. Sempre vale a pena resgatá-la e retomar a sua leitura”.
Família Santuário da Vida
A expressão “Santuário da Vida” é própria da Evangelium Vitae. Essa expressão foi citada sete vezes durante o documento. Dom Ricardo sublinha que na Semana Nacional da Vida 2021 ela é uma tentativa de unir cada vez mais a Pastoral Familiar com a promoção, defesa e cuidado da vida. “Nossa comissão é para a vida e a família”, destaca.
De acordo com o presidente da comissão da CNBB, a família é o lugar onde se aprendem os valores mais essenciais e fundamentais da vida, onde o ser humano amadurece nesses valores, onde recebe justamente o dom da vida.
“Quando o Papa João Paulo II fala de Santuário da Vida, ele fala que é o lugar onde o dom da vida pode ser acolhido, cuidado e protegido. Também precisa ser um lugar propício para que nós, enquanto Igreja doméstica, reconheçamos a presença de Deus”, comenta o bispo.
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Acreditar no Santuário da Vida, celebrado na Semana da Vida, é fortalecer a Igreja doméstica como um santuário onde a vida, em primeiro lugar, precisa ser valorizada, revela o prelado.
A proposta, segundo Dom Ricardo, é que os fiéis comecem cuidando da vida a partir de suas casas e famílias. “Cuidando da criança que está no ventre, das crianças nascidas, jovens, idosos, pessoas com deficiência. Precisamos reconhecer a sacralidade deste dom divino que é o dom da vida”.
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Viver o evangelho
A partir da família, o bispo afirma que São João Paulo II propõe a construção da cultura da vida, do evangelho da vida. Uma família, continua o prelado, pode valorizar o dom da vida sendo anunciadora do evangelho através da educação dos filhos.
O anúncio do evangelho começa a acontecer já na concepção dos filhos, aponta Dom Ricardo, passando também pela criação, cuidado e demonstrações de amor e afeto. “Os pais quando cuidam e zelam pelos filhos estão expressando essa gratidão por Deus ter confiado a eles o dom da paternidade e da maternidade”.
Falar sobre o evangelho, o “Santuário da Vida” e a família é, acima de tudo, viver a proposta de anúncio e testemunho do evangelho. “Também Deus quis nascer em uma família. Ele escolheu um pai e uma mãe para poder crescer e viver. Ele permaneceu praticamente toda a sua vida no seio familiar. Jesus nos mostra essa dignidade, essa sacralidade. O próprio Deus viveu em família”, assegura.
Hora da Vida
Dentro da Semana Nacional da Vida 2021, a Igreja no Brasil trabalhará o subsídio “Hora da vida”. Dom Ricardo afirma que esta contribuição vem sendo aprimorada de modo pastoral e espiritual.
Cada dia desta semana terá uma temática. São elas: “O valor incomparável da pessoa humana”; “Na raiz da violência contra a vida”; “Sinais de esperança e convite ao compromisso”; “A vida é sempre um bem”; “Veneração e amor pela vida dos outros”; “A vida humana é sagrada e inviolável”; “Anunciar o Evangelho da Vida”.
O subsídio “Hora da vida” tem ajudado as comunidades a viverem bem esta semana. “No primeiro dia temos como tradição badalar os sinos em sinal de alegria. A ideia é reforçar que a vida é um dom de Deus e destacar a alegria de viver”, comenta.
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No dia 8 de outubro é celebrado o Dia do Nascituro. Nesta data, Dom Ricardo afirma que a tradição é de ascender velas em sinal de esperança, de que Deus traz luz para todos os seres.
O presidente da comissão da CNBB relata que as paróquias, comunidades, dioceses e arquidioceses têm se envolvido cada vez mais nesta semana. Elas realizam atividades também de preparação, com programações presenciais e on-line.
Durante a Semana Nacional da Vida, o prelado conta que também haverá atividades na vida comunitária, paroquial e diocesana, como em todo o Brasil. “É um período cheio de bons propósitos e quem tomando corpo na Igreja do nosso país”, relata.
Dia do Nascituro
O Dia do Nascituro, celebrado no final da Semana Nacional da Vida deste ano, é um grande destaque deste período. Ele é reconhecido a nível nacional pelo calendário civil.
“Neste dia recordamos os filhos que ainda estão no ventre de suas mães e não nasceram. Os filhos que estão crescendo e se desenvolvendo”, ressalta Dom Ricardo. O bispo afirma que cada vez mais a ciência vem destacando a beleza e importância do tempo gestacional.
De acordo com o prelado, valorizar o nascituro é uma grande consciência que a Igreja tenta trazer contra o aborto. “Ele ainda está aí, batendo na porta de muitos países, sendo reconhecido como um direito e tomando uma posição nociva a cada sociedade. Uma sociedade que não é capaz de defender e cuidar das suas crianças no seu momento mais vulnerável não será capaz de cuidar de mais ninguém”, assegura.
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O tema proposto para o Dia do Nascituro foi retirado do Salmo 127: “Os filhos são Bênçãos do Senhor”. Dom Ricardo afirma que o trecho é uma maneira carinhosa de recordar o nascituro e seu desenvolvimento.
“O aborto é um mal, é abominável, é um pecado gravíssimo, pois vai contra o mandamento: não matar. Ao mesmo tempo que nós sabemos dos grandes problemas que o Brasil tem nessa área, estamos avançando nessa consciência. O povo brasileiro, de maneira geral, acredita que o aborto não é uma solução e muito menos uma política pública que deve ser defendida. Entendemos que quem tem que ser defendido é a criança e a mãe”, ressalta.
Então, no dia 8 de outubro, o presidente da comissão da CNBB destaca que a defesa da Igreja é que a vida no ventre materno merece respeito. Segundo o bispo, todo nascituro é a esperança de um país e um mundo melhor.