Terra Santa

Basílica do Santo Sepulcro reabre as portas e recebe os fiéis locais

Custódio da Terra Santa afirma que é uma “reabertura em andamento”, ainda com restrições, mas procurando voltar lentamente à normalidade

Da redação, com VaticanNews

O custódio da Terra Santa, frei Francesco Patton, disse em entrevista ao VaticanNews que as portas da Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém recebeu os fiéis locais no último domingo, 24, para a Solenidade da Ascensão do Senhor.

Fechado por quase dois meses, como jamais tinha ocorrido desde o século XIV, o lugar do sepultamento de Jesus após sua deposição da Cruz reabriu, portanto, com entradas ainda restritas, com o uso obrigatório de máscaras, com controles contínuos da distância de segurança, todas as medidas necessárias que não detiveram, no entanto, a emoção de muitos fiéis, de terem finalmente voltado a unirem-se em comunidade e, sobretudo, de ter podido receber novamente a Eucaristia. 

Frei Patton disse, que embora as portas estivessem fechadas, as liturgias no interior da basílica continuaram regularmente, em conformidade com as proibições em vigor, graças aos monges e frades que habitam no interior do complexo, e de fato eles “continuaram com um maior sentido eclesial”.

Segundo o custódio, essa reabertura tem as restrições, como o número limitado de fiéis, até 50 pessoas, o uso de máscaras e outras regras. “É uma reabertura ’em andamento’, mas é um passo muito importante: agora também o Santo Sepulcro, após um longo silêncio, entra numa fase de convalescença, ainda não de total recuperação”, disse.

Leia a entrevista abaixo:

VaticanNews: Sabemos que os peregrinos ainda não voltaram, o senhor pode confirmar isso?

Frei Patton: Devemos esperar até o final do verão para ver os peregrinos de alguns países e o início do próximo ano dos países mais importantes em termos de número de peregrinos, pois estes são os países mais atingidos pela pandemia, primeiro os Estados Unidos, depois a Itália e em terceiro lugar a Espanha e a Polônia. Em vez disso, para os fiéis locais, ouso dizer, que nossos santuários permaneceram abertos mesmo neste período: o Getsêmani nunca fechou, Nazaré nunca fechou, certamente com todas as precauções, mas quisemos dar a mensagem de que a Igreja, entre aspas, não fecha suas portas, a Igreja continua sendo um lugar de oração. Mesmo dentro do próprio Santo Sepulcro, não esqueçamos, as três comunidades, grega, latina, nossa, e armênia, continuaram a rezar mesmo durante todo o período de fechamento. A Liturgia dentro do Santo Sepulcro continuou e eu diria que se intensificou, infelizmente sem os fiéis, mas com um sentido eclesial ainda mais forte, com um rosto ecumênico, com sua própria forma universal de intercessão porque, ao representar aqui o Oriente e o Ocidente, demos de alguma forma voz à humanidade que invoca o fim da pandemia

VaticanNews:  O que senhor acha que esse período de fechamento trouxe consigo? Não sei se teve oportunidade de conversar sobre isso com os fiéis…

Frei Patton: Sim, tive a oportunidade de falar com os fiéis e especialmente com os párocos. Em nossa paróquia de Santo Antônio em Jaffa, por exemplo, que é uma paróquia multiétnica, o domingo que começamos a celebrar novamente, os fiéis choravam porque podiam celebrar juntos novamente, porque podiam receber a Eucaristia e ouvir a Palavra de Deus.

VaticanNews:  O Papa nos repete neste período de recuperação para continuarmos a ser prudentes e a olharmos uns pelos outros. Esta palavra o Papa chega até vocês e como planejam seguir em frente, com novas preocupações ou com uma nova consciência de que somos todos uma família.

Frei Patton: Não deveria ser necessária uma pandemia para aumentar a atenção àqueles que são mais vulneráveis. A partir de agora o que estamos tentando fazer é garantir medidas prudentes e necessárias. Mas então, eu diria, que devemos esperar voltar uma dia à normalidade. A normalidade certamente estará presente quando houver terapias eficazes, mas não podemos viver, já a partir de agora, obcecados pelo medo do contágio, pois isso significaria não mais viver relações humanas autênticas. Eu ouso dizer que o medo deve ser reduzido. Sou totalmente a favor de medidas prudenciais, até quando não haja elementos suficientes de segurança, mas, ao mesmo tempo, digo também que devemos vencer o medo, pois, caso contrário, teríamos pessoas que, por medo, não dormiriam à noite, por medo de contágio, não apertariam mais a mão de ninguém, não beijariam mais seus filhos. E isso significaria entrar numa fase de “antropologia anestésica” e seria um resultado terrível. Portanto, prudência sim, respeito sim, medo excessivo não, ansiedade não, e nem mesmo pensar que devemos continuar dessa forma para sempre.

VaticanNews: Também demos voz, nestes dias, à preocupação do Patriarcado com o futuro das escolas católicas…o senhor compartilha essa preocupação?

Frei Patton: Esta é outra questão e está ligada à economia e certamente uma preocupação compartilhada. A ausência de peregrinos, por um lado, e a incerteza sobre como será a Coleta pró Terra Santa que foi adiada para 13 de setembro, é um elemento de forte preocupação para todos nós. Da mesma forma, ouvi o bispo dos anglicanos: eles também têm muitas escolas, e é claro que a preocupação é como pagar os salários, porque em Israel há bem-estar, mas na Palestina não há de fato a capacidade financeira de um chamado fundo de integração, uma espécie de salário desemprego. Ao mesmo tempo, porém, não devemos sequer duvidar da Divina Providência: ela fez descer o maná do céu, e portanto conseguirá também nos ajudar e ajudar um pouco todo o empenho dos cristãos na Terra Santa, também nesta fase.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo