Diretora da AIS observou que visita também dará maior visibilidade aos problemas dos cristãos no Iraque
Da redação, com AIS
O Papa vai visitar o Iraque em março de 2021. Segundo a sala de Imprensa da Santa Sé, o Santo Padre vai a Bagdade, Ur, Erbil, Mossul e Qaraqosh. O Pontífice também vai passar pela “planície de Ur, ligada à memória de Abraão”. A visita do Papa decorre de um convite da República do Iraque e da Igreja Católica local.
Para a Fundação AIS, esta visita “é um sinal de esperança” para a comunidade cristã local que enfrenta, desde há décadas, uma autêntica via-sacra de “perseguição e discriminação”, diz Thomas Heine-Geldern, presidente executivo da AIS Internacional em nota à imprensa. Thomas sublinha ainda que a viagem do Papa “é mais um sinal de proximidade e preocupação” para com os Cristãos do Médio Oriente, e que irá dar coragem para que “permaneçam na sua terra natal”.
Este “sinal de esperança” é sublinhado também pela diretora do secretariado português da Fundação AIS. “Com a visita do Santo Padre, o mundo vai olhar com mais atenção para os problemas do Iraque, e também para os problemas da comunidade cristã do Iraque, e isso é muito positivo”, afirma Catarina Martins de Bettencourt. “Um dos problemas que a Fundação AIS mais tem notado em relação a este país é que, por vezes, parece haver a ideia de que já está tudo bem desde que os jihadistas foram derrotados militarmente. Isso não é verdade”, diz Catarina, acrescentando que “é preciso reconstruir o país, é preciso reconstruir infraestruturas e é preciso reconstruir também o sentimento de segurança para que os cristãos possam voltar, tal como todos desejamos”.
A Fundação AIS tem mantido um apoio permanente às comunidades cristãs iraquianas. Esta visita agora anunciada do Santo Padre a este país do Médio Oriente significa também, de alguma forma, “o reconhecimento de todo este esforço que está a ser feito para que os cristãos possam viver nas suas terras, nas suas aldeias, nos lugares a que pertencem historicamente”. Catarina destaca, como “sinal da importância que o secretariado português da AIS” dá a estas questões, o fato de, neste momento, estar a decorrer “uma campanha no nosso país com o propósito de se apoiar precisamente o regresso das famílias cristãs às suas terras de origem”.
A campanha da AIS em Portugal destaca a urgência do apoio, por exemplo, à missão das Irmãs Dominicanas em Batnaya, que procuram reabrir um jardim de infância destruído pelos jihadistas do Daesh durante os tempos em que estas terras estiveram ocupadas pelos terroristas. “Este projeto é apenas um exemplo do esforço solidário que a Fundação AIS tem procurado levar junto da sofrida Igreja do Iraque”, explica ainda a diretora. “A reconstrução de igrejas, conventos, escolas e habitações são essenciais para que as famílias cristãs possam regressar às terras de onde foram expulsas pelos jihadistas no Verão de 2014.”
Desde então e até ao final de 2019, os benfeitores da Fundação AIS conseguiram canalizar 46,5 milhões de euros para projetos relacionados com a presença da comunidade cristã no Iraque e, em particular, na Planície de Nínive. Quando se deu a invasão das terras cristãs pelos jihadistas, no Verão de 2014, a Fundação AIS lançou de imediato uma ajuda de emergência para garantir a sobrevivência de quase 12 mil famílias. Uma ajuda que se materializou no apoio às necessidades básicas de higiene e de alimentação, habitação temporária, escolas para as crianças e ainda apoio médico.
Paralelamente, a Fundação AIS procurou que esta questão da ocupação das terras bíblicas e a expulsão violenta dos cristãos pelos jihadistas não fosse ignorada pela comunidade internacional. Em fevereiro de 2016, com base em documentos elaborados pela Fundação AIS, o Parlamento Europeu e o Departamento de Estado dos EUA reconheceram o genocídio dos cristãos neste país. A Fundação AIS está atualmente levando a cabo uma nova fase no seu plano de reconstrução para a comunidade cristã iraquiana. O objetivo principal é reconstruir as infraestruturas das instalações administradas pela Igreja nas cidades e povoações cristãs da planície de Nínive.