Jubileu de Prata da ACN Brasil será celebrado em uma missa no Santuário Nacional; Fundação atende a pedidos de ajuda de padres e bispos brasileiros nos mais variados setores de atuação
Huanna Cruz
Da Redação, com informações da ACN Brasil
O escritório da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) no Brasil completa 25 anos de atuação no país. A celebração do Jubileu de Prata será em uma Missa na Basílica de Nossa Senhora Aparecida neste domingo, 25, às 12h. Este é o mesmo local onde, há 25 anos, também com uma Missa, se dava início às atividades da fundação no país.
O assistente eclesiástico da ACN Brasil, Frei Rogério Lima, afirma que fez questão de celebrar no Santuário de Aparecida, não apenas porque foi o exato lugar onde a Missa de inauguração aconteceu, em setembro de 1997, mas também por ser uma referência nacional de peregrinação, e assim facilitar a participação do máximo de benfeitores possível. Frei Rogério afirma que está se esforçando para preparar uma celebração digna para os benfeitores.
O assistente eclesiástico da ACN Brasil fala que gostaria de visitar cada um dos benfeitores para agradecer pessoalmente pelas doações, mas como seria impossível, a Santa Missa é o momento ápice de comunhão entre os filhos de Deus. “Lá se pode não só dizer, mas viver a verdade que se professa em cada banquete eucarístico: O amor de Cristo nos uniu”, afirma Frei Rogério.
Mais que uma celebração, este momento representa um sentimento de gratidão aos milhares de benfeitores brasileiros, que juntos, contribuíram diretamente para que mais de 6.900 projetos fossem apoiados no Brasil desde 1997: uma média de 276 projetos por ano.
A Missa será presidida por Dom Bernardino Marchió, bispo emérito de Caruaru (PE). Conhecido como Dom Dino, ele estava presente na Missa de inauguração da ACN Brasil. Além de Dom Bernardino, também estarão presentes Frei Hans Stapel, primeiro presidente da ACN Brasil, e Frei Rogério Lima. Também marcarão presença os benfeitores, voluntários, colaboradores e amigos da ACN Brasil.
Atuação no Brasil
A ACN já ajuda o Brasil efetivamente desde 1962. Com o tempo, a obra caritativa percebeu que o Brasil não era um país totalmente pobre, mas um país de desigualdades. A partir disso, decidiu, em 1997, abrir o escritório no país, para que os brasileiros pudessem ser benfeitores da Obra. Assim, poderiam socorrer não apenas os cristãos que sofrem no país, mas também os cristãos vitimados pela perseguição, guerras e catástrofes em tantos países do mundo.
Ao longo dos 25 anos, foram milhares de pedidos de ajuda de padres e bispos brasileiros, nos mais variados setores de atuação: formação religiosa, cuidado pastoral, ajudas emergenciais, reabilitação de dependentes químicos, distribuição de Bíblias da Criança e outros livros religiosos, transportes em regiões remotas, suporte para comunidades carentes e de pessoas que vivem em situação de rua, reforma de igrejas, seminários, conventos e centros pastorais, além do apoio à comunicação do Evangelho. A ACN Brasil foi o 17º escritório da Fundação Pontifícia, que atualmente possui 23 escritórios espalhados no mundo inteiro.
Hoje, o desafio da ACN Brasil é atender mais pedidos de ajuda urgentes. Os pedidos que chegam para a ACN ainda são maiores do que a capacidade de ajudar. A única forma de transformar essa realidade é conseguir novos benfeitores que aceitem a missão de ajudar os que sofrem miséria, perseguição e até mesmo a guerra. A missão da ACN é continuar enxugando as lágrimas de Cristo nos que mais sofrem sem nunca deixar de sentir a alegria de quem doa e torna realidade o que antes era apenas a esperança dos que aguardam por ajuda.
“Queremos expandir cada vez mais essa obra de amor, porque sabemos que quanto mais pessoas abraçarem a missão de ajudar, mais pessoas serão ajudadas. A festa é uma motivação para que os próximos anos sejam um testemunho ainda maior de partilha e amor ao próximo”, afirma Frei Rogério.
História
Em 1960, o Padre Werenfried, fundador da obra, escreveu o livro “Me chamam de Padre Toucinho”. Ele enviou um exemplar para todos os bispos que haviam estudado em Roma na intenção de que esses bispos despertassem novos benfeitores em seus países. Após o envio, o Padre Werenfried recebeu muitas cartas e uma delas chamou a atenção, era a do então arcebispo do Rio de Janeiro, o Cardeal Jaime de Barros Câmara, que dizia o seguinte:
“Eu li o seu livro e admiro seu trabalho no serviço aos refugiados e à Igreja perseguida. Na América Latina nós ainda não somos uma Igreja perseguida, mas estamos a ponto de nos tornarmos. Se um dia formos perseguidos, você irá nos ajudar, porque esse é o seu trabalho. No entanto se nos ajudar agora será mais barato”.
O argumento convincente do arcebispo do Rio de Janeiro chegou na mesma época em que o Papa João XXIII pediu que a ACN estendesse sua ajuda para a América Latina. Padre Werenfried então voou da Europa para o Brasil, passando também pela Argentina, Chile, Peru, Bolívia, Colômbia, Venezuela e México. Ele visitou as grandes favelas, encontrou pessoas famintas e em condições subumanas.
No Rio de Janeiro, o padre Werenfried visitou o Cristo Redentor, não como turista, mas como um peregrino, incomodado com a pobreza e a Igreja em perigo.
Em 1973, a ACN realizou no Brasil a sua maior iniciativa para fazer o Evangelho chegar por meio de rodas: o projeto AMA. A ACN adquiriu do exército suíço 320 caminhões por um preço muito menor. Ela enviou os caminhões para a região amazônica. Graças a esse projeto, os bispos, padres e religiosas puderam visitar e levar ajuda a comunidades que antes estavam totalmente isoladas.
Sobre a ACN
A ACN (Ajuda à Igreja que Sofre) é uma Fundação Pontifícia que auxilia a Igreja por meio de informações, orações e projetos de ajuda a pessoas ou grupos que sofrem perseguição e opressão religiosa e social ou que estejam em necessidade.
Fundada no Natal de 1947, a ACN tornou-se uma Fundação Pontifícia da Igreja em 2011. Todos os anos, a instituição atende mais de 5.000 pedidos de ajuda de bispos e superiores religiosos em cerca de 130 países, incluindo: formação de seminaristas, impressão de Bíblias e literatura religiosa – incluindo a Bíblia da Criança da ACN com mais de 51 milhões de exemplares impressos em mais de 190 línguas. Também apoia padres e religiosos em missões e situações críticas; construção e restauração de igrejas e demais instalações eclesiais; programas religiosos de comunicação; e ajuda aos refugiados e vítimas de conflitos.
Testemunho
A voluntária Silvana Aparecida fala que conheceu a ACN através de um professor no curso de Teologia que apresentou o Eco do Amor (publicação mensal e gratuita da ACN Brasil). Ela costuma dizer que não foi ela quem escolheu a ACN, mas foi a ACN quem a escolheu.
“Sou muito grata a Deus por suscitar a criação desta obra, pois a partir dela posso ter acesso a informações de quanto, ainda nos dias de hoje, muitos sofrem pela fé em Nosso Senhor Jesus Cristo”.
Silvana afirma que o cuidado e o foco que a ACN tem em ajudar Cristãos em diversas partes do mundo é como o ministério de Jesus Cristo, que não fazia acepção aos que o procuravam. “Sinto-me honrada no trabalho voluntário na ACN em agradecer cada benfeitor que mantém esta obra, pois a gratidão movimenta, anima e fideliza o seu comprometimento em ajudar aos que mais sofrem”.
O padre Renato Chiera, fundador da Casa do Menor, agradece à ACN pelo apoio importante para estruturas de formação e de crescimento espiritual. Ele ressalta aos benfeitores que possam se alegrar com os milagres de transformações e resgates de vidas que eram condenadas a morrer. “Queridos e queridas, a vossa doação salva vida de bebês, de crianças, adolescentes e agora jovens e adultos em estado de abandono, sem esperanças e sem vontade de viver”.
Padre Renato ressalta que as milhares de crianças e adolescentes que eles resgataram em 34 anos são frutos de pequenos e grandes gestos de amor de pessoas anônimas e generosas. “Sem vocês, não conseguiríamos fazer nada. Vocês são os braços da Providência de Deus que ama através de nós. Você faz uma doação material e Deus lhe doa a alegria de se sentir útil hoje e, no futuro, lhe doa o paraíso”.