Pontífice escolheu a figura de Bartimeu, o mendigo cego que Jesus encontra em Jericó, como guia para a reflexão da catequese desta quarta-feira, 11
Da Redação, com Vatican News

Chegada do Papa na Audiência Geral desta quarta-feira, 11/ Foto: REUTERS/ Remo Casilli
Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, 11, Leão XIV voltou o olhar dos fiéis para um aspecto essencial da vida de Jesus: as suas curas. Diante de uma Praça São Pedro repleta de peregrinos, convidou todos a apresentar ao Coração de Cristo suas fragilidades, dores e bloqueios, com a confiança de que o Senhor escutará o clamor de cada um e trará cura.
“O personagem que nos acompanha nesta reflexão nos ajuda a compreender que nunca devemos abandonar a esperança, mesmo quando nos sentimos perdidos. Trata-se de Bartimeu, um mendigo cego, que Jesus encontrou em Jericó”, contextualizou o Santo Padre.
A origem do nome Bartimeu, disse o Papa, é reveladora: “filho de Timeu” — ou seja, alguém que carrega uma relação, mas que está dramaticamente só. O nome também pode significar “filho da honra”, um contraste com sua realidade de exclusão. A partir desse personagem, o Pontífice refletiu sobre o quanto muitas pessoas se encontram paralisadas, à beira da estrada da vida, sem forças para continuar.
Não há grito que Deus não ouça
Bartimeu, porém, ensina a reagir, ressaltou o Santo Padre, pois ele sabe pedir, sabe gritar: “Filho de Davi, Jesus, tem misericórdia de mim!” (Mc 10,47). Esta súplica tornou-se uma das orações mais conhecidas da tradição oriental: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem misericórdia de mim, pecador.” Mesmo cego, Bartimeu reconhece quem é Jesus, e seu grito o faz parar: “Não há grito que Deus não ouça, mesmo quando não percebemos de que nos dirigimos a Ele.”
Jesus o chama, mas não vai imediatamente ao seu encontro. Em vez disso, convida-o a levantar-se, a caminhar. “Aquele homem pode reerguer-se, pode levantar-se das suas situações de morte”, refletiu Leão XIV. Para isso, precisa abandonar algo precioso: sua capa — símbolo de sua segurança, sua “casa”. O Papa explicou que, muitas vezes, as falsas seguranças impedem de ir ao encontro de Cristo: “Para ir ter com Jesus e ser curado, Bartimeu precisa se expor a Ele em toda a sua vulnerabilidade. Este é o passo fundamental para qualquer caminho de cura.”
Olhar para o alto
Jesus faz, então, uma pergunta aparentemente óbvia: “Que queres que te faça?”. A resposta de Bartimeu, segundo o Pontífice, revela muito mais que um desejo de enxergar: ele usa o verbo anablepein, que pode ser traduzido como “ver de novo”, mas também como “levantar o olhar”, e completou:
“Bartimeu não quer apenas ver de novo, quer também redescobrir a sua dignidade! Para olhar para cima, é preciso levantar a cabeça. Por vezes, as pessoas estão bloqueadas porque a vida as humilhou e só querem redescobrir o seu próprio valor.”
A liberdade de seguir Jesus
“O que salva Bartimeu, e cada um de nós, é a fé. Jesus cura-nos para que nos tornemos livres”, destacou o Papa. Quando Jesus o cura, diz: “Vai, a tua fé te salvou”, ou seja, “Ele não convida Bartimeu a segui-lo, mas diz-lhe para ir, para retomar o caminho. No entanto, o evangelista Marcos conclui a história relatando que Bartimeu começou a seguir Jesus: escolheu livremente seguir aquele que é o Caminho!”
Ao concluir a catequese, o Santo Padre dirigiu-se aos fiéis com um apelo à oração: “Levemos com confiança diante de Jesus as nossas doenças e as dos nossos entes queridos, levemos a dor daqueles que se sentem perdidos e sem saída. Gritemos também por eles, e tenhamos a certeza de que o Senhor nos ouvirá e se deterá.”
Reportagem do vídeo acima de Danúbia Gleisser e Daniele Santos