Perdão e recomeço

Papa participa de encontro pela reconciliação da Colômbia

Francisco pediu que a Colômbia abra seu coração e deixe-se reconciliar. “Queridos colombianos, não tenhais medo de pedir e oferecer o perdão”, disse o Papa

André Cunha
Da redação

Numa liturgia rica em símbolos, o Papa Francisco participou nesta sexta-feira, 8, de um encontro para a Reconciliação Nacional, no Parque Las Malocas, na Colômbia. Cerca de 6 mil pessoas participaram do momento.

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.: Íntegra do discurso
.: Acompanhe a cobertura da visita do Papa à Colômbia

Francisco visita a Colômbia em um momento muito importante para a história do país, que em 2016 assinou um acordo de paz que pôs fim a 52 anos de um conflito que deixou 260 mil mortos, 45 desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.

Três discursos feitos por colombianos destacaram os percursos dos conflitos e suas consequências. Em um dos testemunhos, Juan Carlos Murcia falou dos dias em que passou a serviço das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC); ele deixou a organização após alguns anos.

“A guerra não termina com a violência, mas com a educação e com pessoas decididas a transformar a vida”, disse a jovem Deysi Sánchez Re, a segunda a testemunhar. 

Francisco se disse comovido com os testemunhos, que demonstraram, segundo ele, a força do perdão e do amor, que superam toda a violência. E agradeceu àqueles que contaram suas histórias de vida.

Encontro pela reconciliação é marcado por votos de amor e perdão ao povo colombiano / Foto: Reprodução CTV

“Obrigado a vocês, nossos irmãos, que compartilharam seu testemunho em nome de muitos outros. Como nos fez bem ouvir a história deles. Fiquei comovido com as histórias de sofrimento, mas que também são histórias de amor e perdão”, disse.

Sinal de paz

Após os testemunhos, o Papa Francisco convidou os fiéis para um gesto fraterno: “Em Cristo, que nos fez irmãos com a sua cruz, vamos trocar nosso sinal de paz”, disse aos presentes, que se cumprimentaram com abraços e apertos de mão em seguida.

No discurso, Francisco disse que desejou, desde o primeiro dia, esse encontro, apontando que os colombianos trazem no corpo as marcas da história de seu povo, “marcas de acontecimentos trágicos, mas também de gestos heroicos, de alto valor de fé e esperança”.

“Venho com respeito, como Moisés, pisando uma terra sagrada, regada com sangue de vítimas inocentes e a dor de suas famílias”, disse o Pontífice, destacando que toda violência contra um ser humano é uma ferida na carne da humanidade. “Cada ato violência nos diminui como pessoas”, afirmou.

O Santo Padre disse que sua visita à Colômbia acontece principalmente para que pudesse ouvir os colombianos, abraçá-los, chorar com eles, e se para que se perdoassem – “eu também devo pedir perdão”, acrescentou o Pontífice –  de modo que todos pudessem olhar em frente e avançar.

Por último, pediu que a Colômbia abra seu coração e deixe-se reconciliar. “Queridos colombianos, não tenhais medo de pedir e oferecer o perdão”, disse o Papa, convidando o povo colombiano a não colocar resistência à reconciliação. “É hora de cicatrizar as feridas, de lançar pontes e limar as diferenças”, apontou o Santo Padre que finalizou o discurso com uma oração aos pés de um Jesus crucificado e mutilado.

Neste sábado, 9, o Papa Francisco estará em Bogotá, onde celebrará uma Missa no Aeroporto Enrique Olaya Herrera de Medellín.

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