No encontro com os educadores e alunos na Sala Paulo VI, Francisco falou da importância da paz, trouxe exemplos e convidou os presentes a serem movidos pela compaixão, fazendo da paz, poesia
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Nesta segunda-feira, 28, o Papa Francisco encontrou-se com alunos e educadores na Sala Paulo VI no Vaticano. Na ocasião, falou aos presentes que se reuniram para atividades e formações para trilharem caminhos para uma educação à paz e ao cuidado. O encontro culminará com a Marcha Perugia-Assis em maio do próximo ano onde apresentarão os resultados dos trabalhos e propostas encontradas.
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Em seu discurso, o Pontífice recordou que Assis é hoje centro mundial de promoção da paz, graças a um jovem “despreocupado e rebelde” chamado Francisco que, deixando sua família e riqueza, seguiu Jesus e se casou com “Nossa Senhora da Pobreza”.
“Aquele jovem sonhador é ainda hoje fonte de inspiração no que diz respeito à paz, à fraternidade, ao amor aos pobres, à ecologia, à economia. Ao longo dos séculos, São Francisco fascinou muitas pessoas, assim como fascinou também a mim que, como Papa, quis levar o seu nome”.
O Santo Padre recordou que o programa educativo “Pela Paz e o cuidado” busca responder ao apelo do Pacto Educativo Global que há três anos fez aos que trabalham no campo da educação. A proposta é que se tornem promotores dos valores do cuidado, paz, justiça, bondade, beleza, aceitação do outro e fraternidade. o Pontífice expressou sua alegria por ver que não só as escolas, universidades e organizações católicas respondem ao apelo, mas também as instituições públicas, seculares e outras religiosas.
Modelos de fraternidade, paz e cuidado
Trazendo modelos de cuidado, Francisco recordou a passagem evangélica do Samaritano, que resgatou um estranho encontrado ferido no caminho. O Papa convidou os presentes a seguirem esse testemunho, seguindo o movimento da compaixão.
“Também em nosso tempo podemos encontrar testemunhos válidos de pessoas ou instituições que trabalham pela paz e cuidam dos necessitados. Pensemos, por exemplo, naqueles que receberam o Prêmio Nobel da Paz, mas também nos muitos desconhecidos que silenciosamente trabalham por esta causa”.
O Pontífice trouxe inicialmente a figura de São João XXIII, que publicou a encíclica Pacem in terris nos difíceis inícios da década de 1960. O contexto era marcado por fortes tensões como a construção do Muro de Berlim, a crise de Cuba, a Guerra Fria e a ameaça nuclear. “Foi um apelo que recebeu grande atenção no mundo, muito além da comunidade católica, porque havia captado uma necessidade de toda a humanidade, que ainda hoje é. É por isso que os convido a ler e estudar a Pacem in terris e a seguir este caminho para defender e difundir a paz”.
Trouxe também a imagem de Martin Luther King, Prêmio Nobel da Paz em 1964, que fez o discurso histórico no qual disse: “Eu tenho um sonho”. Em um contexto americano fortemente marcado pela discriminação racial, havia feito todos sonharem com a ideia de um mundo de justiça, liberdade e igualdade. Ele disse: “Eu tenho um sonho: que meus quatro filhos pequenos um dia vivam em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pela dignidade de sua pessoa”.
A JMJ como encontro de Paz
Francisco perguntou aos presentes na Sala Paulo VI sobre os sonhos de cada um para hoje e amanhã. “Encorajo-vos a sonhar grande, como João XXIII e Martin Luther King. E por isso convido-vos a participar na Jornada Mundial da Juventude no próximo ano, que celebraremos em Lisboa. Quem puder vir encontrará muitos outros meninos e meninas de todo o mundo, todos unidos pelo sonho da fraternidade baseada na fé no Deus que é Paz, Pai de Jesus Cristo e nosso Pai. E se você não puder vir fisicamente, ainda te convido a acompanhar e participar, porque agora, com os meios de hoje, isso é possível”.
Por fim, desejou que todos vivessem um bom caminho no tempo do Advento, feito de muitos pequenos gestos de paz, todos os dias. São gestos de acolhida, compreensão, proximidade e perdão, exemplificou o Papa. “Gestos feitos com o coração, caminhando rumo a Belém, rumo a Jesus que é o Rei da paz, aliás, que Ele mesmo é a paz”.
Ao concluir, o Santo Padre recordou parte de um poema que em seu escrito dizia “Quero agradecer… a Whitman e a Francisco de Assis que já escreveram este poema, pelo fato de este poema ser inesgotável e se confundir com a soma das criaturas e nunca chegará ao último verso e muda conforme os homens”. Com isso convidou-os a seguirem o poeta e continuarem a sua poesia acrescentando cada um o que lhe agrade. “Que cada um de vocês se torne um “poeta da paz”!