Santo Padre recebeu em audiência nesta segunda-feira, 25, na Sala Paulo VI, no Vaticano, os Missionários da Misericórdia
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência nesta segunda-feira, 25, na Sala Paulo VI, no Vaticano, os Missionários da Misericórdia.
Em seu discurso, o Pontífice disse que desejava reencontrá-los, porque confiou-lhes o ministério de “ser um instrumento eficaz da misericórdia de Deus”.
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“Vejo que a cada ano o número de Missionários da Misericórdia aumenta. Isto me dá alegria, pois significa que sua presença nas Igrejas particulares é considerada importante e qualificada”, frisou o Santo Padre.
Agradecimento ao arcebispo Fisichella
Francisco agradeceu ao presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, após sua saudação introdutória. Os Missionários da Misericórdia “foi sua invenção” porque “ele viu a necessidade de sua presença na Igreja” a fim de perdoar “sem passar por tantos procedimentos”, disse.
Na sequência, o Papa recordou o seguinte trecho de sua Constituição Apostólica Praedicate Evangelium: “A evangelização realiza-se em particular através do anúncio da misericórdia divina, de diversas formas e expressões. Para este fim, a ação específica dos Missionários da Misericórdia contribui de maneira especial”.
O Santo Padre manifestou a esperança de que os Missionários da Misericórdia “possam crescer cada vez mais”. Para isso, o Pontífice espera que os bispos “sejam capazes de identificar sacerdotes santos e misericordiosos, prontos a perdoar, para se tornarem verdadeiros Missionários da Misericórdia”.
Terceira encontro, após os de 2016 e 2018
Depois das reflexões dedicadas às figuras de Noé e do profeta Isaías, no centro dos encontros de 2016 e 2018, neste terceiro encontro, que deveria ter sido realizado em 2020, mas foi adiado por causa da pandemia, o Papa propôs como reflexão a figura de Rute, “mulher moabita que, apesar de ter vindo de um país estrangeiro, entrou plenamente na história da salvação. O livro dedicado a ela a apresenta como a bisavó de Davi, e o Evangelho de Mateus a menciona explicitamente entre os ancestrais de Jesus”.
Rute é uma jovem pobre de origem modesta. Fica viúva muito cedo e, além disso, vive num país estrangeiro que a considera uma intrusa e indigna de solidariedade. Rute dependia dos outros para tudo: antes do casamento dependia do pai e depois do casamento do marido. Como viúva, deveria ser protegida pelos filhos, mas não tinha nenhum. É marginalizada no povoado onde vive. Não tem apoio e nenhuma defesa.
“A sua vida está entre as piores que se possa imaginar e parece não ter futuro”, sublinhou o Papa. A única pessoa a quem Rute está ligada é sua sogra Noemi. Porém, a condição de Noemi não é das melhores: é viúva, perdeu seus dois filhos, é muito idosa para ter outros. Portanto, é destinada a morrer sem deixar descendência.
As duas mulheres partem para Belém, mas todos os dias Rute tinha que ir à procura de alimento para viver. Enquanto recolhe as espigas, Rute conhece Booz, um rico nobre que se mostra bem disposto para com ela. Ele reconhece que a generosidade de Rute para com sua sogra lhe confere a dignidade de ser uma parte plena do povo de Israel.
A mulher estrangeira e pobre, obrigada a procurar sua comida diária, é recompensada por sua fidelidade e bondade com uma abundância de dons. As palavras do Magnificat, que Maria pronuncia, são antecipadas na vida de Rute: “Ele levantou os humildes […] encheu de bens os famintos”.
Rute revela os traços da misericórdia
Segundo Francisco, pode-se tirar uma grande lição da atitude de Rute. Ela “não é filha de Abraão segundo o sangue, continua sendo uma moabita e sempre será chamada assim, mas sua fidelidade e generosidade permitem que ela entre no povo de Israel com todos os direitos. De fato, Deus não abandona quem se confia a Ele, mas vai ao seu encontro”, disse.
“Rute revela os traços da misericórdia quando não deixa Noemi sozinha, mas compartilha seu futuro com ela; quando não se contenta em ficar perto dela, mas com ela compartilha a fé e a experiência de fazer parte de um novo povo; quando tem a intenção de superar todos os obstáculos para permanecer fiel. O que recebemos é realmente o rosto da misericórdia que se manifesta com compaixão e partilha. A figura de Rute é um ícone de como podemos superar as várias formas de exclusão e marginalização que se escondem em nosso comportamento”.
Segundo o Papa, se meditarmos sobre os quatro capítulos que compõem o Livro de Rute, “descobriremos uma riqueza incrível. Essas poucas páginas trazem à tona a confiança no amor de Deus que alcança a todos. Além disso, revela que Deus conhece a beleza interior das pessoas mesmo que ainda não tenham a fé do povo escolhido. Ele está atento aos seus sentimentos, especialmente sua fidelidade, lealdade, generosidade e a esperança que habita no coração das pessoas quando são colocadas à prova. Em sua simplicidade, esta história revela uma surpreendente riqueza de significados. Ser generoso se manifesta como a escolha certa e corajosa que nunca deve faltar em nossa existência sacerdotal”.
Captar a presença de Deus na vida das pessoas
“Queridos Missionários da Misericórdia, no Livro de Rute Deus nunca fala. Descobrimos, no entanto, que Deus se comunica por meio de Rute”, disse ainda o Santo Padre.
O Pontífice prosseguiu: “Através desta figura, também nós somos convidados a captar a presença de Deus na vida das pessoas. O caminho percorrido é muitas vezes árduo, difícil, às vezes até cheio de tristeza. No entanto, Deus se põe neste caminho para revelar seu amor. Cabe a nós, com nosso ministério, dar voz a Deus e mostrar o rosto de sua misericórdia. Nunca nos esqueçamos de que Ele não age na vida cotidiana das pessoas por meio de ações extraordinárias, mas de forma silenciosa, discreta, simples, tanto que se manifesta através das pessoas que se tornam o sacramento de sua presença. Vocês são um sacramento da presença de Deus”.
Missionários da Misericórdia no Brasil
Os Missionários da Misericórdia no Brasil são 27. Estiveram presentes 12 no encontro com o Papa esta manhã. Alguns não puderam vir por causa ainda da pandemia ou das atividades de retomada pós pandemia.