Aos participantes do evento “Minerva Dialogues”, Papa ressaltou que a dignidade humana deve ser critério-chave para avaliar as tecnologias emergentes
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco recebeu em audiência nesta segunda-feira, 27, os participantes do encontro “Minerva Dialogues”, promovido pelo departamento vaticano para a Cultura e a Educação. O discurso de Francisco abordou os benefícios da ciência e da tecnologia, mas ressaltando a necessidade de ética e responsabilidade.
A tecnologia é de grande ajuda para a humanidade, pontuou o Papa. A observação feita por ele na audiência foi para que a dignidade intrínseca de cada homem e de cada mulher seja o critério-chave na avaliação das tecnologias emergentes. Segundo o Papa, o trabalho deste evento promovido pelo departamento vaticano testemunha o empenho em garantir um confronto sério em nível global sobre o compromisso responsável destas tecnologias.
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“Considero que o desenvolvimento da inteligência artificial e da aprendizagem da máquina tem o potencial de dar uma contribuição benéfica para o futuro da humanidade, não podemos descartá-lo. Estou certo, entretanto, de que este potencial só será realizado se houver uma vontade coerente por parte daqueles que desenvolvem as tecnologias para agir de forma ética e responsável.”
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Tecnologias digitais e a desigualdade no mundo
Francisco expressou sua preocupação diante de levantamentos que sugerem que as tecnologias digitais têm servido para aumentar as desigualdades no mundo. E não se trata somente de riqueza material, mas também do acesso à influência política e social.
“Perguntamos: nossas instituições nacionais e internacionais são capazes de responsabilizar as empresas de tecnologia pelo impacto social e cultural de seus produtos? Existe o risco de que a crescente desigualdade possa comprometer nosso senso de solidariedade humana e social? Poderíamos perder nosso senso de destino compartilhado? Na realidade, nosso objetivo é que o crescimento da inovação científica e tecnológica seja acompanhado por uma maior igualdade e inclusão social.”
O Papa lembrou ainda que o conceito de dignidade humana exige reconhecer e respeitar o fato de que o valor fundamental de uma pessoa não pode ser mensurado por um complexo de dados. “Não podemos permitir que os algoritmos limitem ou condicionem o respeito pela dignidade humana, nem que excluam a compaixão, a misericórdia, o perdão e, sobretudo, a abertura à esperança de uma mudança da pessoa”.
Concluindo o discurso, Francisco reafirmou a convicção de que somente formas verdadeiramente inclusivas de diálogo podem permitir discernir sabiamente como colocar a inteligência artificial e as tecnologias digitais a serviço da família humana.