Penitenciaria apostólica

Papa Francisco: a misericórdia é a missão da Igreja

Na Sala Paulo VI, Francisco encontra os participantes do Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco se reúne com participantes do curso anual do Fórum Interno organizado pela Penitenciária Apostólica na Sala Paulo VI do Vaticano. Foto: Guglielmo Mangiapane – REUTERS

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira, 23, na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de quinhentos participantes do 33° Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica.

Em seu discurso, o Pontífice recordou que “há mais de três décadas, a Penitenciaria Apostólica oferece este importante e valioso momento de formação, para contribuir na preparação de bons confessores, plenamente conscientes da importância do ministério a serviço dos penitentes”.

O Papa os encorajou “a prosseguir neste compromisso formativo, que tanto bem faz à Igreja, pois ajuda a circular em suas veias a seiva da misericórdia”.

Misericórdia e a vocação missionária da Igreja

Segundo Francisco existe, portanto, um vínculo inseparável entre a vocação missionária da Igreja e a oferta de misericórdia a todos os homens. 

“Vivendo da misericórdia e oferecendo-a a todos, a Igreja se realiza e cumpre sua ação apostólica e missionária. Quase poderíamos dizer que a misericórdia está incluída nas ‘notas’ características da Igreja, em particular faz resplandecer a santidade e a apostolicidade.”

O Papa afirmou que desde sempre, a Igreja, com estilos diferentes nas várias épocas, expressou esta “identidade de misericórdia”, dirigida tanto ao corpo quanto à alma, desejando, com seu Senhor, a salvação integral da pessoa.

“A obra da misericórdia divina coincide assim com a própria ação missionária da Igreja, com a evangelização, porque nela resplandece o rosto de Deus como Jesus nos mostrou”, sublinhou Francisco.

Segundo o Papa, “não é possível, sobretudo neste tempo da Quaresma, deixar de dar atenção ao exercício da caridade pastoral, que se expressa de modo concreto e iminente na plena disponibilidade dos sacerdotes ao exercício do ministério da reconciliação”.

O silêncio

Em seguida, Francisco convidou “a pensar em Jesus, que escolhe ficar em silêncio diante da mulher adúltera, para salvá-la da condenação à morte”.

Assim também o sacerdote no confessionário deve amar o silêncio, ser magnânimo de coração, sabendo que cada penitente o recorda a sua própria condição pessoal: ser pecador e ministro da misericórdia.

Esta consciência fará com que os confessionários não fiquem abandonados e que não falte a disponibilidade dos sacerdotes. A missão evangelizadora da Igreja passa em grande parte pela redescoberta do dom da Confissão, também em vista do iminente Jubileu de 2025.

Segundo o Papa, “nos planos pastorais das Igrejas particulares, nunca deve faltar espaço para o serviço da Reconciliação sacramental”:

“Se a misericórdia é a missão da Igreja, devemos facilitar ao máximo o acesso dos fiéis a este ‘encontro de amor’, cuidando dele desde a primeira Confissão das crianças e estendendo esta atenção aos lugares de cuidado e sofrimento”, sublinhou.

Multiplicar os focos de misericórdia

Para o Papa, quando já não se pode fazer muito para curar o corpo, muito se pode e deve sempre ser feito para a saúde da alma. “Neste sentido, a Confissão individual é o caminho privilegiado a percorrer, porque favorece o encontro pessoal com a Divina Misericórdia, que todo coração arrependido espera.” 

Na Confissão individual, Francisco explicou que Deus quer acariciar pessoalmente, com a sua misericórdia, cada pecador. “O Pastor, só Ele, conhece e ama as ovelhas uma por uma, especialmente as mais frágeis e feridas. As celebrações comunitárias devem ser valorizadas em algumas ocasiões, sem renunciar às Confissões individuais como forma ordinária de celebrar o sacramento.”

No mundo, infelizmente vemos isso todos os dias, ressalta o Pontífice, pois não faltam focos de ódio e vingança. “Nós, confessores, devemos então multiplicar os ‘focos da misericórdia’. Jesus nos ensinou que nunca devemos dialogar com o diabo: Nunca! À tentação no deserto Ele respondeu com a Palavra de Deus, mas não entrou em diálogo”.

Nunca dialogar com o mal

O Papa disse que é preciso ter cuidado no confessionário, nunca dialogar com o mal, nunca: “É preciso dar o perdão e abrir alguma porta para que a pessoa possa ir adiante; mas dar um de psiquiatra, por favor, de psicanalista: não, nunca entrar nessas coisas,” e continuou:

“Se alguém de vocês tem esta vocação, deve exercê-la em outro lugar, não no tribunal da penitência. Este é um diálogo que não cabe a um momento de misericórdia.”

O Papa encerrou dizendo que acompanha a Penitenciaria Apostólica na oração e agradecendo “pelo trabalho que realiza incansavelmente em favor do Sacramento do Perdão.”

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