América Latina

Papa pede que bispos venezuelanos 'construam pontes' para paz

Francisco ainda afirmou que acompanha os casos em que religiosos “suportaram ataques pessoais e atos violentos em suas igrejas”

Ansa

O Papa Francisco enviou uma carta para a Conferência Episcopal Venezuelana onde pede que os religiosos e o povo venezuelano não percam a esperança por um futuro melhor e mostra proximidade à dramática situação de crise do país.

“Queridos irmãos, desejo animá-los para que não permitam que os amados filhos da Venezuela se deixem vencer pela desconfiança e pelo desespero, pois esses são males que penetram no coração das pessoas quando elas não veem perspectivas de futuro”, disse na carta.

O documento foi enviado no dia 5 de maio, mas foi tornado público apenas nesta segunda-feira, 8, e faz parte de uma série de apelos feitos por Jorge Mario Bergoglio para que governo e oposição negociem uma saída pacífica para a crise político-econômica da nação.

“Vos asseguro que estou seguindo com grande preocupação a situação do querido povo venezuelano perante os graves problemas que o atingem e sinto uma profunda dor pelos enfrentamentos e pela violência desses dias, que causaram numerosos mortos e feridos, o que não ajuda a solucionar os problemas, mas que causam unicamente mais sofrimento e dor”, escreveu o líder católico aos bispos.

A fala referia-se às mais de 30 mortes registradas durante os protestos contra o presidente Nicolás Maduro.

Francisco ainda afirmou que acompanha os casos em que religiosos “suportaram ataques pessoais e atos violentos em suas igrejas”. Além disso, afirmou acompanhar aqueles “que sofrem pela falta de alimentos e medicamentos” e agradeceu a postura da igreja venezuelana de ajudar a todos e “especialmente, os mais pobres e necessitados”.
Sobre os conflitos entre líderes políticos do governo Maduro e da oposição, o Pontífice voltou a cobrar um comprometimento para alcançar a paz. O Vaticano chegou a intermediar negociações entre os dois lados, mas as conversas fracassaram no fim do ano passado após os opositores acusarem Maduro de não cumprir com acordos firmados.

“Com tudo isso, agradeço seu contínuo chamamento para evitar qualquer forma de violência, a respeitar os direitos dos cidadãos e a defender e promover a dignidade humana e os direitos fundamentais, pois, igual a vocês, estou convencido de que os graves problemas da Venezuela só podem ser solucionados se houver vontade para construir pontes, dialogar seriamente e de cumprir os acordos alcançados”, disse ainda Francisco.
Aos bispos, o Papa pediu para que sigam “fazendo todo o necessário para que este caminho se torne possível”.

Essa é a segunda vez que o sucessor de Bento XVI faz um apelo para a paz na Venezuela em menos de um mês. Durante a viagem de volta do Egito para a Itália, na tradicional conversa com jornalistas, Francisco disse que o Vaticano poderia tentar uma nova negociação de paz no país se “as condições estiverem muito claras”.

O Pontífice, nos últimos quatro anos, teve papel fundamental alguns acordos de paz que foram finalizados, como a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos e o acordo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo de Juan Manuel Santos.

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