Em sua viagem ao Bahrein, Papa Francisco se reuniu com o Conselho Muçulmano de Anciãos, reforçando sua mensagem de diálogo, fraternidade e paz
Jéssica Marçal
Da Redação
Em seu segundo dia de viagem ao Bahrein, no Golfo Pérsico, o Papa Francisco segue levando uma mensagem de diálogo, paz e fraternidade. Nesta sexta-feira, 4, falou ao Conselho Muçulmano de Anciãos na Mesquita do Sakhir Royal Palace, na cidade de Awali, no Bahrein.
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Francisco saudou todos os presentes com votos de paz, lembrando que Deus é Fonte de Paz, nunca conduz à guerra, nunca incita ao ódio e nunca apoia a violência. “E nós, que cremos n’Ele, somos chamados a promover a paz através de instrumentos de paz, como o encontro, pacientes negociações e o diálogo, que é o oxigênio da convivência comum”.
A paz não pode ser apenas proclamada, ressaltou o Papa em seu discurso, mas deve ser enraizada. E para isso, é preciso remover as desigualdades e discriminações, que geram instabilidade e hostilidade. O Papa agradeceu pelo empenho dos presentes nesse sentido, bem como pelo acolhimento que recebeu no Bahrein. Ele citou, em especial, como ficou impressionado com um gesto tradicional do país: o de acolher um hóspede não só com um aperto de mão, mas levando a mão ao coração, em sinal de afeto.
Oração e fraternidade: armas humildes e eficazes
Francisco também pontuou, em sua fala, a necessidade de superar preconceitos e incompreensões em nome d’Aquele que é Fonte de Paz. Um trabalho que cabe, em especial, aos guias religiosos. “À vista duma humanidade sempre mais ferida e dilacerada que, sob o vestido da globalização, respira com dificuldade e a medo, os grandes credos devem ser o coração que une os membros do corpo, a alma que dá esperança e vida às aspirações mais altas”.
Todo o mal do mundo está radicado na rejeição de Deus e do irmão, considerou Francisco. São males que derivam do afastamento de Deus e do próximo. Nesse cenário, os líderes religiosos têm a tarefa imprescindível de ajudar a reencontrar as fontes de vida esquecidas.
“Como? Os nossos meios são essencialmente dois: a oração e a fraternidade. Estas são as nossas armas, humildes e eficazes. Não devemos deixar-nos tentar por outros instrumentos, por atalhos indignos do Altíssimo, cujo nome de Paz é insultado por quantos creem nas razões da força, alimentam a violência, a guerra e o mercado das armas, «o comércio da morte» que, através de somas astronômicas de dinheiro, está a transformar a nossa casa comum num grande arsenal.”
Diante dos cenários trágicos, é preciso lembrar que Deus e o próximo vêm antes de tudo e só a transcendência e a fraternidade salvam, frisou. “Cabe a nós desenterrar estas fontes de vida; caso contrário, o deserto da humanidade será cada vez mais árido e mortífero”, alertou.
Na conclusão do discurso, o desejo do Papa de seguir em um caminho conjunto, com apoio recíproco ao anunciar o Deus que dá paz à vida e a paz que dá vida aos homens. “Seremos abençoados pelo Altíssimo e pelas criaturas mais pequeninas e frágeis que são as preferidas d’Ele: os pobres, as crianças e os jovens, que, depois de tantas noites tenebrosas, aguardam o surgir duma alvorada de luz e de paz”.