Na solenidade de hoje, Papa convida os fiéis a se inspirarem nos apóstolos para crescer como Igreja do seguimento, humilde e aberta
Da Redação, com Vatican News
Seguimento e anúncio: estas foram as duas palavras ressaltadas pelo Papa na homilia da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, nesta quinta-feira, 29. No Brasil, a data foi transferida para o próximo domingo, 2 de julho.
Na Basílica de São Pedro, concelebraram com o Pontífice os 32 arcebispos nomeados no ano passado. Entre eles, há quatro lusófonos: três brasileiros e um moçambicano: Dom José Carlos Souza Campos, de Montes Claros (MG); Dom Juarez Sousa da Silva, de Teresina (PI); Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, de Olinda e Recife (PE); e Dom João Carlos Hatoa Nunes, de Maputo. Na celebração, o Papa abençoou os pálios, que depois serão impostos pelo Núncio na arquidiocese, junto à comunidade local.
Na Basílica, como é tradição, também estava presente uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. A Santa Sé retribui o gesto fraterno, enviando um representante na Festa de Santo André, em 30 de novembro, padroeiro da Igreja local.
Pedro: prontidão para seguir Jesus
Na homilia, Francisco se inspirou na pergunta que Jesus dirige aos discípulos, contida no Evangelho de Mateus: “Vós, quem dizeis que Eu sou?” (Mt 16, 15). Para o Pontífice, esta é a pergunta fundamental, a mais importante: “Quem é Jesus para mim?”.
A resposta de Pedro pode ser resumida em uma palavra: “seguimento”. Pedro largou tudo para ir atrás do Senhor. E o Evangelho sublinha que foi “imediatamente”, não disse a Jesus que iria pensar, fazer cálculos para ver se lhe convinha, não apresentou desculpas para adiar a decisão, mas deixou as redes e O seguiu.
Segundo Francisco, esse “imediatamente” vale também para os fiéis de hoje: se há tantas coisas na vida que se pode adiar, o seguimento de Jesus não pode ser uma delas. “Nisto não se pode hesitar, nem apresentar desculpas. E atenção! Pois algumas desculpas aparecem disfarçadas de espiritualidade, como quando se diz ‘não sou digno’, ‘não sou capaz’, ‘que posso fazer eu?’. Trata-se de artimanhas do diabo, que nos rouba a confiança na graça de Deus, fazendo-nos crer que tudo depende das nossas capacidades.”
Paulo: anúncio
Já a resposta de Paulo se resume na palavra “anúncio”. No caminho de Damasco, Jesus foi ao seu encontro e cegou-o com a sua luz, ou melhor, graças àquela luz, Saulo deu-se conta de quanto era cego. Assim, consagra a sua vida a percorrer terra e mar, cidades e aldeias, para anunciar Jesus Cristo.
Portanto, à pergunta “quem é Jesus para mim”, Paulo não responde com uma religiosidade intimista, mas com a inquietação de levar o Evangelho aos outros. Também hoje, observou o Papa, a Igreja tem necessidade de colocar o anúncio no centro, que não se cansa de repetir: “Ai de mim se eu não evangelizar”. Uma Igreja que precisa anunciar como necessita de oxigênio para respirar.
“O Apóstolo ensina que tanto mais crescemos na fé e no conhecimento do mistério de Cristo, quanto mais formos seus arautos e testemunhas. E isto acontece sempre: quando evangelizamos, ficamos evangelizados. É experiência de todos os dias: quando evangelizamos, ficamos evangelizados.”
Francisco exortou os fiéis a se inspirarem nos Apóstolos Pedro e Paulo para crescer como Igreja do seguimento e como Igreja humilde que nunca dá por terminada a busca do Senhor. E assim, tornar-se simultaneamente uma Igreja aberta, que encontra a sua alegria não nas coisas do mundo, mas no anúncio do Evangelho ao mundo.
Palavra aos arcebispos e ao Patriarcado Ecumênico
Dirigindo-se aos Arcebispos que recebem o Pálio, Francisco pediu que eles sejam apóstolos como Pedro e Paulo, discípulos no seguimento e apóstolos no anúncio.
Por fim, o Pontífice saudou a Delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, enviada por Bartolomeu. “Obrigado pela presença! Caminhemos juntos, no seguimento e no anúncio da Palavra, crescendo na fraternidade. Que Pedro e Paulo nos acompanhem e intercedam por nós.”