Homilia

Papa na celebração da penitência: perdão divino restitui paz ao coração

Na celebração da penitência, Papa fez uma reflexão sobre o sentido profundo do sacramento da reconciliação; ao final da celebração, o Ato de Consagração

Jéssica Marçal
Da Redação

Papa Francisco durante celebração penitencial no Vaticano / Foto: REUTERS/Remo Casilli

Um forte momento de oração com foco na misericórdia e no pedido de paz para o mundo. Assim foi a celebração penitencial com o Papa Francisco, momento em que o Santo Padre renovou a consagração da humanidade, em especial da Rússia e da Ucrânia – nações em guerra – ao Imaculado Coração de Maria. A celebração foi nesta sexta-feira, 25, na Basílica de São Pedro.

Já tradicional no período da Quaresma, a celebração da penitência se insere na iniciativa “24 horas para o Senhor”, um momento para aproximar-se do sacramento da Reconciliação em preparação à Páscoa. O próprio Papa Francisco se confessou na celebração, antes de atender alguns fiéis em confissão na Basílica de São Pedro.

Confissão, sacramento da alegria

A homilia foi inspirada na palavra do Anjo Gabriel a Maria, narradas no Evangelho do dia, Solenidade da Anunciação. O grande júbilo para Maria era que Deus estava com ela – como mostra o primeiro anúncio do anjo. Isso acontece também hoje com os fiéis que se abrem ao perdão de Deus, observou o Papa.

Francisco fez uma profunda reflexão sobre o sentido do sacramento da Reconciliação. Este é, na verdade, o sacramento da alegria, e consiste, antes de tudo, o abraço de Deus que envolve, deslumbra, comove. “Não negligenciemos a Reconciliação, mas voltemos a descobri-la como o sacramento da alegria. Sim, o sacramento da alegria, onde o mal que nos faz envergonhar se torna ocasião para experimentar o abraço caloroso do Pai, a força suave de Jesus que nos cura, a «ternura materna» do Espírito Santo. Aqui está o coração da Confissão”.

Neste ponto, uma mensagem aos que administram o perdão de Deus: precisam oferecer a alegria deste anúncio – a presença de Deus – sem rigidez, sem obstáculos, mas de portas abertas à misericórdia.

“Não temas”: Deus conhece as fraquezas

Celebração foi realizada na Basílica Vaticana / Foto: Joyce Silveira

Refletindo sobre a segunda fala do Anjo a Maria – “Não temas” – o Papa convidou os fiéis a não terem medo de buscar a confissão. “Deus conhece as tuas fraquezas e é maior que as tuas falhas. Só te pede uma coisa: as tuas fragilidades, as tuas misérias, não as guardes dentro de ti; leva-as a Ele, entrega-as a Ele e, de motivo de desolação, tornar-se-ão oportunidade de ressurreição. Não temas!”.

Nessa caminhada, os fiéis podem contar com a Virgem Maria, lembrou o Pontífice, aquela que confiou naquele “não temas”, na garantia de Deus. Tal confiança é preponderante em especial no cenário atual de guerra, que causa sofrimento e medo, destacou o Papa. “Precisamos de ouvir dizer-nos: ‘não temas’. Mas não bastam as garantias humanas, é necessária a presença de Deus, a certeza do perdão divino, o único que apaga o mal, desativa o rancor, restitui a paz ao coração. Voltemos a Deus, ao seu perdão”.

A força do Espírito Santo

Na terceira vez que se dirige a Nossa Senhora, o Anjo diz: “O Espírito Santo virá sobre Ti”. Papa Francisco lembrou que é assim que Deus intervém na história: dando o seu próprio Espírito. E isso porque nas coisas que contam, não bastam as forças humanas. “Pedimos tantas coisas ao Senhor, mas muitas vezes esquecemo-nos de Lhe pedir o que é mais importante e que Ele nos deseja dar: o Espírito Santo, a força para amar.”

Para que o mundo mude, o primeiro passo a mudar é o coração, pontuou Francisco, e para isso é preciso deixar que “Nossa Senhora nos leve pela mão”. Unido aos bispos e fiéis de todo o mundo, Francisco destacou seu desejo de renovar a consagração da Igreja e da humanidade inteira, em especial do povo ucraniano e do povo russo. Um gesto com significado profundo. “Não se trata duma fórmula mágica, mas dum ato espiritual. É o gesto da entrega plena dos filhos que, na tribulação desta guerra cruel e insensata que ameaça o mundo, recorrem à Mãe, lançando no seu Coração medo e sofrimento, entregando-se-Lhe a si mesmos.”

Na conclusão da homilia, o Papa destacou a resposta de Maria ao anúncio do Anjo: “Faça-se em Mim segundo a tua palavra”. Esta é a participação mais íntima no plano de Deus de paz para o mundo e a consagração a Maria é para entrar neste plano.

“A Mãe de Deus, depois de ter dito o seu sim, empreendeu uma longa viagem subindo até uma região montanhosa para visitar a prima grávida (…) Hoje que Ela tome pela mão o nosso caminho e o guie, através das veredas íngremes e cansativas da fraternidade e do diálogo, pela senda da paz”.

Ato de Consagração 

Ao final da celebração, o Papa renovou a consagração da humanidade, em especial da Rússia e da Ucrânia, ao Imaculado Coração de Maria. Leia aqui a oração feita pelo Santo Padre. Simultaneamente, o mesmo ato foi realizado na Capelinha das Aparições em Fátima, em celebração presidida pelo esmoleiro pontifício, Cardeal Konrad Krajewski. 

Bispos de todo o mundo foram convidados a participar. No Brasil, as diversas dioceses e arquidioceses se uniram ao Papa, organizando celebrações locais. 

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