Papa recebeu, nesta quinta-feira, 26, no Vaticano, os participantes da 1ª Assembleia Geral da Rede Internacional da Vida Consagrada
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira, 26, na Sala do Consistório, no Vaticano, cento e vinte participantes da 1ª Assembleia Geral de Talitha Kum, Rede Internacional da Vida Consagrada contra o tráfico de pessoas. Este ano, Talitha Kum completa dez anos de fundação. Nasceu, em 2009, de uma intuição missionária da União Internacional das Superioras Gerais (UISG).
Depois de agradecer a saudação da coordenadora internacional da rede Talitha Kum, Irmã Gabriella Bottani, e da presidente da UISG, Irmã Jolanda Kafka, Francisco disse: “Em apenas dez anos, chegou a coordenar 52 redes de religiosas presentes em mais de 90 países em todos os continentes. Os números de seu serviço falam claro: dois mil agentes, mais de quinze mil vítimas do tráfico ajudadas e mais de duzentas mil pessoas alcançadas com atividades de prevenção e conscientização”.
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O Santo Padre agradeceu o organismo pelo trabalho importante que realiza nesse âmbito tão complexo e dramático. “Uma obra que une a missão e a colaboração entre os Institutos. Vocês escolheram estar na linha de frente. Por isso, as numerosas congregações que trabalharam e continuam trabalhando como ‘vanguardas’ da ação missionária da Igreja contra a chaga do tráfico de pessoas, merecem reconhecimento. Trabalhar juntas é um exemplo para toda a Igreja, também para nós: homens, sacerdotes e bispos. É um exemplo!”.
A primeira Assembleia Geral de Talitha Kum tem como objetivo a avaliação do caminho percorrido e a identificação das prioridades missionárias para os próximos cinco anos. “Vocês decidiram discutir duas questões principais relacionadas ao fenômeno do tráfico nas várias sessões de trabalho”, recordou Francisco. A primeira questão em discussão seria as grandes diferenças que ainda marcam a condição das mulheres no mundo, as quais derivam principalmente de fatores socioculturais. A segunda questão seria os limites do modelo de desenvolvimento neoliberal que, com a sua visão individualista, corre o risco de desresponsabilizar o Estado.
Trata-se de desafios complexos e urgentes que exigem respostas adequadas e eficazes, sublinhou o Pontífice. “Sei que em sua assembleia vocês se comprometem a encontrar soluções, evidenciando os recursos necessários para realizá-las. Aprecio esse trabalho de planejamento pastoral em vista de uma assistência mais qualificada e profícua às Igrejas locais”, destacou.
O Santo Padre recordou que a Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral publicou recentemente as “Orientações Pastorais sobre o Tráfico de Pessoas”, um documento que, de acordo com o Papa, explícita a complexidade dos desafios de hoje e oferece indicações claras para todos os agentes pastorais que desejam engajar-se nesse âmbito.
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Francisco incentivou todos os institutos femininos de vida consagrada que apoiaram o compromisso de suas religiosas na luta contra o tráfico e na assistência às vítimas. Encorajou os institutos femininos a prosseguirem nesse compromisso e fez um apelo também a outras congregações religiosas femininas e masculinas, para que se unam a essa obra missionária, disponibilizando pessoas e recursos a fim de alcançar todos os lugares.
“Espero que se multipliquem as fundações e os benfeitores que garantem o seu apoio generoso e desinteressado às suas atividades. Nesse convite a outras congregações religiosas, também penso nos problemas que muitas congregações religiosas têm, e talvez algumas possam dizer, tanto femininas quanto masculinas: ‘Temos tantos problemas para resolver dentro, não podemos …’. Diga-lhes que o Papa disse que os problemas ‘internos’ são resolvidos saindo para a rua. Que entre ar fresco”, suscitou.
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Considerando a extensão dos desafios colocados pelo tráfico de pessoas, o Pontífice exortou a promoção de um compromisso sinérgico por parte das diferentes realidades eclesiais: “Se por um lado a responsabilidade pastoral é confiada essencialmente às Igrejas locais e aos Ordinários, por outro, deseja-se que eles saibam envolver no planejamento e na ação pastoral as congregações religiosas femininas e masculinas, e as organizações católicas presentes em seus territórios, a fim de tornar mais rápida e eficaz a obra da Igreja”.
Segundo o Papa, na luta contra o tráfico de pessoas, as congregações religiosas estão realizando de modo exemplar a sua tarefa de animação carismática das Igrejas locais. “Suas intuições e iniciativas pastorais traçaram o caminho de uma resposta eclesial urgente e eficaz. É o caminho que o Espírito Santo fez: Ele é o autor da desordem na Igreja com muitos carismas e, ao mesmo tempo, é o autor da harmonia na Igreja. Este é um caminho de riqueza. Isso é estar na Igreja, com os dons do Espírito Santo: é a liberdade do Espírito”, afirmou o Santo Padre, que concluiu: “Nunca terminem o dia sem pensar no olhar de uma das vítimas que vocês conheceram. Esta será uma oração bonita”.