O trabalho conjunto pela paz foi um dos destaques do discurso do Papa ao Patriarcado Ecumênico de Constantinopla nesta sexta-feira
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira, 30, membros da delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. Tradicionalmente, eles visitam Roma por ocasião da festa dos santos Pedro e Paulo, celebrada ontem.
Francisco agradeceu pela visita e recordou o êxito da 15ª sessão plenária da Comissão mista internacional para o diálogo teológico entre a Igreja católica e a Igreja ortodoxa. Este foi um evento realizado recentemente em Alexandria, no Egito, e debateu como se desenvolveu no Oriente e no Ocidente a relação entre sinodalidade e primazia no segundo milênio. Segundo o Papa, hoje o chamado é a procurar uma modalidade de exercício do primado que, no contexto da sinodalidade, esteja a serviço da comunhão da Igreja em nível universal.
Neste ponto, o Santo Padre lembrou que a unidade plena será dom do Espírito Santo e n’Ele deve ser buscada. “Somos chamados a ter o seu olhar e, portanto, a pedi-lo com insistência como dom. Rezemos incansavelmente ao Espírito, invoquemo-lo uns pelos outros! E partilhemos fraternalmente o que levamos no coração: dores e alegrias, dificuldades e esperanças.”
A união pela paz
O encontro de hoje também leva a partilhar algumas preocupações, ressaltou o Pontífice. E uma delas é a paz, especialmente na martirizada Ucrânia. Francisco lembrou que o conflito deixa evidente que toda guerra é só desastre: para os povos, para as famílias, crianças, idosos, pessoas obrigadas a deixarem seu país e também para a criação.
“Como discípulos de Cristo, não podemos nos resignar à guerra, mas temos o dever de trabalhar juntos pela paz. A trágica realidade desta guerra que parece não ter fim exige de todos um comum esforço criativo para imaginar e realizar percursos de paz, para uma paz justa e estável”.
Mas a paz não é algo que se pode alcançar sozinho, ressaltou o Santo Padre. Primeiramente, é um dom do Senhor, mas requer uma atitude de correspondência da parte humana. “Neste sentido, o Evangelho nos mostra que a paz não vem da mera ausência de guerra, mas nasce do coração do homem”.
Francisco encerrou seu discurso renovando sua gratidão e oração pelo patriarcado ecumênico. “Peço ao Senhor que, pela intercessão dos santos Pedro e Paulo e de Santo André, irmão de Pedro, este nosso encontro possa ser mais um passo no caminho rumo a uma unidade visível na fé e no amor”.
Sobre a visita do Patriarcado
Já é tradicional a troca de delegações pelas respectivas festas dos santos patronos: em 29 de junho em Roma, para a celebração dos santos Pedro e Paulo; em 30 de novembro em Istambul, para a celebração de Santo André.
A delegação do patriarcado chegou a Roma no dia 27, guiada pelo Metropolita de Pisidia Job, copresidente da comissão mista internacional para o diálogo teológico entre a Igreja católica e a Igreja ortodoxa. Acompanharam-no o bispo de Nazianzus, Athenagoras, e o diácono patriarcal, Kallinikos Chasapis.
Ontem, a delegação assistiu à solene celebração eucarística presidida pelo Santo Padre e se reuniu com o dicastério para a promoção da Unidade dos Cristãos. Hoje, foi recebida pelo Papa Francisco em audiência.