Francisco falou na manhã desta quinta-feira, 13, aos participantes do congresso sobre a “Teologia da ternura no Papa Francisco”
Da redação, com Vatican News
O Papa recebeu em audiência, nesta quinta-feira, 13, na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do congresso sobre a “Teologia da ternura no Papa Francisco”. Ao falar da expressão teologia da ternura, o Santo Padre ressaltou que teologia e ternura parecem duas palavras distantes. “A primeira, recorda o âmbito acadêmico, e a segunda, as relações interpessoais. Na realidade, a nossa fé liga esses dois termos de forma indissolúvel”, afirmou.
Segundo o Papa, a teologia não pode ser abstrata, pois nasce de um conhecimento existencial, nasce do encontro com o Verbo que se fez carne. “A teologia é chamada a comunicar a concretude do Deus amor e a ternura é um existencial concreto bom para traduzir em nossos tempos o afeto que o Senhor sente por nós”, explicou.
Para Francisco, a teologia não pode ignorar que em muitas partes do mundo a abordagem de questões vitais não começa mais com as questões últimas ou exigências sociais, mas com o que a pessoa sente emocionalmente. “A teologia é chamada a acompanhar essa busca existencial, contribuindo com a luz que vem da Palavra de Deus”, comentou. Segundo o Pontífice são dois os conteúdos da teologia da ternura: a beleza de sentir-se amado por Deus e a beleza de amar em nome de Deus.
“Sentir-se amado é uma mensagem que recebemos muitas vezes nos últimos tempos: do Sagrado Coração, de Jesus misericordioso, da misericórdia como propriedade essencial da Trindade e da vida cristã. A ternura indica o nosso modo de acolher hoje a misericórdia divina. Ela nos revela, junto ao rosto paterno, o rosto materno de Deus, de um Deus apaixonado pelo ser humano, que nos ama com um amor que é infinitamente maior do que o amor de uma mãe pelo seu filho”, indicou o Santo Padre.
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Francisco apontou a ternura como uma palavra benéfica, como o antídoto contra o medo de Deus, pois no amor não há medo e a confiança vence o medo. “Sentir-se amado significa aprender a confiar em Deus e a dizer-lhe: ‘Jesus, confio em você’”, afirmou. Essas e outras reflexões podem, de acordo com o Santo Padre, dar à Igreja uma teologia saborosa, que ajude o cristão a viver uma fé consciente, cheia de amor e esperança, e a dobrar os joelhos pelo amor divino.
Nesse sentido, o Pontífice explicou que a ternura se refere à paixão. “A Cruz é o sigilo da ternura divina que se busca nas chagas do Senhor. A sua paixão nos convida a transformar o nosso coração de pedra num coração de carne, a apaixonarmo-nos por Deus, contou. O Papa ressaltou que quando uma pessoa se sente realmente amada, é levada também a amar.
“Se Deus é ternura infinita, o ser humano, criado à sua imagem, é também capaz de ternura. A ternura é o primeiro passo para superar o fechamento de si mesmo e sair do egocentrismo que deturpa a liberdade humana. A ternura de Deus nos leva a entender que o amor é o sentido da vida”, frisou Francisco.
O Santo Padre prosseguiu afirmando que todos são chamados a derramar no mundo o amor recebido do Senhor, a vivê-lo na Igreja, na família e na sociedade: “Essas breves pistas apontam para uma teologia a caminho, uma teologia que sai da constrição na qual às vezes é confinada e com dinamismo se volta para Deus, tomando o ser humano pela mão. Uma teologia não narcisista, mas voltada para o serviço da comunidade. Uma teologia que não se contenta em repetir os paradigmas do passado, mas seja a Palavra encarnada”.