Homilia

Papa: conhece a doutrina cristã quem conhece a ternura de Deus

Na Missa de hoje, Papa falou da ternura de Deus que vai atrás da ovelha perdida; segundo ele, todos têm um quê de ovelha perdida

Da Redação, com Rádio Vaticano

Francisco preside celebração eucarística na Casa Santa Marta / Foto: L'Osservatore Romano

Francisco preside celebração eucarística na Casa Santa Marta / Foto: L’Osservatore Romano

Quem não conhece a ternura de Deus não conhece a doutrina cristã, afirmou o Papa Francisco na Missa desta terça-feira, 6, na Casa Santa Marta. A homilia foi dedicada em grande parte a Judas, imagem evangélica da ovelha perdida.

O ponto central da reflexão de Francisco foi o Evangelho da ovelha perdida com a alegria pela consolação do Senhor. “Ele vem como um juiz, mas um juiz que cuida, um juiz cheio de ternura: faz de tudo para nos salvar. Não vem para condenar, mas para salvar, procura cada um de nós, nos ama pessoalmente, não ama a massa indistinta, mas nos ama por nome, nos ama como somos”, explicou.

A ovelha perdida – comentou o Papa – não se perdeu porque não tinha uma bússola; ela conhecia bem o caminho e se perdeu porque o coração estava doente, cego por uma dissociação interior, e fugiu para ficar longe do Senhor, para saciar aquela escuridão interior que a levava à vida dupla: estar no rebanho e fugir para a escuridão. Nesse sentido, a figura que, para o Papa, melhor faz entender o comportamento do Senhor com a ovelha perdida é o comportamento do Senhor com Judas.

“A mais perfeita ovelha perdida no Evangelho é Judas: um homem que sempre, sempre tinha algo de amargo no coração, algo a criticar nos outros, sempre separado. Não sabia da doçura da gratuidade de viver com todos os outros. E sempre, esta ovelha não estava satisfeita – Judas não era um homem satisfeito! – fugia. Fugia porque era ladrão, ia para aquele outro lado. Outros são luxuriosos, outros… Mas sempre escapam porque têm aquela escuridão no coração que o separa do rebanho. E aquela vida dupla, aquela vida dupla de tantos cristãos, e também, com dor, podemos dizer, sacerdotes, bispos… E Judas era bispo, era um dos primeiros bispos, eh? A ovelha perdida. Pobre! Pobre este irmão Judas como o chamava padre Mazzolati, naquele sermão tão bonito. ‘Irmão Judas, o que acontece no teu coração?’. Nós devemos entender as ovelhas perdidas. Também nós temos sempre algo, pequeno ou nem tanto, das ovelhas perdidas”.

Segundo o Papa, o que faz a ovelha perdida não é tanto um erro, mas uma doença que está no coração e da qual o diabo tira proveito. Assim, Judas, com seu coração dividido, é ícone da ovelha perdida que o pastor vai procurar. E quando ele viu o resultado daquela vida dupla, ele se desesperou.

“Há uma palavra na Bíblia – o Senhor é bom, também para estas ovelhas, nunca deixa de procurá-las – há uma palavra que diz que Judas se enforcou, enforcou e ‘arrependido’. Eu creio que o Senhor tomará aquela palavra e a levará consigo, eu não sei, talvez, mas aquela palavra nos faz duvidar. Mas essa palavra o que significa? Que até o final o amor de Deus, trabalha naquela alma, até o momento do desespero. E esta é a atitude do Bom Pastor com a ovelha perdida. Este é o anúncio, a boa notícia que nos traz o Natal e nos pede essa sincera alegria que muda o coração, que nos leva a nos deixarmos consolar pelo Senhor, e não as consolações que procuramos para tentar desabafar, para escapar da realidade, escapar da tortura interior, da divisão interior”.

Jesus, quando encontra a ovelha perdida não a insulta, ainda que tenha feito tanto mal. No Jardim das Oliveiras, chama Judas de “amigo” e essas são as carícias de Deus.

“Quem não conhece as carícias do Senhor não conhece a doutrina cristã! Quem não se deixa acariciar pelo Senhor está perdido! É esta a boa notícia, esta é a alegria sincera que nós hoje queremos. Esta é a alegria, esta é a consolação que buscamos: que venha o Senhor com o seu poder, que são as carícias, a encontrar-nos, para nos salvar, como a ovelha perdida, e a nos levar para o rebanho de sua Igreja. Que o Senhor nos conceda esta graça, de esperar o Natal com as nossas feridas, com os nossos pecados, sinceramente reconhecidos, para esperar o poder desse Deus que vem nos consolar, que vem com poder, mas o seu poder é a ternura, as carícias que nasceram do seu coração, o seu coração tão bom que deu a vida por nós”.

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