Mensagem de 2022

Papa ao Dia Mundial das Missões: a identidade da Igreja é evangelizar

Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões 2022 foi divulgada hoje, e reflete sobre os alicerces da vida e a missão dos discípulos

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

A Igreja é, por sua natureza, missionária, lembra o Papa / Foto: Wesley Almeida – Canção Nova

O Vaticano divulgou, nesta quinta-feira, 6, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões 2022, que tem como tema “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). A mensagem se desenvolve a partir de três expressões-chave, que o Papa chama de “alicerces” da vida e da missão dos discípulos. São elas: “Sereis minhas testemunhas”, “até aos confins do mundo” e “recebereis a força do Espírito Santo”.

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Em 2022, o aspecto da missão na Igreja é um tema duplamente comemorativo: celebram-se 400 anos da Congregação de Propaganda Fide – hoje Congregação para a Evangelização dos Povos – e 200 anos da Obra da Propagação da Fé. E o Papa destaca que o Dia Mundial das Missões ajuda a viver o fato de que a Igreja é, por sua natureza, missionária.

O chamado a testemunhar Cristo

“Sereis minhas testemunhas”. Essa expressão é, segundo o Papa, o coração do ensinamento de Jesus aos discípulos em ordem à sua missão no mundo. Ele frisa que todo cristão é chamado a ser missionário e testemunha de Cristo. “A identidade da Igreja é evangelizar”.

“O testemunho prestado pelos cristãos a Cristo tem caráter sobretudo comunitário”
Papa Francisco

Francisco acrescenta que a missão realiza-se em conjunto, não individualmente. E mesmo que, em uma situação particular, alguém leve a missão evangelizadora sozinho, deve realizá-la sempre em comunhão com a Igreja que o enviou.

“Com efeito, não foi por acaso que o Senhor Jesus mandou os seus discípulos em missão dois a dois; o testemunho prestado pelos cristãos a Cristo tem caráter sobretudo comunitário. Daí a importância essencial da presença duma comunidade, mesmo pequena, na realização da missão”.

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O segundo aspecto comentado por Francisco é a necessidade de viver a missão, não só realizá-la. O Pontífice frisa que, na evangelização, o exemplo de vida e o anúncio de Cristo caminham juntos, são os dois pulmões com os quais a comunidade deve respirar. “Assim, exorto todos a retomarem a coragem, a ousadia, aquela parresia dos primeiros cristãos, para testemunhar Cristo, com palavras e obras, em todos os ambientes da vida”.

Evangelização universal

No segundo ponto, o Papa reflete sobre a atualidade perene da missão de evangelização universal: “Até aos confins do mundo”. E os discípulos não são enviados por Jesus para fazer proselitismo, mas para anunciar.

O Santo Padre recorda que os primeiros cristãos foram perseguidos em Jerusalém, e por isso se dispersaram pela Judeia e Samaria, testemunhando Cristo por toda parte. Aqui o Papa comenta sobre o cenário de perseguição que se vê ainda hoje.

“A Igreja de Cristo sempre esteve, está e estará “em saída”
Papa Francisco

“Por causa de perseguições religiosas e das situações de guerra e violência, muitos cristãos veem-se constrangidos a fugir da sua terra para outros países. Estamos agradecidos a estes irmãos e irmãs que não se fecham na tribulação, mas testemunham Cristo e o amor de Deus nos países que os acolhem”.

Francisco também pontua que, apesar dos progressos modernos, ainda existem áreas geográficas onde não chegaram os missionários. Por outro lado, não existe qualquer realidade humana que seja alheia à atenção dos discípulos de Cristo. “A Igreja de Cristo sempre esteve, está e estará «em saída» rumo aos novos horizontes geográficos, sociais, existenciais, rumo aos lugares e situações humanos «de confim», para dar testemunho de Cristo e do seu amor a todos os homens e mulheres de cada povo, cultura, estado social”.

A força do Espírito Santo

A última parte da mensagem é dedicada à graça que Jesus prometeu para tamanha responsabilidade: a força do Espírito Santo. Francisco enfatiza que nenhum cristão poderá dar testemunho pleno e genuíno de Cristo Senhor sem a inspiração e a ajuda do Espírito. “O Espírito é o verdadeiro protagonista da missão”, frisa.

“Por isso cada discípulo missionário de Cristo é chamado a reconhecer a importância fundamental da ação do Espírito, a viver com Ele no dia a dia e a receber constantemente força e inspiração d’Ele. Mais precisamente quando nos sentirmos cansados, desmotivados, perdidos, lembremo-nos de recorrer ao Espírito Santo na oração”.

Comemorações missionárias em 2022

À luz da ação do Espírito Santo, Papa Francisco faz a leitura dos aniversários missionários comemorados em 2022.

A Congregação de Propaganda Fide completa 400 anos, e sua criação foi motivada pelo desejo de promover o mandato missionário nos novos territórios. Também por inspiração do Espírito, a jovem francesa Pauline Jaricot fundou, há 200 anos, a Associação para a Propagação da Fé, colocando em movimento uma rede de oração e coleta para os missionários. Desta iniciativa, surgiu o Dia Mundial das Missões, comemorado anualmente. E a beatificação de Pauline Jaricot será celebrada neste ano jubilar.

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Francisco também recorda o bispo francês Charles de Forbin-Janson, que iniciou a Obra da Santa Infância para promover a missão entre as crianças. Também a senhora Jeanne Bigard, que deu vida à Obra de São Pedro Apóstolo, para apoio dos seminaristas e sacerdotes em terras de missão. As três obras missionárias foram reconhecidas como «pontifícias», precisamente há cem anos. Outra comemoração é a fundação, pelo Beato Paolo Manna, da atual Pontifícia União Missionária.

“Queridos irmãos e irmãs, continuo a sonhar com uma Igreja toda missionária e uma nova estação da ação missionária das comunidades cristãs”, conclui Francisco.

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