Missa da Epifania

Os Reis Magos nos ensinam a sonhar, procurar e adorar, indica Papa

Na homilia da Solenidade da Epifania, Francisco nos recorda que “somos aquilo que desejamos. Porque são os desejos que impelem a vida”

Da redação, com Vatican News

Papa durante celebração da Santa Missa da Solenidade da Epifania do Senhor nesta quinta-feira, 6/ Foto: REUTERS/Yara Nardi

Na Festa da Epifania, o Papa Francisco presidiu a celebração da Santa Missa na Basílica de São Pedro. Na sua homilia, o Papa disse que a viagem dos Magos para Belém nos leva a interpelarmo-nos: “O que é que levou estes homens do Oriente a porem-se em viagem?”.

“Eram e sábios e astrólogos – continuou – tinham fama e riqueza; de posse de uma tal segurança cultural, social e econômica, podiam acomodar-se no que tinham e sabiam, deixando-se estar tranquilos. Mas não; deixam-se inquietar por uma pergunta e um sinal: ‘Onde está [Aquele] que nasceu?’”.

Como afirmou Bento XVI, lembrou Francisco, eram “pessoas de coração inquieto, eram indagadores de Deus”.

Orientados para as estrelas

“Mas esta saudável inquietação, que os levou a peregrinar, de onde nasce? Do desejo. Eis o seu segredo interior: saber desejar. Meditemos nisto”, afirmou o Santo Padre.

De acordo com o Pontífice, desejar significa manter vivo o fogo que arde dentro de nós e nos impele a buscar mais além do imediato, mais além das coisas visíveis. Isto, continuou, deve-se ao fato de Deus ter feito homens e mulheres assim: “empapados de desejo; orientados, como os Magos, para as estrelas”.

“Somos aquilo que desejamos. Porque são os desejos que ampliam o nosso olhar e impelem a vida mais além, além de uma fé repetitiva e cansada, além do medo de arriscar, de nos empenharmos pelos outros e pelo bem.”

Precisamos do desejo como Igreja

Como no caso dos Magos, o Papa destacou que também a nossa viagem da vida e o nosso caminho da fé têm necessidade de desejo, de impulso interior. Francisco frisou que precisamos disso como Igreja.  

“Será bom perguntar-nos: a que ponto estamos nós na viagem da fé? Não estaremos já há bastante tempo bloqueados, estacionados numa religião convencional, exterior, formal, que deixou de aquecer o coração e já não muda a vida?”. “Na nossa vida e nas nossas sociedades, a crise da fé tem a ver também com o desaparecimento do desejo de Deus”, recordou o Papa. “Tem a ver com a sonolência do espírito, com o hábito de nos contentarmos em viver o dia a dia sem nos interrogarmos acerca daquilo que Deus quer de nós”.

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O Santo Padre sugeriu então que os fiéis voltem a alimentar o desejo. “Como fazer? Vamos à ‘escola do desejo’ dos Magos. Fixemos os passos que dão e tiremos algumas lições”.

Ensinamentos

Em primeiro lugar, o Pontífice explicou que os magos partem quando aparece a estrela. A partir disto, ensinam que é preciso voltar a partir sempre a cada dia, tanto na vida como na fé, porque a fé não é uma armadura que imobiliza, mas uma viagem fascinante, um movimento contínuo e inquietador, sempre à procura de Deus, disse o Papa. 

Depois, Francisco comentou que os Magos em Jerusalém perguntam: “Onde está o Menino?”. Com isso, o Santo Padre sublinhou que os Magos ensinam que precisamos de interrogativos. “Ouvir com atenção as perguntas do coração, da consciência”.

Escola do desejo

O Papa seguiu explicando como encontrar o desejo. “Os Magos desafiam Herodes. Ensinam-nos que temos necessidade de uma fé corajosa, profética, que não tenha medo de desafiar as lógicas obscuras do poder, tornando-se semente de justiça e fraternidade numa sociedade onde, ainda hoje, muitos ‘herodes’ semeiam morte e massacram pobres e inocentes, na indiferença da multidão”.

Por fim, o Pontífice lembrou que os Magos regressam por outro caminho. Este fato, provoca os fiéis a percorrer estradas novas. “É a criatividade do Espírito, que faz sempre coisas novas. É também uma das tarefas do Sínodo: caminhar numa escuta conjunta, para que o Espírito nos sugira caminhos novos, estradas para levar o Evangelho ao coração de quem é indiferente”.

No ponto culminante da viagem dos Magos, porém, há um momento crucial, apontou o Papa. Tendo chegado ao destino, viram o Menino e “prostrando-se adoraram-No”, indicou. Adoram. Lembremo-nos disto, pediu Francisco:

“A viagem da fé só encontra ímpeto e cumprimento na presença de Deus. Só se recuperarmos o gosto da adoração é que se renova o desejo.”

Concluindo, o Santo Padre disse: “Aqui, como os Magos, teremos a certeza de que, mesmo nas noites mais escuras, brilha uma estrela. É a estrela de Jesus, que vem cuidar da nossa frágil humanidade. Ponhamo-nos a caminho rumo a Ele”. “Como os Magos, levantemos a cabeça, ouçamos o desejo do coração, sigamos a estrela que Deus faz brilhar sobre nós. Como pesquisadores inquietos, permaneçamos abertos às surpresas de Deus. Sonhemos, procuremos, adoremos”.

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