Em audiência com as religiosas da USMI, Francisco pediu coragem, um caminho sinodal e esperança
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira, 13, na Sala Clementina, no Vaticano, as participantes da Assembleia Geral da União das Superioras Maiores da Itália (USMI). Nestes dias, a USMI está reunida em sua 70ª Assembleia Geral sobre o tema: “No caminho sinodal, mulheres testemunhas do Ressuscitado”.
Em seu discurso, o Santo Padre sublinhou três aspectos sugeridos por esse tema. No primeiro aspecto, mulheres testemunhas do Ressuscitado, Francisco recordou que “as primeiras testemunhas da Ressurreição do Senhor foram as mulheres, as discípulas que com a sua audácia sempre nos lembram que ‘Jesus Cristo pode também quebrar os esquemas maçantes nos quais tentamos aprisioná-lo e surpreender-nos com a sua constante criatividade divina’, porque ‘Cristo é o Evangelho eterno’ e ‘a sua riqueza e a sua beleza são inesgotáveis'”.
“Aquelas mulheres corajosas deixaram-se surpreender e impelir pela força e pela luz do Ressuscitado e puseram-se a caminho a procurá-lo. Elas tinham plena consciência de como é importante ter o Senhor vivo no coração”. A atitude delas recorda que quando se tem coragem de “voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho”, é possível despontar “novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual”.
Caminhar com coragem
Segundo o Papa, diante de questionamentos como: “O que fazemos agora nesta situação?” para ver o que Senhor diz no Evangelho, “dali vem a inspiração e surge um novo caminho; às vezes, surge uma família religiosa; às vezes, tomam-se decisões que parecem assustadoras”.
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“Sempre caminhar com coragem, ver o que o Senhor nos diz hoje. É verdade que cada uma de vocês tem o próprio carisma, e é com este espírito que vocês têm que se interrogar. Com o espírito dos fundadores que vocês têm no coração, vocês devem perguntar: “Senhor, o que eu devo fazer hoje? O que devemos fazer?”. As mulheres são boas para isso, sabem abrir novos caminhos, sabem doar, são corajosas”, sublinhou.
Caminho sinodal é o Espírito Santo
Sobre o segundo aspecto, o caminho sinodal, o Papa citou outra passagem, o Evangelho que diz que “as mulheres saíram depressa para dar a notícia aos discípulos”. “A presença de Jesus não nos fecha em nós mesmos, mas nos impele ao encontro com os outros e à decisão de caminhar com os outros”, disse. De acordo com o Santo Padre, estas mulheres não escolheram guardar a alegria do encontro só para si, nem fazer o caminho sozinhas: elas escolheram caminhar juntas com os outros.
“Porque é próprio da mulher ser generosa: é assim. Às vezes, têm algumas neuróticas, mas isso está um pouco em todo lugar! Porém, mulher significa dar vida, abrir caminhos, convidar os outros, caminhar juntos”, indicou
O Pontífice frisou que “para ‘caminhar juntos’ é necessário nos deixar educar pelo Espírito a uma mentalidade realmente sinodal, entrando com coragem e liberdade de coração num processo de conversão”, porque “a sinodalidade é o caminho principal para a Igreja, chamada a renovar-se sob a ação do Espírito e graças à escuta da Palavra”.
Segundo Francisco, quando se fala de “espírito sinodal” pode dar um pouco de medo e fazer com que as pessoas se fechem de uma forma diferente. Porém, “o caminho em espírito sinodal é escutar, rezar e caminhar. O caminho sinodal é o Espírito Santo: Ele é a cabeça do caminho sinodal, Ele é o protagonista”.
Chamado, resposta fiel e esperança
Por fim, o terceiro aspecto, semeadoras de esperança, foi comentado pelo Papa. “Hoje sentimos falta desta humilde pequena virtude que é a esperança: sentimos muita falta. Temos versões mundanas, como o otimismo, o bom senso elevado. Não: a esperança, a menor, porém a mais forte das virtudes, aquela que nunca desilude. E vocês devem ser semeadoras de esperança, o que não é o mesmo que semeadoras de otimismo: não. De esperança, que é outra coisa”, disse.
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O Santo Padre indicou que o encontro com Jesus Ressuscitado enche de esperança e “isso exige ser fermento de Deus no meio da humanidade”. Em outras palavras, Francisco explicou que significa anunciar e levar a salvação de Deus ao mundo, que muitas vezes se perde, que precisa de respostas que encorajem, que deem esperança, que deem novo vigor ao caminho.
Chamado, resposta fiel e esperança, ir em frente com esperança. «Sejamos realistas, mas sem perder a alegria, a audácia e a dedicação cheia de esperança», comentou ainda Francisco.
Cuidado com as doenças da vida consagrada
Por fim, o Pontífice pediu às religiosas para tomarem cuidado com as “doenças da vida consagrada”, pois elas existem. Ele destacou uma: a amargura. “Aquele espírito de acidez por dentro. A amargura é o licor do diabo: o diabo nos cozinha nela, com esse licor”.
“Não estou falando de otimismo: otimismo é uma coisa psicológica. Falo de esperança, de abertura ao Espírito, e isso é teológico. Uma vocação religiosa deve seguir este caminho. A amargura, a acidez do coração, faz muito mal”, alertou.
Por favor, o Santo Padre pediu que as religiosas ajudem as irmãs que vivem a amargura a saírem dessa situação e se libertarem de pensamentos como: “Mas nos outros tempos era melhor, as coisas não funcionam! Este é o elixir do diabo, esta amargura, o licor de amargura. Por favor, nada disso, apenas deixar o Espírito nos dar essa doçura que é uma doçura espiritual”.