“Peçamos ao Senhor a graça de não cair neste espírito de ‘cristãos pela metade'”, rogou Francisco durante a homilia desta quinta-feira, 26
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco celebrou, na manhã desta quinta-feira, 26, a Missa na capela da Casa Santa Marta e, na homilia, comentou a Primeira Leitura proposta pela liturgia do dia, extraída do livro de Ageu. Trata-se de um texto forte, em que, através do profeta, o Senhor pede ao povo que reflita sobre o seu comportamento e o mude para reconstruir a Casa de Deus.
Ageu, disse o Pontífice, buscava agitar o coração do povo preguiçoso e resignado a viver como derrotado. “O Templo havia sido destruído pelos inimigos, tudo estava em ruínas, e aquele povo havia passado os últimos anos assim, até que o Senhor envia o seu eleito para reconstruir o Templo”, observou o Santo Padre.
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O coração dessas pessoas estava amargurado e não tinha vontade de trabalhar, destacou o Papa. Segundo Francisco, o povo dizia: “Mas não, para quê, talvez é uma ilusão, melhor não arriscar, vamos ficar assim …”. Aquelas pessoas, prosseguiu o Santo Padre, não tinham vontade de se levantar, não se deixavam ajudar pelo Senhor que queria resgatá-las, com a desculpa de que o tempo certo ainda não havia chegado.
Para o Pontífice, o drama das pessoas narradas na Primeira Leitura do dia é, também, o de todos que se deixam tomar pelo espírito de tepidez e de mornidão. De acordo com Francisco, essas pessoas dizem: “Sim, sim, Senhor, tudo bem… mas com calma, calma, Senhor, vamos deixar assim … Amanhã eu faço!”. Esta prática é caracterizada pela repetição do mesmo amanhã, pelo adiamento da mudança, das decisões de conversão do coração, de mudança de vida, explicou o Papa.
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É uma tepidez, afirmou o Santo Padre, que muitas vezes se esconde atrás de incertezas e, enquanto isso, é adiada. E assim muitas pessoas desperdiçam a vida e acabam “como um farrapo porque não fizeram nada, só mantiveram a paz e a calma dentro de si”. Mas esta é “a paz dos cemitérios”, alertou. Quando homens e mulheres entram nesta tepidez, nesta atitude de mornidão espiritual, transformam a suas vidas em um cemitério: não há vida, explicou Francisco. De acordo com o Papa, a escolha de viver desta forma leva as pessoas a um fechamento para evitar problemas, reafirmando para si: “Sim, sim, estamos nas ruínas, mas não arriscamos: melhor assim. Já estamos acostumados a viver assim”.
O Pontífice advertiu que tudo isso acontece também com as pequenas coisas que não vão bem, que o Senhor quer que mudem. “Ele nos pede a conversão e nós respondemos: amanhã”. Francisco convidou os fiéis à oração: “Peçamos ao Senhor a graça de não cair neste espírito de ‘cristãos pela metade’ ou, como dizem as velhinhas, ‘cristãos de água de rosas’, assim, sem substância. Cristãos bons, mas que trabalham tanto – semearam muito, mas colheram pouco. Vidas que prometiam muito e, no final, não fizeram nada. Que o Senhor nos ajude a nos despertar do espírito de tepidez e a lutar contra esta anestesia suave da vida espiritual”.