No Vaticano

Na Missa, Papa pede que cristãos se abram à voz do Senhor

Francisco celebrou a Missa na capela da Casa Santa Marta e na homilia comentou o liturgia do dia, extraída dos Atos dos Apóstolos

Da redação, com VaticanNews

Papa afirmou que o cristãos não deve se assustar de fazer grandes coisas, mas também ter a delicadeza de cuidar das pequenas coisas / Foto: Arquivo Vatican Media

Na manhã desta sexta-feira, 10, o Papa Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano. Em sua homilia comentou a leitura de Atos dos Apóstolos (9,1-20), que fala sobre a conversão de Saulo de Tarso no caminho de Damasco. “Uma mudança de página na história da Salvação”, afirmou.

Francisco lembrou Saulo cego, permanece em Damasco por três dias sem comida nem água, até que Ananias, enviado pelo Senhor, lhe restitui a visão, dando-lhe a possibilidade de iniciar o caminho de conversão e pregação “repleto do Espírito Santo”.

O Papa evidenciou duas características, dirigindo-se em especial a um grupo de irmãs de Cottolengo presentes na Missa por ocasião dos 50 anos de sua vida religiosa e a alguns sacerdotes eritreus que vivem Itália.

Coerência e zelo

Paulo era um “homem forte” e “apaixonado pela pureza da lei”, mas era “honesto” e, mesmo com um “caráter difícil”, era “coerente”:

Antes de tudo, era coerente porque era um homem aberto a Deus. Se ele perseguia os cristãos era porque estava convencido de que Deus queria isto. Mas como é possível? Estava convencido disto. É o zelo que tinha pela pureza da casa de Deus, pela glória de Deus. Um coração aberto à voz do Senhor. E arriscava, arriscava, ia avante. E outra característica do seu comportamento é que era um homem dócil, tinha a docilidade, não era teimoso.

Docilidade e abertura à voz de Deus

Talvez o seu temperamento fosse teimoso – acrescentou o Papa -, mas não a sua alma. Paulo era “aberto às sugestões de Deus”. Com o “fogo interior” prendia e matava os cristãos, mas, “uma vez que ouviu a voz do Senhor, se tornou como uma criança, se deixou levar”:

Cego, se deixa levar até Jerusalém, jejua três dias, espera que o Senhor diga… Todas aquelas convicções que tinha, ficam caladas, esperam a voz do Senhor: “Que devo fazer, Senhor?”. E ele se encaminha e vai ao encontro em Damasco, ao encontro daquele outro homem dócil e se deixa catequizar como uma criança. Se deixa batizar como uma criança. E depois retoma as forças e o que faz? Fica quieto. Vai para a Arábia rezar, quanto tempo não sabemos, talvez anos, não sabemos. A docilidade. Abertura à voz de Deus e docilidade. É um exemplo da nossa vida e fico feliz em falar disto hoje diante dessas irmãs que festejam os 50 anos de vida religiosa. Obrigado por ouvir a voz de Deus e obrigado pela docilidade.

A “docilidade das mulheres de Cottolengo” fez com que o Papa se lembrasse de sua primeira visita, nos anos 70, a uma das estruturas que, no espírito de São José Benedito Cottolengo, acolhem em todo o mundo portadores de deficiências físicas e psíquicas. Francisco contou que passou de quarto em quarto guiado por uma freira, como as que estavam na missa hoje na Casa Santa Marta, e que passam a vida “ali, entre os descartados”. Sem esta perseverança e docilidade, afirma o Papa, não poderiam fazer o que fazem.

O carisma cristão

Perseverar. E este é um sinal da Igreja. Eu gostaria de agradecer hoje, através de vocês, a tantos homens e mulheres, corajosos, que arriscam a vida, que vão avante, que buscam inclusive novas estradas na vida da Igreja. Buscam novas estradas! “Mas, padre, não é pecado?”. Não, não é pecado! Busquemos novas estradas, isto nos fará bem a todos! Com a condição de que sejam as estradas do Senhor. Mas ir avante: avante na profundidade da oração, na profundidade da docilidade, do coração aberto à voz de Deus. E assim se fazem as verdadeiras mudanças na Igreja, com pessoas que sabem lutar no pequeno e no grande.

O “cristão”, concluiu Francisco, deve ter “este carisma do pequeno e do grande” e a oração dirigida a São Paulo no final da homilia é justamente o pedido da “graça da docilidade à voz do Senhor e do coração aberto ao Senhor; a graça de não nos assustar de fazer grandes coisas, de ir avante, com a condição de que tenhamos a delicadeza de cuidar das pequenas coisas”.

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