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Futuro do planeta

Não se pode continuar devorando os recursos naturais, alerta Papa

Francisco recebeu no Vaticano os participantes do 6° Encontro Mundial do Fórum dos Povos Indígenas, promovido pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola 

Da redação, com Vatican News

Foto: Stefano Costantino / SOPA Images via Reuters

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira, 10, na Sala do Consistório, no Vaticano, os participantes do 6° Encontro Mundial do Fórum dos Povos Indígenas, promovido pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) em sua sede em Roma.

O Pontífice frisou o tema deste ano “Liderança dos povos indígenas em questões climáticas: soluções baseadas nas comunidades para melhorar a resiliência e a biodiversidade”. “É uma oportunidade para reconhecer o papel fundamental que os povos indígenas desempenham na proteção do meio ambiente e destacar sua sabedoria para encontrar soluções globais para os imensos desafios que as mudanças climáticas colocam diariamente à humanidade”.

Aprender com os povos indígenas

“Infelizmente, estamos presenciando uma crise social e ambiental sem precedentes. Se realmente queremos cuidar da nossa casa comum e melhorar o planeta em que vivemos, são imprescindíveis mudanças profundas nos estilos de vida, são imprescindíveis modelos de produção e consumo”, disse Francisco.

O Santo Padre afirmou que é preciso escutar mais os povos indígenas e aprender com seu modo de vida a fim de compreender adequadamente que não se pode continuar devorando avidamente os recursos naturais. “A terra nos foi confiada para que seja mãe para nós, a mãe terra, capaz de dar o necessário a cada um para viver». Portanto, a contribuição dos povos indígenas é fundamental na luta contra as mudanças climáticas. E isso está comprovado cientificamente”.

Ignorar as comunidades originárias é um erro

Hoje, mais do que nunca, o Pontífice frisou que são muitos os que pedem um processo de reconversão das consolidadas estruturas de poder que regem a sociedade de cultura ocidental e, ao mesmo tempo, transformam as relações históricas marcadas pelo colonialismo, exclusão e discriminação, dando lugar a um diálogo renovado sobre a forma como está sendo construído o futuro do planeta.

“Precisamos urgentemente de ações conjuntas, fruto de uma colaboração leal e constante, porque o desafio ambiental que estamos vivendo e suas raízes humanas têm um impacto em cada um de nós. Um impacto não apenas físico, mas também psicológico e cultural”.

Francisco pediu então aos governos que reconheçam os povos indígenas de todo o mundo, com suas culturas, línguas, tradições e espiritualidades, e que respeitem sua dignidade e seus direitos, conscientes de que a riqueza da grande família humana consiste em sua diversidade.

“Ignorar as comunidades originárias na salvaguarda da terra é um grave erro, é o funcionalismo extrativista, para não dizer uma grande injustiça”, sublinhou Francisco. “Por outro lado, valorizar seu patrimônio cultural e suas técnicas ancestrais ajudará a trilhar caminhos para uma melhor gestão ambiental”, reforçou.

Nesse sentido, o Papa disse que é louvável o trabalho do FIDA em ajudar as comunidades indígenas num processo de desenvolvimento autônomo, graças sobretudo ao Fundo de Apoio aos Povos Indígenas. “Esses esforços devem ser multiplicados e acompanhados de decisões firmes e claras, para uma transição justa”.

Viver bem em harmonia

Na sequência, o Pontífice falou a propósito do bem viver e do viver bem em harmonia. “Viver bem não significa ‘não fazer nada’, a ‘doce vida’ da burguesia destilada, não, não. É viver em harmonia com a natureza, é saber buscar aquele equilíbrio, aquela a harmonia que é superior ao equilíbrio. O equilíbrio pode ser funcional, a harmonia nunca é funcional, é soberana em si mesma”, disse.

“Saber mover-se em harmonia é o que dá a sabedoria que chamamos de viver bem. A harmonia entre uma pessoa e sua comunidade, a harmonia entre uma pessoa e o ambiente, a harmonia entre uma pessoa e toda a criação. As feridas contra esta harmonia são as que estamos vendo evidentemente, que destroem os povos. O extrativismo, no caso da Amazônia, por exemplo, o desmatamento, ou o extrativismo de minério.”

O pedido do Pontífice é para procurar sempre a harmonia. Para ele, quando os povos não respeitam o bem do solo, o bem do ambiente, o bem do tempo, o bem da vegetação ou o bem da fauna, o bem geral, caem em posturas desumanas, porque perdem esse contato com a palavra, com a terra. “Não no sentido supersticioso, mas no sentido que a cultura e a harmonia nos dão”.

Respeito

“As culturas indígenas não devem ser convertidas numa cultura moderna, não. Elas devem ser respeitadas”, sublinhou, reiterando a importância de “seguir seu caminho de desenvolvimento e escutar as mensagens de sabedoria que elas nos transmitem, pois não é uma sabedoria enciclopédica. É a sabedoria do ver, escutar e tocar da vida cotidiana”.

Francisco concluiu, encorajando os participantes do 6° Encontro Mundial do Fórum dos Povos Indígenas a continuarem “lutando para proclamar essa harmonia que a política funcionalista, a política extrativista  estão destruindo. Que todos possamos aprender do bem viver no sentido harmonioso dos povos indígenas”.

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