CULTURA DIGITAL

Sejam testemunhas da liberdade em um mundo de liberdade, pede Papa

Em mensagem enviada aos participantes do 13º Festival da Doutrina Social da Igreja, Francisco abordou a comunicação nos ambientes digitais

Da Redação, com Vatican News

Foto: Kaitlyn Baker via Unsplash

“A rede que queremos ‘não foi feita para prender, mas para libertar, para valorizar uma comunhão de pessoas livres’”. Em mensagem enviada ao 13º Festival da Doutrina Social da Igreja, iniciado nesta sexta-feira, 24, em Verona, na Itália, o Papa Francisco destacou a liberdade que todos devem experimentar nos ambientes digitais ao abordar o tema do evento.

Ainda no início de sua fala, ele cumprimentou o presidente da Fundação Sinais Novos, Alberto Stizzoli, e todos os participantes do festival. O Pontífice reforçou a importância do papel do leigo, retomando um trecho da síntese da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, realizada entre 4 e 29 de outubro deste ano:

“Se a missão é uma graça que envolve toda a Igreja, os fiéis leigos contribuem de forma vital para a sua realização em todos os ambientes e nas situações mais corriqueiras de cada dia. São eles sobretudo que tornam a Igreja presente e anunciam o Evangelho na cultura do ambiente digital, que tem um impacto tão forte em todo o mundo (…)” (n. 8, letra d).

Liberdade para comunicar-se

Voltando-se para o tema do evento, “#soci@lmente livres”, o Santo Padre abordou o aspecto da comunicação na cultura digital, que tem impacto nas relações sociais. Ele debruçou-se especialmente sobre o caractere @, apontado que na antiguidade o símbolo era usado como unidade de medida de peso e capacidade (arroba).

Depois, foi utilizado como um valor contábil e, atualmente, é aplicado em endereços de e-mail para indicar “uma conexão”. “Da história vem, portanto, uma indicação para viver a liberdade hoje nas mídias sociais”, escreveu Francisco, completando que “o caractere @ indica proximidade, contato, uma expressão íntima de liberdade, para ser guardada no coração”.

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Diante disso, o Papa reiterou o aspecto da liberdade e apontou que também a Igreja é uma rede formada a partir da comunhão eucarística, “onde a união não se baseia em likes, mas na verdade, no ‘amém’, com o qual cada pessoa adere ao Corpo de Cristo, acolhendo ao próximo”.

O Pontífice sublinhou ainda que, comparado à grande velocidade da informação, o ‘amém’ provoca cada um a ir além da superficialidade cultural, conferindo plenitude à linguagem e levando ao respeito por cada pessoa. Na sequência, ele exortou “que ninguém seja promotor de uma comunicação de descarte através da difusão de mensagens de ódio e da distorção da realidade na web”.

Comunicar-se com amor

Para exemplificar a comunicação de verdade, que é inspirada no amor, o Santo Padre citou a passagem da multiplicação dos pães e dos peixes (cf. Mc 6, 34-44). Neste episódio, mais de cinco mil pessoas ouviram os ensinamentos de Jesus, cuja autoridade originava-se “de Seu envolvimento pessoal e de Sua presença como o rosto e a palavra do Pai nas reviravoltas da existência humana”.

“Ele tem compaixão pelas pessoas, tem os mesmos sentimentos que as pessoas que estão diante Dele, não as despreza, faz dos problemas delas os Seus, cuida delas”, observou Francisco. Depois, ele pontuou que Jesus alimentou a multidão, uma vez que Deus Se interessa na pessoa como um todo, integralmente.

Além disso, o Papa apontou que Jesus não fez nada disso sozinho: pelo contrário, pede a colaboração dos discípulos, convidados a participar pessoalmente. “Esta é a liberdade à qual o discípulo é chamado: a de quem se envolve com inteligência e amor para fazer o outro crescer”, reiterou o Pontífice, chamando todos a ser “testemunhas da liberdade em um mundo de liberdade”.

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