FÓRUM SOBRE A PAZ

Papa Francisco: “a construção da paz é um trabalho lento e paciente”

Em mensagem ao 6º Fórum de Paris sobre a Paz, Pontífice apontou reconhecimento, respeito e promoção à dignidade humana como meios de construção da paz

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Dom Celestino Migliore lê a mensagem do Papa Francisco durante abertura do 6º Fórum de Paris sobre a Paz / Foto: REUTERS/Stephanie Lecocq/Pool

Começou, nesta sexta-feira, 10, o 6º Fórum de Paris sobre a Paz. O evento, que se estende até o sábado, 11, teve seus trabalhos abertos nesta manhã, com a leitura de uma mensagem do Papa Francisco. Assinado pelo secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, o texto foi publicado pela Sala de Imprensa da Santa Sé e lida pelo Núncio Apostólico na França, Dom Celestino Migliore.

Nele, o Pontífice expressou sua esperança de que este encontro “possa contribuir para a construção de um mundo mais justo, unido e pacífico”. Para isso, ele apontou o fortalecimento do diálogo entre todos os continentes como meio para promover a cooperação e o diálogo internacional.

O Santo Padre destacou que, neste ano, o fórum é realizado em um doloroso contexto em que os conflitos armados se multiplicam, afetando a casa comum com seus sofrimentos, injustiças e danos por vezes irreversíveis. Diante dos olhares “desesperados” que observam esta realidade, Francisco manifestou seu desejo para que este fórum seja um sinal de esperança.

“Que os compromissos assumidos incentivem o diálogo sincero, baseado na escuta dos clamores de todos aqueles que sofrem por causa do terrorismo, da violência generalizada e das guerras, todos flagelos que beneficiam apenas determinados grupos, alimentando interesses particulares, infelizmente, muitas vezes, disfarçados de intenções nobres”, exprimiu o Papa.

Um processo lento e diário

Na sequência, o Pontífice escreveu que “a construção da paz é um processo lento e paciente que requer a coragem e o compromisso prático de todas as pessoas de boa vontade que se preocupam com o presente e o futuro da humanidade e do planeta”. Ele indicou que a paz duradoura é construída no dia a dia, por meio do reconhecimento, do respeito e da promoção à dignidade humana e dos seus direitos fundamentais, entre os quais está justamente a paz.

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Recordando que, neste ano, são comemorados 75 anos da adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Santo Padre pontuou a necessidade de admitir a distância entre os compromissos assumidos naquela ocasião e a realidade vivida por milhões de pessoas atualmente, e de superar esta condição. No texto, ele refletiu sobre quantas pessoas, especialmente nos lugares onde há conflitos, são privadas de diversos direitos, como o acesso à água potável e a uma alimentação saudável, à liberdade religiosa, à saúde, à educação e a um trabalho digno.

“A paz não se constrói com armas”

Na sequência da mensagem, Francisco reafirmou o direito à autodefesa, mas também lembrou a responsabilidade de proteger aqueles cuja existência está ameaçada, e, mais uma vez, afirmou que “a guerra é sempre uma derrota da humanidade”.

“Nenhuma guerra vale as lágrimas de uma mãe que viu seu filho ser mutilado ou morto; nenhuma guerra vale a perda da vida de um único ser humano, um ser sagrado criado à imagem e semelhança do Criador; nenhuma guerra vale o envenenamento de nossa casa comum; e nenhuma guerra vale o desespero daqueles que são forçados a deixar sua terra natal e são privados, de um momento para o outro, de seu lar e de todos os laços familiares, de amizade, sociais e culturais que foram construídos, às vezes ao longo de gerações”, declarou.

Por fim, o Papa exprimiu que “a paz não se constrói com armas”, mas através da escuta paciente, do diálogo e da cooperação, que continuam a ser os únicos meios dignos da pessoa humana para resolver as diferenças. Ele reiterou o chamado da Santa Sé a “silenciar as armas” e repensar a indústria armamentista “de modo que as razões para a paz possam finalmente ser sentidas em alto e bom som”.

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