MENSAGEM

Papa: falta de acesso à água é uma afronta à dignidade das pessoas

Em mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, celebrado nesta segunda-feira, 16, Francisco refletiu sobre a distribuição de água no planeta

Da Redação, com Vatican News

Foto: Freepik

A Santa Sé divulgou a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Alimentação, comemorado nesta segunda-feira, 16. Dirigindo-se ao novo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o político chinês Qu Dongyu, o Pontífice refletiu sobre o tema escolhido para este ano: “Água é vida, água é alimento. Não deixe ninguém para trás”.

O Santo Padre iniciou o texto afirmando que esta edição do Dia Mundial da Alimentação “está sendo comemorada em um momento em que a miséria e o desespero não dão trégua” e que o grito de angústia e desespero dos pobres “deve nos despertar da letargia que nos domina e desafiar nossas consciências”.

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“A condição de fome e desnutrição que fere gravemente tantos seres humanos é o resultado de um acúmulo iníquo de injustiças e desigualdades que deixa muitos presos na sarjeta da vida e permite que alguns se estabeleçam em um estado de ostentação e opulência”, declarou Francisco. Ele apontou ainda que “isso se aplica não apenas aos alimentos, mas também a todos os recursos básicos, cuja inacessibilidade para muitas pessoas representa uma afronta à sua dignidade intrínseca, dada por Deus. De fato, é um insulto que deveria fazer toda a humanidade se envergonhar e mobilizar a comunidade internacional.”

Água, fonte de vida

Voltando-se para a água, o Papa afirmou que refletir sobre este tema é uma oportunidade para entender “o valor insubstituível desse recurso para todos os seres vivos do nosso planeta, do qual deriva a necessidade urgente de planejar e implementar sua gestão de forma sábia, cuidadosa e sustentável, para que todos possam usufruir dele para satisfazer suas necessidades substanciais e para que o desenvolvimento humano adequado também possa ser sustentado e promovido, sem que ninguém seja excluído”.

O Pontífice destacou ainda que a água se trata de um recurso ameaçado por desafios ligados à quantidade e à qualidade. Ele manifestou que, em muitas partes do mundo, há pessoas sofrendo com doenças ou morrendo por causa da ausência ou escassez de água potável. “As secas causadas pelas mudanças climáticas estão deixando vastas regiões estéreis e causando enormes estragos nos ecossistemas e nas populações”, completou o Santo Padre.

Para ele, a gestão arbitrária dos recursos hídricos, sua distorção e sua poluição são prejudiciais especialmente para os pobres. “É essencial investir mais em infraestrutura, (…) especialmente nas áreas rurais mais remotas e esquecidas”, sublinhou o Papa. “Também é importante desenvolver modelos educacionais e culturais que conscientizem a sociedade sobre a necessidade de respeitar e preservar esse bem primário. A água nunca deve ser vista como uma mera mercadoria, um produto a ser comercializado ou um bem a ser especulado”, completou.

Da mesma forma, Francisco sinalizou que é igualmente importante combater a poluição da água, e exortou organizações internacionais, governos, sociedade civil, empresas, instituições acadêmicas e de pesquisa, bem como outras entidades, a unir forças e ideias para que a água seja patrimônio de todos, incentivando medidas que protejam e assegurem a disponibilidade de recursos hídricos para evitar que a escassez aguda se torne uma causa de conflito entre comunidades, povos e nações.

Agir em comunidade

Aproximando-se do fim de sua mensagem, o Santo Padre destacou como o Dia Mundial da Alimentação também serve como um lembrete de que a cultura do descarte deve ser combatida por ações baseadas na cooperação responsável e leal de todos. Ele expressou que “somos chamados a pensar e agir como uma comunidade, com solidariedade, tentando dar prioridade à vida de todos em vez da apropriação dos bens por parte de poucos”.

Assim, o Papa fez um apelo para que, diante deste cenário, todos se tornem promotores do diálogo e pacificadores. “A Igreja não se cansa de semear os valores que construirão uma civilização que encontra no amor, no respeito mútuo e na ajuda recíproca uma bússola para guiar seus passos, voltando-se sobretudo para os irmãos e irmãs que mais sofrem, como os famintos e os sedentos”, concluiu.

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