Em mensagem a membros do Grupo do Partido Popular no Parlamento Europeu, Francisco fala sobre a necessidade de princípios e valores éticos e a responsabilidade dos políticos cristãos
Da Redação, com Vatican News
Neste domingo, 11, a Sala de Imprensa da Santa Sé publicou uma mensagem do papa Francisco para o Grupo do Partido Popular no Parlamento Europeu (PPE). Uma audiência com membros do grupo estava agendada para a sexta-feira, 9, mas precisou ser cancelada devido à internação do Pontífice para a realização de um procedimento cirúrgico.
Diretamente do Hospital Gemelli, o Papa enviou a mensagem ao presidente do PPE, Manfred Weber. Entre os pontos abordados, Francisco falou da responsabilidade dos políticos cristãos, do patrimônio da Doutrina Social da Igreja Católica e da concretização do sonho da fraternidade na Europa.
A primeira reflexão feita foi sobre o baixo interesse do cidadão europeu pelo Parlamento. “Um problema clássico das democracias representativas”, segundo o Santo Padre, que deve ser solucionado por meio do cuidado entre parlamentares e cidadãos e da comunicação.
Unidos por princípios e valores firmes
O pluralismo foi o segundo aspecto abordado. Francisco indicou que é normal a presença da diversidade em um grande grupo, mas que é preciso haver unidade nas questões “em que estão em jogo valores éticos primários e pontos importantes da doutrina social cristã, (…) mantendo sempre firmes os critérios da dignidade da pessoa e do bem comum”.
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Voltando-se então para a doutrina, o Papa referiu-se ao documento como “um riquíssimo patrimônio ao qual recorrer para levar sua contribuição original à política europeia”. Neste contexto, ele destacou dois princípios: solidariedade e subsidiariedade. E prosseguiu:
“Existem aspectos ético-políticos, ligados a cada um desses dois princípios, que vocês compartilham com colegas de diferentes filiações, que respectivamente enfatizam um ou outro; mas o entrelaçamento de ambos, o fato de os ativar conjuntamente e de os fazer funcionar de modo complementar, isto é próprio do pensamento social e econômico de inspiração cristã e, portanto, é confiado particularmente à vossa responsabilidade”.
Fraternidade, inspiração reanimadora
Na sequência, o Santo Padre declarou que, para alcançar uma Europa com unidade e diversidade, é preciso haver uma forte inspiração, que ele prefere chamar de “sonhos”. “São necessários valores elevados e de uma visão política elevada. (…) Para enfrentar os desafios como uma Europa unida, é preciso uma inspiração elevada e forte”, continuou.
Essa união se dá pela fraternidade, grande sonho indicado por Francisco. Essa é a forte inspiração que pode reanimar não somente a Europa, mas também o mundo inteiro. “Considero que os políticos cristãos de hoje deveriam ser reconhecidos por sua capacidade de traduzir o grande sonho da fraternidade em ações concretas de boa política em todos os níveis: local, nacional, internacional”, manifestou o Pontífice.
Ele então recordou como a Europa nasceu unida, e as guerras do século XX foram uma tragédia. Diante dessa memória, o Papa questionou: “que ideal, senão aquele de gerar um espaço onde se possa viver em liberdade, justiça e paz, respeitando-se todos na diversidade”? E finalizou indicando que “hoje este projeto está sendo provado em um mundo globalizado, mas pode ser relançado a partir da inspiração original, que é mais atual do que nunca e frutífera não apenas para a Europa, mas para toda a família humana”.