“Jesus, homem de oração” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, 28, realizada na Sala Paulo VI
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a oração na Audiência Geral desta quarta-feira, 28. “Jesus, homem de oração” foi o tema deste encontro semanal, realizado na Sala Paulo VI. Antes de iniciar a leitura do texto, o Santo Padre pediu desculpas aos fiéis por não se aproximar deles para saudá-los como faz habitualmente, por causa das precauções diante da pandemia da covid-19.
Francisco recordou que o início da missão pública de Jesus começou com o batismo no Rio Jordão. Na Bíblia, os evangelistas narram o modo como todo o povo se reuniu em oração, e especificam que este encontro teve um claro caráter penitencial. O Papa recorda que as pessoas iam a João Batista para serem batizadas, para o perdão dos pecados; logo, o batismo apresentava um caráter penitencial, de conversão.
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“O primeiro ato público de Jesus é a sua participação numa oração comum do povo, uma oração ao povo que procura o batismo, uma prece penitencial, na qual todos se reconhecem pecadores. João Batista quis se opor dizendo: ‘Sou que que devo ser batizado por ti e Tu vens a mim!’ Mas Jesus insiste: o seu é um ato que obedece à vontade do Pai, um ato de solidariedade para com a nossa condição humana. Ele reza com os pecadores do povo de Deus. Coloquemos isso na cabeça: Jesus é justo, não é pecador”.
“Ele – Jesus – quis vir até nós, pecadores. Jesus sempre reza conosco. Ele está conosco e no céu reza por nós. Jesus sempre reza com o seu povo, sempre reza conosco. Nós nunca rezamos sozinhos, sempre rezamos com Jesus.” – Papa Francisco
Segundo o Pontífice, Jesus não permanece na margem oposta do rio para marcar a sua diversidade e distância do povo desobediente, mas mergulha os seus pés nas mesmas águas de purificação. “Ele age como um pecador. E esta é a grandeza de Deus que enviou seu Filho e se aniquilou e apareceu como um pecador”.
Jesus não é um Deus distante, e não o pode ser, prosseguiu Francisco, por isso a encarnação revelou-o de forma completa e humanamente impensável. Assim, ao inaugurar a sua missão, Jesus se coloca à frente de um povo de penitentes, como se estivesse encarregado de abrir uma brecha pela qual todos, depois d’Ele, devem ter a coragem de passar, afirmou. Mas, alerta o Papa, a estrada, o caminho é difícil, mas ele vai abrindo o caminho.
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“Naquele dia, nas margens do rio Jordão, encontra-se toda a humanidade, com os seus anseios de oração não expressos. Há sobretudo o povo dos pecadores: aqueles que pensavam que não podiam ser amados por Deus, aqueles que não se atreviam a ir além do limiar do templo, aqueles que não rezavam porque não se sentiam dignos. Jesus veio para todos, até para eles e começa precisamente por se unir a eles. É o primeiro da fila”, frisou o Santo Padre.
O Evangelho de Lucas destaca sobretudo a atmosfera de oração em que o batismo de Jesus teve lugar: ‘Quando todo o povo ia sendo batizado, também Jesus o foi. E estando Ele a orar, o céu abriu-se’. Rezando, explica o Pontífice, Jesus abre a porta do céu, e daquela brecha desce o Espírito Santo. No turbilhão da vida e do mundo que chegará a condená-lo, até nas experiências mais duras e tristes que deverá suportar, inclusive quando experimenta que não tem onde reclinar a cabeça, até quando o ódio e a perseguição se desencadeiam à sua volta, Jesus nunca está sem o amparo de uma morada: habita eternamente no Pai, destacou.
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De acordo com o Papa, a grandeza única da oração de Jesus é o Espírito Santo, pois ele se apodera da pessoa de Cristo, e a voz do Pai atesta que Ele é o amado, o Filho em quem se reflete plenamente. Essa prece de Jesus, que nas margens do Rio Jordão é totalmente pessoal, e assim será ao longo da sua vida terrena, no Pentecostes se tornará, pela graça, a oração de todos os batizados em Cristo, sublinhou. “Ele próprio obteve este dom para nós e convida-nos a rezar como Ele rezou”, disse ainda o Papa, acrescentando:
“Por esta razão, se numa noite de oração nos sentirmos fracos e vazios, se nos parecer que a vida tem sido completamente inútil, nesse momento devemos implorar que a prece de Jesus se torne também nossa. Eu não posso rezar hoje, não sei o que fazer, não sou digno, digna. Naquele momento, Jesus, que a tua oração seja a minha. Confiar que ele reze por nós. Naquele momento, ele está diante do pai rezando por nós. É o intercessor. Mostra ao Pai as suas chagas por nós. Confiamos nisso, e se confiamos, então ouviremos uma voz do céu, mais alta do que a voz que se eleva da nossa ignomínia, sussurrando palavras de ternura: ‘Tu és o amado de Deus, tu és filho, tu és a alegria do Pai que está nos céus’”.
Francisco concluiu, afirmando que a palavra de Deus Pai ressoa: “Ainda se fôssemos rejeitados por todos, pecadores da pior espécie. Jesus não desceu às águas do Jordão para si mesmo, mas por todos nós. Todo o povo de Deus que se aproximava ao Jordão para rezar, pedir perdão, fazer o batismo de penitência. Abriu os céus, como Moisés abriu as águas do mar Vermelho, para que todos nós pudéssemos passar atrás dele. Jesus ofereceu-nos a sua própria oração, que é o seu diálogo de amor com o Pai. Ele nos concedeu como uma semente da Trindade, que quer criar raízes no nosso coração. Acolhemo-la! Acolhamos este dom, o dom da oração. Sempre com Ele e não erraremos”.