Discurso

Francisco: garantir que não haja pacientes da série “A” ou de série “B”

Papa propôs três “antídotos” que podem ajudar seus membros deste organismo a percorrer o caminho traçado: proximidade, totalidade e bem comum.

Da Redação, com Vatican News

O Sumo Pontífice recebeu na manhã deste sábado, no Vaticano, os membros da Confederação “Federsanità” / Foto: REUTERS/Remo Casilli

 

Na manhã deste sábado, 04,  o Papa Francisco recebeu no Vaticano os membros da Confederação “Federsanità”.  A organização reúne Empresas italianas no campo da Saúde, Hospitais e Institutos de Hospitalização e Cuidados Científicos, acompanhados de representantes da Associação dos Municípios Italianos.

No discurso o Papa recordou, inicialmente, a figura de São José Moscati, um “bom samaritano” que soube encarnar um estilo próprio de um cuidado integral no território.

Disse Francisco que com o trabalho da sua Confederação, há uma  contribuição para manter uma relação entre o centro e a periferia, entre os pequenos e os grandes, que estabelece relações e promove caminhos de integração social e assistencial.

Partindo da identidade deste organismo, o Papa propôs três “antídotos”, que podem ajudar seus membros a percorrer o caminho traçado: proximidade, totalidade e bem comum.

Deus da proximidade

Falando sobre o primeiro antídoto, a “proximidade”, Francisco disse que se trata de uma auto referência, ou seja, ver o paciente como outro “eu”, rompendo as correntes do egoísmo, derrubando o pedestal, no qual, às vezes, somos tentados a subir, reconhecendo neles nossos irmãos.

Isso independentemente da língua, proveniência, condição social ou condição de saúde. E ainda acrescentou:

“Se nas pessoas que encontramos nas enfermarias dos hospitais, nos asilos, nos ambulatórios, conseguirmos ver, antes de tudo, nossos irmãos e irmãs, tudo muda.” 

Papa o Papa, cuidar deles deixa de ser uma questão burocrática e se torna encontro, acompanhamento, partilha. “O nosso é um Deus da proximidade, não um Deus distante, inacessível”.

Ele mesmo Deus caminha conosco pelas estradas acidentadas deste mundo, como fez com os discípulos de Emaús. 

A proximidade significa também encurtar as distâncias, garantindo que não haja pacientes da série “A” ou de série “B”, e que ninguém seja excluído dos cuidados sociais e da saúde.

Totalidade

A seguir, Francisco explicou o segundo antídoto: a “totalidade”, que se opõe à fragmentação e à parcialidade. 

Para o Papa, devemos pensar no conceito de saúde a partir de uma perspectiva integral, que abraça todas as dimensões da pessoa, independentemente da sua condição psicológica, social, cultural e espiritual. 

Jesus curava além de erradicar o mal físico do corpo; Ele restaurava a dignidade da pessoa e a reintroduzia na sociedade, dando-lhe uma vida nova.

Cultura do descarte

Devemos, pois, contrapor a “cultura do descarte” em uma sociedade que vê o doente como um peso. 

As patologias podem marcar o corpo, confundir os pensamentos, retirar as forças, mas nunca podem aniquilar o valor da vida humana, que deve ser sempre protegida, desde a sua concepção até o fim natural.

O bem comum

Também no sector da saúde, prevalece a tentação de fazer valer as vantagens econômicas ou políticas: o valor da justiça, sem distinção entre povos e nações, leva à busca do bem comum, o bem estar de cada um.

Ao discorrer sobre essa questão o Papa tratou do terceiro antídoto: o “bem comum”.

A pandemia causou um abismo entre as desigualdades e aumentou os conflitos. E o Papa acrescentou:

“Em vez disso, precisamos trabalhar para que todos tenham acesso aos cuidados, para que o sistema de saúde seja apoiado e promovido e continue sendo gratuito.”

 Por fim, Francisco recordou em seu discurso:

Proximidade, integridade e bem comum, são estes os três antídotos que lhes deixo, com o desejo de que continuem a trabalhar pelo serviço dos enfermos e da sociedade em geral. Que São José Moscati os guie em sua lida diária e lhes conceda a sabedoria de cuidar e preservar de quem têm necessidade”, concluiu.

 

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