Em homilia, Francisco apontou o negativismo e a amargura como fatores que impedem o ser humano de deixar-se consolar por Deus
Da redação, com Rádio Vaticano
“É mais fácil consolar os outros do que deixar-se consolar”, afirmou Papa Francisco na Missa desta segunda-feira, 11, na capela da Casa Santa Marta. A homilia, que destacou a primeira leitura extraída do Profeta Isaías (Is 35,1-10), apresenta segundo o Pontífice, um Senhor consolador, que salva e dá coragem para os que desejam abandonar egoísmos, amarguras e reclamações.
O negativismo foi apontado por Francisco como um dos fatores que prendem o ser humano à ferida do pecado, e o impedem de deixar-se consolar, mesmo ciente da maravilha que é ser consolado por Deus. “Muitas vezes, há a preferência por permanecer ali, sozinho, ou seja, na cama. (…) Para esses corações amargos, é mais belo o amargo do que o doce”, alertou.
A amargura, segundo o Papa, sempre leva a expressões de lamentação, que passam a acompanhar a vida, cozinham os sentimentos no ressentimento e fazem memória ao pecado original. Francisco citou o Profeta Jonas como um exemplo de “prêmio Nobel das lamentações” por ter fugido e se queixado de Deus, mas o valorizou por ter retomado a missão.
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O Pontífice fez um relato sobre um bom sacerdote que se lamentava de tudo. “Tinha a qualidade de encontrar a mosca no leite”, contou. “Era um bom sacerdote, no confessionário diziam que era muito misericordioso, era idoso e os seus companheiros de presbitério imaginavam como seria a sua morte e sua chegada ao céu: ‘A primeira coisa que diria a São Pedro, em vez de saudá-lo, seria: ‘Onde está o inferno?’”, exemplificou Francisco.
Diante da amargura, do rancor, das lamentações, o Santo Padre afirmou que as palavras da Igreja e de Jesus são “coragem”, “levanta-se”. “Não é fácil (…) deixar-se consolar pelo Senhor,- é preciso despojar-se de nossos egoísmos, daquelas coisas que são o próprio tesouro, como as amarguras, as reclamações, tantas coisas. Faria bem hoje se cada um de nós fizesse um exame de consciência: como está o meu coração? Tem amarguras? Alguma tristeza? Como vai a minha linguagem? É de louvor a Deus, de beleza, ou sempre de lamentações?” indagou.
Por fim Francisco pediu ao Senhor a graça da coragem, porque na coragem é possível deixar-se consolar. “É preciso deixar-se consolar pelo Senhor (…). Senhor, venha nos consolar”, rogou.