Audiência

Papa: Igreja é "sal e luz”, sobretudo em momentos de crise como o atual

Francisco discursou neste sábado, 27, na inauguração do 92º ano judiciário do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante discurso na Sala das Bênçãos, no Vaticano /Foto: IPA/Sipa USA via Reuters

Testemunhar o imenso patrimônio de valores que caracteriza a missão da Igreja. Ela é ‘sal e luz’ na sociedade e na comunidade internacional, sobretudo em momentos de crise como o atual. É o que afirmou o Papa Francisco em discurso neste sábado, 27.

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Da Sala das Bênçãos, no Vaticano, ocorreu a inauguração do 92º ano judiciário do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano. Entre os presentes, estava o premier italiano Mario Draghi.

Sala das Bênçãos

A pandemia e suas consequentes restrições levaram a cerimônia a acontecer na Sala das Bênçãos. O local fica entre a Basílica São Pedro e a Praça. Do local, os Papas concedem aos fiéis a bênção Urbi et Orbi, a Roma e ao mundo.

A sala tem vista para a nave central da Basílica. A perspectiva visual é da glória do Espírito Santo, que ilumina a abside.

O local fica em uma posição central. Ele está entre o espaço aberto e ao mesmo tempo recolhido da Colunata de Bernini. 

Significado e tarefa da Igreja

Neste lugar, Francisco destacou que se pode reconhecer o significado e a tarefa da Igreja. A instituição é constituída e enviada por Cristo para cumprir a missão de apoiar a verdade.

Como ensina o Concílio Vaticano II, lembra o Pontífice, ela deve difundir humildade e abnegação por seu exemplo. Com o estilo próprio de Deus, a Igreja deve inspirar proximidade, compaixão, ternura.

“Com este mandato, a Igreja entra na história e se torna um lugar de encontro entre os povos e de reconciliação entre os homens”. A igreja visa conduzir a humanidade com a Palavra e os Sacramentos. Ela também se baseia na Graça e nos exemplos de vida, à fé, à liberdade e à paz de Cristo.

Características do ordenamento jurídico vaticano

O Papa comentou que as modificações normativas têm caracterizado o ordenamento jurídico vaticano nos últimos anos.

Na opinião do Santo Padre, elas serão mais eficazes na medida em que forem acompanhadas por outras reformas na esfera penal. Francisco frisou a luta e repressão dos crimes financeiros, a intensificação de outras atividades destinadas a facilitar e acelerar a cooperação internacional entre órgãos de investigação vaticanos e instituições similares em outros países, e as iniciativas tomadas pela polícia judiciária vaticana.

Os resultados alcançados até o momento incentivam a continuação do trabalho empreendido, garantiu o Pontífice. As atividades têm como finalidade a superação das práticas que nem sempre respondem à necessidade de prontidão exigida pelas dinâmicas investigativas.

O Papa pediu transparência em todas as iniciativas recentemente empreendidas e aquelas a serem empreendidas pelo Estado do Vaticano. Francisco deu destaque aos campos econômico e financeiro.

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Nestes campos, o Santo Padre exortou que sejam pautados pelos princípios fundadores da vida eclesial. Ao mesmo tempo, solicitou que levem em conta os parâmetros e ‘boas práticas’ atuais em nível internacional, e parecer exemplares, como é exigido de uma realidade como a Igreja Católica.

Aos que trabalham pela justiça

O convite do Pontífice para todos aqueles que são chamados a trabalhar pela causa da justiça – uma eminente virtude cardeal – é o de não temer perder tempo dedicando-o abundantemente à oração.

“Na oração, e somente na oração, haurimos de Deus, de sua Palavra, aquela serenidade interior que nos permite cumprir nossas obrigações com magnanimidade, equidade e previdência”.

Todos aqueles que trabalham neste campo, e todos aqueles que ocupam posições institucionais, devem, portanto, comportar-se de tal forma que, embora denotando um arrependimento ativo – quando necessário – em relação ao passado, sejam também irrepreensíveis e exemplares para o presente e o futuro.

“Sobre este ponto, será necessário no futuro levar em conta o requisito primordial de que – também por meio de mudanças apropriadas na legislação – o atual sistema processual deve refletir a igualdade de todos os membros da Igreja e sua igual dignidade e posição”, explicou.

Segundo o Papa, isso tudo sem privilégios adquiridos no tempo, pois não estão mais de acordo com as responsabilidades que cada um tem na construção da Igreja. “Isto requer solidez de fé e consistência de comportamento e ação”.

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