Catequese

Diálogo, encontro e caminho: Papa recorda sua viagem ao Bahrein

Viagem ao Bahrein foi realizada de 3 a 6 de novembro, com ênfase para o diálogo e a fraternidade

Jéssica Marçal
Da Redação

Papa Francisco acolhe as crianças que foram até ele na catequese de hoje / Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

Por que o Papa visitou o Bahrein, um pequeno país de maioria islâmica? A resposta está em três palavras: diálogo, encontro e caminho. Quem respondeu foi o próprio Pontífice na audiência geral desta quarta-feira, 9, na Praça São Pedro.

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Antes de começar sua reflexão, o Papa comentou o comportamento de duas crianças que se aproximaram dele. O Papa chamou a atenção para o fato de que foram até ele sem medo e assim deve ser a atitude dos fiéis com Deus. “Fez-me bem ver a confiança destes dois meninos: foi um exemplo para todos nós. Assim devemos aproximar-nos sempre do Senhor: com liberdade.

Francisco esteve no Bahrein, de 3 a 6 de novembro, por ocasião do “Fórum do Bahrein para o Diálogo: Oriente e Ocidente para a Coexistência Humana”. O diálogo foi o primeiro ponto destacado pelo Santo Padre na catequese de hoje: serve para descobrir a riqueza de quem pertence a outros povos, tradições e crenças.

“O Bahrein, um arquipélago formado por muitas ilhas, ajudou-nos a compreender que não se deve viver isolando-se, mas aproximando-se. No Bahrein, que são ilhas, aproximaram-se, tocam-se. Exige isso a causa da paz, e o diálogo é ‘o oxigênio da paz’”.

Francisco contou que, estando no país, desejou que os responsáveis religiosos e civis no mundo inteiro saibam olhar além das próprias fronteiras para cuidar do todo. E o Fórum de Diálogo exortou justamente a escolher o caminho do encontro e a rejeitar o do conflito. “Quanto precisamos disto! Quanta necessidade temos de nos encontrar! Penso na guerra louca – loucura! – de que a martirizada Ucrânia é vítima, e em muitos outros conflitos, que nunca serão resolvidos através da lógica infantil das armas, mas unicamente com a força suave do diálogo.”

O encontro para o diálogo

Para que exista o diálogo é preciso que haja encontro, e esta foi a segunda palavra destacada pelo Papa na audiência geral. A viagem ao país proporcionou isto e fez o Papa sentir o desejo de que haja mais encontros entre cristãos e muçulmanos, estreitando relações mais sólidas.

Em especial, o Papa citou o encontro com o Grão-Imã de Al-Azhar, com os jovens da Escola do Sagrado Coração e com o Conselho Muçulmano de Anciãos. Esta é uma organização internacional fundada há poucos anos, que promove boas relações entre as comunidades islâmicas, opondo-se ao integralismo e à violência.

Novo passo no caminho entre cristãos e muçulmanos

O terceiro e último ponto de reflexão do Papa foi o caminho. Ele explicou que a viagem ao Bahrein não deve ser vista como um episódio isolado, mas como parte de um caminho inaugurado por São João Paulo II quando foi ao Marrocos.

“A primeira visita de um Papa ao Bahrein representou um novo passo no caminho entre crentes cristãos e muçulmanos: não para nos confundirmos nem para diluir a fé, não: o diálogo não dilui; mas para construir alianças fraternas em nome do Pai Abraão, que foi peregrino na terra sob o olhar misericordioso do único Deus do Céu, Deus da Paz.”

Francisco destacou aos fiéis que o diálogo não dilui porque, para dialogar, é necessário ter identidade própria. “Se tu não tiveres identidade, não podes dialogar, porque não entendes nem sequer o que és”.

Esse processo de diálogo, encontro e caminho se realiza no Bahrein também entre os cristãos, lembrou o Papa. O primeiro encontro da viagem, inclusive, foi ecumênico: um encontro de oração pela paz. E no encontro com a Igreja local – clero, religiosos e leigos – Francisco pôde levar a eles o afeto de toda a Igreja.

O Papa concluiu a catequese com o convite a abrir o coração para que a fraternidade humana possa progredir. “O caminho da fraternidade e da paz, para ir em frente, tem necessidade de todos e de cada um. Dou a mão, mas se da outra parte não há outra mão, não serve. Nossa Senhora nos ajude neste caminho!”.

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