Neste domingo, 12, Francisco presidirá a missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional, na Hungria
Julia Beck
Da redação, com informação do Boletim da Santa Sé, Vatican News e CNBB
Neste domingo, 12, acontecerá um dos momentos bastante aguardados do 52º Congresso Eucarístico Internacional: a missa de encerramento presidida pelo Papa Francisco.
A celebração eucarística acontecerá na Praça dos Heróis, em Budapeste, na Hungria. A última vez que um Papa esteve presente em um Congresso Eucarístico foi há 21 anos, quando João Paulo II participou do evento em 2000, em Roma. Mas é costume que o Pontífice nomeie um Delegado Pontifício que vai em sua representação.
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O evento, que teve início no último domingo, 5, estava programado para setembro de 2020. A mudança na data ocorreu devido à pandemia de covid-19. A decisão do adiamento partiu do Papa Francisco, do Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos Internacionais e do Episcopado Húngaro.
A atual edição do evento tem como lema: “Todas as minhas fontes estão em ti”. Bispos dos cinco continentes participam de forma presencial e on-line. A programação conta com missas, testemunhos, catequeses, exposições, eventos culturais e um encontro para os jovens.
O Papa Francisco abençoou a Cruz da Missão – símbolo do evento que peregrinou pela Hungria – em 20 de novembro de 2017, no início da visita “ad limina apostolorum” dos bispos húngaros a Roma. Na época, o Pontífice desejou que ela se tornasse o símbolo de uma verdadeira renovação do povo húngaro, começando pelos valores do Evangelho e da Eucaristia.
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Origem do Congresso Eucarístico
Os Congressos Eucarísticos nasceram na segunda metade do século XIX na França. Emilie Tamisier, inspirada por São Pedro Julião Eymard – chamado de “Apóstolo da Eucaristia”, tomou a iniciativa de organizar o primeiro Congresso Eucarístico Internacional em Lille, na França.
A primeira edição, que teve a bênção do Papa Leão XIII, tinha como tema: “A Eucaristia salva o mundo”. O objetivo era que a renovação da fé em Cristo presente na Eucaristia fosse um remédio contra a ignorância e a indiferença religiosa.
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O culto eucarístico nestes eventos manifestava-se de modo particular pela adoração solene e pelas grandiosas procissões que evidenciavam a Eucaristia.
A partir dos decretos de São Pio X sobre a comunhão frequente – Sacra Tridentina Synodus (1905), e sobre a comunhão das crianças – Quam Singularis (1910), na preparação e na celebração dos congressos foi incentivada a comunhão frequente dos adultos e a primeira comunhão das crianças.
Evento internacional
Foi no pontificado de Pio XI que este evento se tornou internacional. Começou, então, a ser celebrado rotativamente em todos os continentes, adquirindo uma dimensão missionária e de “re-evangelização” (expressão já usada para a preparação do Congresso de Manila de 1937).
A partir do 37° congresso celebrado em Munique em 1960, os Congressos Eucarísticos Internacionais foram chamados de “Statio orbis” (proposto pelo noto liturgista Josef Jungmann, SJ), com a celebração da Eucaristia como centro e ápice de todas as várias manifestações e formas de devoção eucarística.
Com o Concílio Vaticano II e a Constitução Sacrosanctum Concilium de 1963, a Instrução Eucharisticum Mysterium de 1967 (n.67) e particularmente o Ritual Romano De sacra comunione e de Cultu Mysterii Eucaristici extra Missam de 1973 (nn.109-112), foi apresentada uma nova imagem e critérios para a preparação e a celebração dos Congressos Eucarísticos.
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Surgimento do Pontifício Comitê
Por ocasião da preparação do primeiro Congresso Eucarístico Internacional em 1881, foi constituído, com a aprovação do Papa Leão XIII, um Comitê permanente ao qual o Papa João Paulo II deu o título de “Pontifício”.
No estatuto do Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos Internacionais é possível compreender o seu propósito:
“Propõe-se a fazer conhecer, amar e servir sempre melhor, Nosso Senhor Jesus Cristo no seu Mistério Eucarístico, centro da vida da Igreja e da sua missão para a salvação do mundo” (art. 2).
Preparação Nacional
Os Congressos Eucarísticos Internacionais precisam de uma preparação pastoral que envolva as Igrejas particulares espalhadas no mundo. Por isso, para preparar a Igreja para a vivência deste evento internacional, são realizados os Congressos Eucarísticos Nacionais.
Os Congressos Eucarísticos Nacionais são realizados em todo o mundo, e aqui no Brasil acontece normalmente a cada quatro anos. O evento visa reunir os fiéis católicos em torno da Eucaristia, que é o centro da fé católica: Corpo e Sangue de Jesus Eucarístico.
O Brasil se prepara para viver seu 18º Congresso Eucarístico Nacional (CEN) em 2022. Ele acontecerá na Arquidiocese de Olinda e Recife (PE) entre os dias 11 e 15 de novembro.
O 18º Congresso Eucarístico Nacional já iniciou algumas atividades desde 2019, como o Ano Eucarístico na arquidiocese sede do evento, e trabalha o tema “Pão em Todas as Mesas” e o lema “Repartiam o Pão com alegria e não havia necessitados entre eles”.
Países e edições
As primeiras 24 edições do Congresso Eucarístico Internacional não apresentaram temas específicos. Os primeiros países a receberem o evento foram França, Bélgica, Alemanha, Israel, Itália, Inglaterra, Espanha, Áustria e Malta.
EUA, Austrália, Irlanda, Argentina, Brasil, Filipinas, Índia, Colômbia, Dinamarca, Coreia do Sul, Quênia, Polônia e México são alguns países que já sediaram este evento.
No Brasil, foi a cidade do Rio de Janeiro que sediou o 36º Congresso Eucarístico Internacional em 1955. O tema daquela edição foi: “O reinado eucarístico do Cristo Redentor”. O evento aconteceu no aterro do Flamengo.
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Para o Congresso no Brasil, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida foi levada do Santuário Nacional de trem. A fé arrastou multidões para o local, com capacidade prevista para 1 milhão e 220 mil pessoas. A cidade também recebeu a imagem de Nossa Senhora de Fátima, vinda de Portugal.
Na abertura do Congresso, o presidente Café Filho fez uma saudação aos peregrinos. O Papa Pio XII mandou uma mensagem, por rádio, aos fiéis reunidos no Rio. O representante de Sua Santidade foi o Cardeal Dom Bento Aloisi Masella, que veio de navio da Itália, desembarcando na Praça Mauá.
Na ocasião era arcebispo do Rio de Janeiro o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara. As gravações de voz e os textos desse Congresso se conservam até hoje.