CATEQUESE

Papa: “todo desafio pode ser vencido se abrirmos o coração a Jesus”

Na catequese de hoje, Francisco apresentou o testemunho de Santa Tekakwhita, primeira nativa norte-americana canonizada e que “realizava ações ordinárias de maneira extraordinária”

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco cumprimenta fiéis na Audiência Geral desta quarta-feira, 30 / Foto: REUTERS/Remo Casilli

Continuando o ciclo de reflexões sobre o zelo apostólico e a paixão pela evangelização, o Papa Francisco apresentou aos fiéis reunidos na Sala Paulo VI nesta quarta-feira, 30, mais um testemunho de santidade. Trata-se da primeira nativa da América do Norte a ser canonizada, Santa Kateri Tekakwitha.

O Pontífice narrou que ela nasceu por volta do ano de 1656 em um vilarejo na parte alta do Estado de Nova York. Tekakwitha era filha de um chefe indígena não batizado e de uma nativa convertida ao cristianismo, que ensinou a pequena Kateri a rezar e a cantar hinos a Deus.

O Santo Padre destacou como, na maioria das vezes, a evangelização acontece no meio familiar, especialmente pelas mães e avós. “A evangelização muitas vezes começa assim: com gestos simples, pequenos, como os pais que ajudam os filhos a aprender a falar com Deus na oração e que lhes falam do seu grande e misericordioso amor”, disse. Na Audiência Geral da quarta-feira passada, 23, ele já havia enaltecido o papel das mulheres nessa missão.

Paciência para carregar as cruzes diárias

Voltando ao testemunho de Santa Tekakwhita, Francisco contou que ela perdeu os pais e o irmão em um surto de varíola quando tinha apenas quatro anos. Além disso, ela adquiriu problemas na visão e marcas na face. Depois, sofreu com a incompreensão e com perseguições ao decidir ser batizada, na Páscoa de 1676, o que a levou a se refugiar em uma missão jesuíta próxima a Montreal.

A relação de Tekakwhita com Deus, frisou o Papa, foi marcada pelo sofrimento e pela cruz. Ele também indicou que o testemunho do Evangelho não diz respeito somente ao que é agradável, e por isso os cristãos devem também saber carregar as cruzes diárias com paciência, confiança e esperança.

“A paciência, diante das dificuldades, das cruzes: a paciência é uma grande virtude cristã. Quem não tem paciência não é um bom cristão. A paciência de tolerar: tolerar as dificuldades e também tolerar os outros, que, às vezes, são tediosos ou nos colocam em dificuldade. A vida de Kateri Tekakwitha mostra-nos que todo desafio pode ser vencido se abrirmos o coração a Jesus, que nos concede a graça da qual temos necessidade: paciência e coração aberto a Jesus, esta é uma receita para viver bem”, expressou o Pontífice.

A santidade atrai

Na missão jesuíta, Tekakwhita participava da Missa todos os dias, dedicava tempo para adorar o Santíssimo Sacramento, rezava o Rosário e vivia uma vida de penitência. “Essas suas práticas espirituais impressionaram a todos na Missão; reconheceram em Kateri uma santidade que atraía porque nascia do seu profundo amor a Deus. É próprio da santidade atrair”, manifestou o Papa.

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Da mesma forma, ele exaltou o serviço realizado por Tekakwhita na comunidade: a jovem também ensinava as crianças a rezar e cuidava dos idosos e doentes. “A fé sempre se expressa no serviço. A fé não é para maquiar a si mesmo, a alma. Não, é para servir”, sublinhou o Pontífice.

Comprometer-se com a missão confiada por Deus

Diante de sua vivência, Tekakwhita foi encorajada a casar-se. No entanto, ela queria dedicar-se inteiramente a Cristo. Impossibilitada de entrar na vida consagrada, fez um voto privado de virgindade perpétua em 1679. Esta decisão revela outro aspecto do zelo apostólico, explicou Francisco: a dedicação total ao Senhor.

Ele declarou que, “certamente, nem todos são chamados a professar o mesmo voto de Kateri; no entanto, cada cristão é chamado todos os dias a comprometer-se de coração indiviso na vocação e missão que lhe foi confiada por Deus, servindo-o a si e ao próximo num espírito de caridade”.

Santidade, prática diária

Encerrando o testemunho, o Papa citou que Tekakwhita morreu em abril de 1680, com apenas 24 anos. Suas últimas palavras foram “Jesus, te amo”. Ele então exortou todos a, assim como a santa indígena, aprender a realizar ações ordinárias de maneira extraordinária e assim crescer todos os dias na fé, na caridade e no testemunho zeloso de Cristo.

“Não nos esqueçamos: cada um de nós é chamado à santidade, à santidade de todos os dias, à santidade da vida cristã comum. Cada um de nós tem este chamado: vamos em frente nesta estrada. O Senhor não deixará de nos ajudar”, concluiu o Pontífice.

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