Catequese

Papa: "Neste Calvário de morte, é Jesus que sofre nos seus discípulos”

Catequese desta quarta-feira, 31, teve como tema “O Tríduo Pascal”

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, 31/ Foto: Vatican Media via Reuters

“Neste Calvário de morte, é Jesus que sofre nos seus discípulos”, afirmou o Papa Francisco. A frase fez parte da catequese desta quarta-feira, 31, que tinha como tema “O Tríduo Pascal”. A Audiência Geral foi realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.

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O Pontífice sublinhou que os católicos estão imersos na atmosfera espiritual da Semana Santa. “Estamos na vigília do Tríduo pascal. De amanhã até domingo viveremos os dias centrais do Ano Litúrgico”, pontuou. São eles o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

De acordo com o Papa, estes mistérios são vividos todas as vezes nas celebrações da Eucaristia. “Quando vamos à missa, vamos não apenas para rezar, mas para renovar este mistério. É como se fôssemos ao Calvário para renovar o mistério pascal”, disse.

Quinta-feira Santa

O Santo Padre recordou a noite de Quinta-feira Santa. Nela, dentro do Tríduo pascal, é vivido na Missa in Coena Domini o que aconteceu na Última Ceia.

“É a noite em que Cristo entregou aos seus discípulos o testamento do seu amor na Eucaristia. Não como uma lembrança, mas como um memorial, como a sua presença perene”.

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A Quinta-feira Santa é a noite em que Jesus pede, segundo o Papa, para que homens e mulheres amem uns aos outros, para serem servos uns dos outros, como fez ao lavar os pés dos discípulos. O gesto antecipa a cruenta oblação na cruz.

Sexta-feira Santa

A Sexta-feira Santa é um dia de penitência, jejum e oração. O Pontífice destacou que através dos textos da Sagrada Escritura e das orações litúrgicas, os católicos estarão como que reunidos no Calvário para celebrar a Paixão e a Morte Redentora de Jesus Cristo.

“Teremos na mente e no coração o sofrimento dos doentes, dos pobres, dos descartados deste mundo; recordaremos os ‘cordeiros imolados’, vítimas inocentes de guerras, ditaduras, violência diária, abortos”, comentou o Santo Padre.

Os crucificados de hoje

Francisco prosseguiu frisando que será levado diante da imagem do Deus crucificado, em oração, os muitos demasiados crucificados de hoje. “Só d’Ele podem receber o conforto e o significado do seu sofrimento. Hoje, existem muitos! Não se esqueçam dos crucificados de hoje que São a imagem do crucificado, Jesus. Neles está Jesus”, disse.

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“Desde que Jesus tomou sobre si as chagas da humanidade e da própria morte, o amor de Deus irrigou estes nossos desertos, iluminou estas nossas trevas. Porque o mundo está nas trevas!”, afirmou o Papa.

O Pontífice pediu aos fiéis que recordassem todas as guerras em andamento neste momento. Também as muitas crianças que morrem de fome, que não têm escola. Povos inteiros destruídos pela guerra, pelo terrorismo. As muitas pessoas que para se sentirem melhor precisam da droga. A indústria da droga que mata.

“É uma calamidade! É um deserto! Existem pequenas ilhas do povo de Deus, tanto cristão quanto de qualquer outra fé, que guardam no coração o desejo de serem melhores. Mas, vejamos a realidade: neste Calvário de morte, é Jesus que sofre nos seus discípulos”.

Sábado Santo

O Sábado Santo é o dia do silêncio, lembrou Francisco. Neste dia há um grande silêncio em toda a Terra; um silêncio, vivido no pranto e na perplexidade pelos primeiros discípulos, perturbados com a morte ignominiosa de Jesus.

“Enquanto o Verbo está em silêncio, enquanto a Vida está no túmulo, aqueles que tinham esperança n’Ele são postos à prova, sentem-se órfãos, talvez até órfãos de Deus”, pontuou.

Também este sábado é inclusive o dia de Maria, segundo o Santo Padre. “Também ela o vive em lágrimas, mas o seu coração está cheio de fé, cheio de esperança, cheio de amor”.

Encontro da fé com Cristo ressuscitado

“Na escuridão do Sábado Santo, irromperão a alegria e a luz com os ritos da Vigília pascal e o canto jubiloso do Aleluia”, frisou o Papa. O momento é encontro da fé com o Cristo ressuscitado, e a alegria pascal continuará ao longo dos cinquenta dias que se seguirão.

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O Pontífice frisou que Aquele que foi crucificado, ressuscitou. “O Ressuscitado dá-nos a certeza de que o bem triunfa sempre sobre o mal, que a vida vence sempre a morte. O Ressuscitado é a confirmação de que Jesus tem razão em tudo: em prometer-nos vida para além da morte e perdão para além dos pecados”.

Os discípulos duvidaram, não acreditaram, recordou o Santo Padre. A primeira a crer e a ver foi Maria Madalena, ela foi a apóstola da ressurreição. Ela foi contar que Jesus a tinha visto, que a tinha chamado pelo nome. E então, todos os discípulos viram.

Os guardas e a escolha pelo dinheiro

Francisco sublinhou que os guardas, os soldados, que estavam no sepulcro para não deixar que os discípulos viessem e levassem o corpo, viram Jesus.

“Eles o viram vivo e ressuscitado. Os inimigos o viram, mas fingiram que não o tinham visto. Por quê? Porque foram pagos. Eis o mistério, eis o verdadeiro mistério do que Jesus disse uma vez: ‘Há dois senhores no mundo, dois, não mais que dois: Deus e o dinheiro. Quem serve ao dinheiro é contra Deus’”.

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O Papa frisou que foi o dinheiro que mudou a realidade. Eles viram a maravilha da ressurreição, mas foram pagos para ficar em silêncio.

Foi então que o Pontífice convidou os fiéis a pensar nas muitas vezes que homens e mulheres cristãos foram pagos por não reconhecerem na prática a ressurreição de Cristo.

Cruz de Cristo: sinal de esperança

Ao concluir a catequese, o Santo Padre destacou que também, neste ano, as celebrações da Páscoa serão vividas no contexto da pandemia.

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“Em tantas situações de sofrimento, especialmente quando quem as padece são indivíduos, famílias e povos já provados pela pobreza, calamidade ou conflito, a Cruz de Cristo é como um farol que aponta o porto para os navios ainda a flutuar num mar tempestuoso”.

A Cruz de Cristo é o sinal de esperança que não desilude, sublinhou Francisco. Este sinal diz que nem uma lágrima, nem sequer um gemido, são perdidos no desígnio de salvação de Deus.

“Peçamos ao Senhor que nos dê a graça de servir, de reconhecer esse Senhor e de não nos deixar pagar para esquecê-lo”.

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