Francisco refletiu sobre a docilidade para mudar e a real concretude da fé diante de multidão de fiéis presente na Praça São Pedro apesar do calor
Da Redação, com Vatican News
Disponibilidade para a mudança e fé para ser atendido por Deus. Estes foram os dois aspectos ressaltados pelo Papa Francisco em sua reflexão antes de rezar o Angelus neste domingo, 20, diante de uma multidão de fiéis reunidos na Praça São Pedro, apesar do forte calor do verão europeu.
No Brasil, neste domingo, 20, é celebrada a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, que foi transferida da terça-feira, 15. Contudo, na Itália e em outros países, a celebração mariana se deu durante a semana, e o Evangelho deste domingo narra o encontro de Jesus com a mulher cananeia, que Lhe pede para curar sua filha (cf. Mt 15, 21-28).
Em sua reflexão, o Papa enfatizou dois aspectos: a mudança de ideia de Jesus – que, de início, apenas disse à mulher que foi enviado para os filhos de Israel – e a grande fé da cananeia – fazendo com que o Senhor curasse a sua filha.
Coração dócil à mudança
Jesus dirigia sua pregação ao “povo eleito”, pois o Espírito Santo levaria a Igreja aos confins do mundo. Entretanto, ocorre uma “antecipação” da “universalidade da obra de Deus”, que o Cristo manifesta neste episódio. Ele mostra-se disponível e aberto a mudança, compadecendo-se da mulher cananeia e de sua filha.
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“Quem ama não permanece nas próprias posições, mas se deixa mover e comover; sabe como mudar seus programas. O amor é criativo. E nós, cristãos, se quisermos imitar Cristo, somos convidados à disponibilidade da mudança”, expressou Francisco, falando ainda da docilidade para mudar. “A rigidez é ruim, a firmeza é boa”, resumiu, posteriormente.
Uma fé de insistência
Voltando-se para a fé da mulher, o Pontífice enalteceu como Jesus a considerou “grande”. Se os discípulos viam apenas a insistência, o Cristo viu a fé por trás da perseverança da cananeia. Provavelmente, refletiu o Santo Padre, ela pouco sabia dos preceitos religiosos de Israel, mas isso não a impediu de superar todos os obstáculos e se aproximar de Jesus, para se prostrar e falar diretamente a Ele.
“Aqui está a concretude da fé, que não é uma etiqueta religiosa, mas um relacionamento pessoal com o Senhor. Quantas vezes caímos na tentação de confundir a fé com uma etiqueta. A fé da mulher cananeia não é feita de etiqueta teológica, mas de insistência; não de palavras, mas de oração. E Deus não resiste quando se reza a ele”, declarou o Papa.
Diante destas reflexões, Francisco lançou alguns questionamentos aos fiéis reunidos: “Sou capaz de mudar opinião? Sou capaz de ser compreensivo e compassivo ou permaneço rígido em minhas posições? Como está a minha fé? Ela se limita a conceitos e palavras, ou é realmente vivida, com a oração e as ações? Sei dialogar com o Senhor, insistir com Ele, ou me contento em recitar alguma fórmula bonita?”.
Concluindo a reflexão antes de rezar o Angelus, o Santo Padre voltou sua fala à Virgem Maria, pedindo que “Nossa Senhora nos torne disponíveis ao bem e concretos na fé”.