Francisco exortou a sentir todos os dias “a alegria e o estupor de ser chamados por Deus a trabalhar para Ele”
Da redação, com Vatican News
Deus chama sempre e não exclui ninguém: este é o significado do Evangelho deste domingo, 20, comentado pelo Papa Francisco antes de rezar a oração mariana do Angelus com os fiéis na Praça São Pedro.
A página do Evangelho narra a parábola dos operários chamados pelo patrão para uma jornada de trabalho na vinha. Por meio desta narração, explicou o Pontífice, Jesus nos mostra o surpreendente modo de agir de Deus, representado por duas atitudes do patrão: o chamado e a recompensa.
Por cinco vezes durante o dia, o patrão sai à praça em busca de trabalhadores para a sua vinha.
“Aquele patrão representa Deus que chama todos e chama sempre. Deus age assim também hoje: continua a chamar qualquer um, a qualquer hora, para convidar a trabalhar no seu Reino. Este é o estilo de Deus, que por nossa vez somos chamados a acolher e imitar.”
Francisco recordou que Deus não está fechado no seu mundo, mas “sai” continuamente em busca das pessoas, porque quer que ninguém fique excluído do seu desenho de amor. “Deus está sempre em saída”
Isso vale também para as comunidades eclesiais, acrescentou o Papa, chamadas a sair dos vários tipos de “confins” que possam existir para oferecer a todos a palavra de salvação que Jesus veio trazer.
“Trata-se de abrir-se a horizontes de vida que ofereçam esperança a quem estaciona nas periferias existenciais e ainda não experimentou, ou perdeu, a força e a luz do encontro com Cristo.”
“A Igreja deve ser como Deus: sempre em saída. E quando a Igreja não é em saída, adoece de muitos males que temos na Igreja. Por que essas doenças na Igreja? Porque não é em saída. É verdade que quando alguém sai há o perigo de um acidente. Mas é melhor uma Igreja acidentada por sair, anunciar o Evangelho, do que uma Igreja doente de fechamento. Deus sempre sai, porque é Pai, porque ama. A Igreja deve fazer o mesmo: sempre em saída.”
Como o Bom Ladrão
A segunda atitude do patrão é o seu modo de recompensar os trabalhadores. Ele combina com os primeiros operários contratados pela manhã o pagamento de uma moeda.
Àqueles que se juntam a seguir, ao invés, diz: “Eu vos pagarei o que for justo”. No final do dia, o patrão da vinha manda dar a todos a mesma recompensa, isto é, uma moeda. Os que tinham trabalhado desde a manhã ficam indignados e resmungam contra o patrão, mas ele insiste: quer dar o máximo da recompensa a todos, inclusive àqueles que chegaram por último.
Jesus não está falando do trabalho e do salário justo, explicou Francisco, mas do Reino de Deus e da bondade do Pai celeste.
“Com efeito, Deus se comporta assim: não olha para o tempo e para os resultados, mas para a disponibilidade e a generosidade com a qual nos colocamos a serviço.”
O agir de Deus é mais do que justo, no sentido que vai além da justiça e se manifesta na Graça. “Tudo é Graça. A nossa salvação é Graça. A nossa santidade é Graça.” Doando-nos a Graça, Ele nos oferece mais do que nós merecemos.
Quem raciocina com a lógica humana, advertiu o Papa, que espera nos méritos conquistados com a própria capacidade, de primeiro passa para último.
“’Mas eu trabalhei tanto, fiz tanto na Igreja, ajudei muito e me pagam o mesmo deste que chegou por último. Lembremos quem foi o primeiro santo canonizado na Igreja: o Bom Ladrão. ‘Roubou o Céu no último momento da sua vida: isso é graça, assim é Deus. Também com todos nós. Ao invés, que busca pensar nos próprios méritos, acaba falindo; que se entrega com humildade à misericórdia do Pai, de último — como o Bom Ladrão — acaba primeiro.”
O Santo Padre concluiu pedindo a Nossa Senhora que “nos ajude a sentir todos os dias a alegria e o estupor de ser chamados por Deus a trabalhar para Ele no seu campo, que é o mundo; na sua vinha, que é a Igreja. E ter como única recompensa o seu amor, a amizade de Jesus, que é tudo para nós”.