Presidente da Conferência Episcopal Francesa e os dois vice-presidentes conversaram com jornalistas após encontro com o Papa
Da redação, com Vatican News
“Uma tradição anual para informar sobre os trabalhos de sua recente assembleia plenária.” Assim descreveram os membros da presidência da Conferência Episcopal Francesa a audiência que tiveram nesta segunda-feira, 13, com o Papa Francisco no Vaticano.
Este ano, os bispos, reunidos em Lourdes de 2 a 8 de novembro, focalizaram em particular o relatório da CIASE (Comissão sobre abuso sexual na Igreja). O documento publicado em 5 de outubro causou um enorme choque na França. Ele expôs uma avaliação (segundo uma pesquisa) de 330.000 vítimas de violência sexual dentro da Igreja Católica desde 1950.
Dom Éric de Moulins-Beaufort explicou que os bispos franceses viveram uma “conversão”. Ela aconteceu durante a Assembleia em Lourdes, enquanto o bispo Olivier Leborgne chegou a falar de uma “aventura espiritual” que os levou a colocar a escuta e o cuidado com as vítimas no centro de sua abordagem. Tudo isso inclui assumir a responsabilidade institucional, além das falhas individuais.
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Um comportamento “digno” para enfrentar o mal pela raiz
Durante audiência, “o Papa sublinhou a dignidade do nosso comportamento e de nossa maneira de considerar o relatório da CIASE, e nos encorajou a continuar a fazê-lo de forma sinodal”, explicou o presidente dos bispos franceses durante a coletiva de imprensa.
O relatório permanece, portanto, uma base válida para o trabalho, apesar da recente polêmica. O Papa, que receberá Jean-Marc Sauvé, presidente da CIASE em data ainda a ser determinada, mostrou interesse em alguns elementos que os bispos puderam lhe explicar diretamente. Os dados históricos sobre a forma como a Igreja da França tratava os “padres problemáticos” foi um deles.
Em sua conversa com a presidência da Conferência dos Bispos franceses, o Papa voltou a falar do summit dedicado à proteção dos menores na Igreja, realizada no Vaticano em fevereiro de 2019. Summit contou com a participação dos presidentes dos episcopados de todo o mundo.
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O Santo Padre reiterou a importância de”fazer tudo o que for preciso” para enfrentar o mal pela raiz, em nível global. Para os bispos, o desafio é viver um “caminho espiritual”. “Colocar-se diante do Senhor”, assumindo suas responsabilidades “diante das vítimas e diante de Cristo”.
Renúncia do Arcebispo de Paris
A respeito da recente renúncia de Dom Michel Aupetit, agora arcebispo emérito de Paris, os prelados disseram à imprensa que “o Papa nos confidenciou a sua tristeza por ter tido que tomar esta decisão”, considerando que “o clima que foi criado não lhe permite mais governar” a diocese.
Francisco expressou “sua estima pela reação pastoral do arcebispo Aupetit” e ironizou sobre as “belas almas que gritam, sem aceitar que os bispos possam ser pecadores”. Tal atitude, concluiu Dom de Moulins-Beaufort, contrasta com a do “povo de Deus que reza, que sofre”.
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