O Papa Bento XVI realizou, há pouco, o tão esperado discurso aos representantes da ONU, na Sala da Assembléia Geral em Nova Iorque. Ele foi recebido pelo secretário-geral, Ban Ki-moon. Esta é a segunda e última etapa de sua visita aos Estados Unidos. O Pontífice foi o terceiro Papa a discursar na Organização, o primeiro foi Paulo VI, em 1965, e o segundo João Paulo II, em 1979 e 1995.
Seguem alguns dos pontos marcantes no discurso do Santo Padre:
Globalização
“Questões de segurança, objetivos de desenvolvimento, redução das desigualdades locais e globais, proteção do meio ambiente, os recursos e o clima, pedem que todos os responsáveis internacionais ajam conjuntamente e demonstrem uma prontidão em trabalhar de boa fé no respeito da lei e na promoção da solidariedade diante das regiões mais necessitadas do planeta. Penso em particular nos países da África em outras partes do mundo que permanecem à margens de um autêntico desenvolvimento integral e correm o risco de experimentar sozinhos os efeitos negativos da globalização. No contexto das relações internacionais é necessário reconhecer o papel que as estruturas têm em promover o bem comum e em defender a liberdade humana”.
Intervenção das Nações Unidas nos países em conflito
“Cada país tem um dever primário de proteger a própria população das violações graves e contínuas dos Direitos Humanos e também das conseqüências das crises humanitárias provocadas, seja pela natureza, seja pelos homens. Se os países não são capazes de garantir tal proteção, a comunidade internacional deve intervir com os meios jurídicos previstos na Carta das Nações Unidas e com outros instrumentos internacionais. As ações da comunidade internacional e de suas instituições, quando baseadas no respeito dos próprios princípios, nunca devem ser interpretadas como uma imposição indesejada e um limite da soberania do país auxiliado. Ao contrário, é a indiferença ou a falta de intervenção que ocasionam um dano real. O que é necessário é a busca sempre mais profunda de modos de prevenir e controlar os conflitos explorando cada possibilidade através do diálogo diplomático prestando atenção e encorajando cada pequeno sinal de diálogo e desejo de reconciliação”.
Dever dos países em proteger sua população e o papal da cumunidade internacional
“Cada país tem um dever primário de proteger a própria população das violações graves e contínuas dos Direitos Humanos e também das conseqüências das crises humanitárias provocadas, seja pela natureza, seja pelos homens. Se os países não são capazes de garantir tal proteção, a comunidade internacional deve intervir com os meios jurídicos previstos na Carta das Nações Unidas e com outros instrumentos internacionais”.
Bento XVI, deixou a sede da nunciatura apostólica em Washington, esta manhã, onde passou as últimas três noites, e foi para Nova York, segunda e última etapa da sua visita aos Estados Unidos. No aeroporto internacional John Fitzgerald Kennedy de Nova York foi recebido pelo arcebispo de Nova York, Cardeal Edward M. Egan, pelo observador permanente da Santa Sé na ONU, Arcebispo Celestino Migliore, pelo prefeito da cidade, Michael Bloomberg, pelo bispo de Brooklyn, Dom Nicholas DiMarzio, pelo bispo de Rockville Centre, Dom William Francis Murphy e por algumas autoridades civis, num total de 15 pessoas. Do aeroporto Bento XVI seguiu de helicóptero para Manhattan, até a sede das Nações Unidas.
A sede da ONU é um complexo arquitetônico inaugurado em 1952 e projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemayer. A Assembléia Geral da ONU é formada por 192 estados-membros. Desde 2 de Abril de 1964, a Santa Sé mantém uma representação na ONU e goza do status de observador permanente, com direito a acompanhar os trabalhos, mas sem direito de voto ativo ou passivo. O atual observador permanente é o arcebispo Celestino Migliore, que, aliás, hospedará o Santo Padre durante sua permanência em Nova York.