Após após celebrar uma missa privada na capela da nunciatura apostólica de Iaundê, capital de Camarões, e realizar uma visita ao presidente do país, Paul Biya, o primeiro compromisso público do Papa Bento XVI nesta quarta-feira, em Iaundê, foi o encontro com os bispos de Camarões.
Em seu discurso, o Papa fez uma análise da Igreja camaronesa e do papel dos bispos. Citando o Ano Paulino, Bento XVI recordou a necessidade urgente de anunciar o Evangelho a todos. Para guiar e estimular o povo de Deus nesta tarefa, afirmou o pontífice, os pastores devem ser eles mesmos, antes de mais, anunciadores da fé a fim de conduzir a Cristo novos discípulos. “Os fiéis, para confirmar e purificar a sua fé, têm necessidade da palavra do seu bispo, que é o catequista por excelência.”
.: Íntegra do discurso do Papa aos bispos
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O Papa falou ainda da dimensão colegial do ministério episcopal, da relação do bispo com os presbíteros e dos candidatos ao sacerdócio, encorajando os bispos a dar prioridade à seleção e preparação dos formadores e dos diretores espirituais.
Recordando as origens da fé cristã em Camarões, Bento XVI citou o trabalho dos religiosos e das religiosas e dos catequistas. Um trabalho que, ainda hoje, é fundamental, “por isso é essencial a sua formação humana, espiritual e doutrinal”.
Falando dos desafios pastorais, o papa citou em especial a situação da família, que sofre o impacto da modernidade e da secularização com a sociedade tradicional: “Na promoção da pastoral familiar, é importante favorecer uma melhor compreensão da natureza, dignidade e função do matrimônio, que supõe um amor indissolúvel e estável”.
Outro desafio é o avanço de seitas e movimentos esotéricos e a influência crescente de uma religiosidade supersticiosa, como também do relativismo. Tendências, segundo o Pontífice, que “são um premente convite a dar um novo impulso à formação dos jovens e dos adultos, particularmente nos meios universitários e intelectuais”.
O Santo Padre concluiu seu discurso falando da globalização – contexto que leva a Igreja a nutrir um interesse particular pelas pessoas mais necessitadas. “A missão do bispo impele-o a ser o principal defensor dos direitos dos pobres, a suscitar e favorecer o exercício da caridade, manifestação do amor do Senhor pelos humildes. Assim os fiéis são levados a descobrir concretamente que a Igreja é uma verdadeira família de Deus, congregada pelo amor fraterno, que exclui todo o etnocentrismo e particularismo excessivos e contribui para a reconciliação e a colaboração entre as etnias para o bem de todos” – disse.
Por outro lado, continuou, a Igreja quer, através da sua doutrina social, despertar a esperança nos corações dos marginalizados: “Dever dos cristãos, sobretudo dos leigos que têm responsabilidades sociais, econômicas, políticas, é também deixar-se guiar pela doutrina social da Igreja, a fim de contribuírem para a edificação dum mundo mais justo onde cada um possa viver com dignidade”.
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