O diretor de Imprensa da Embaixada da Angola no Brasil, Josué Salusuva Isaias relata como a imprensa angolana está se preparando para fazer a cobertura da visita do Papa Bento XVI ao país. Ele também fala sobre os benefícios dessa visita à Angola neste tempo de reconstrução da infraestrutura e de reconciliação nacional.
noticias.cancaonova.com: Como a imprensa angolana está se preparando para a visita do Papa Bento XVI?
Josué Salusuva Isaias: A visita do Papa sempre atrai multidões e desperta muita expectativa e a imprensa é sempre chamada a refletir tudo isso, toda essa alegria e satisfação da visita do Papa. Em Angola, há um centro de imprensa que está coordenando toda a solicitação de cobertura desta visita. Há solicitações de imprensas de todos os cantos: da Europa, da América, da Ásia. Todos solicitam credenciamento para fazer essa cobertura. Acredito que isso vá se repetir da mesma forma como foi da primeira vez com a visita do papa João Paulo II.
noticias.cancaonova.com: O senhor estava presenta durante a visita de João Paulo II à África? Como foi a experiência?
Josué Salusuva Isaias: Embora eu coordenasse, direto da redação, a equipe que ia fazer essa cobertura, eu não estava presente. Mas o que vimos e as matérias que fizemos, foi uma experiência gratificante para o nosso trabalho. Foi uma coisa muito bem feita, bem montada e conseguimos fazer entrevistas com todas as autoridades envolvidas, tanto do país como autoridades religiosas. Do próprio Papa nós colhemos informações e foi gratificante.
noticias.cancaonova.com: Como cidadão angolano, o que representa a visita do Papa ao país e quais benefícios ela traz?
Josué Salusuva Isaias: Como sabem, a Angola viveu cerca de 27 anos de guerra civil, de destruição, de desesperança. Em clima de guerra, a solidariedade é um valor que desaparece e cada um se vira como pode; o instinto de sobrevivência passa por cima desse valor. A vinda do Papa, nesse contexto, é de extrema importância porque, depois do alcance da paz, em 2002, Angola trava um outro combate, que é de reconstrução da infraestrutura, de reconciliação nacional. Dois lados angolanos estava desavindos e a unificação desses espíritos requer uma contribuição da Igreja; daí a importância da vinda do Papa. Muito embora, a religião não é só um fator principal nessa contribuição, mas ela também tem um papel de extrema importância para acalmar o espírito e devolver a esperança, a solidariedade e outros valores que haviam se perdido.
noticias.cancaonova.com: Quantas províncias e quantas dioceses existem na Angola; e como o povo angolano está se organizando para receber bem o Papa nessa visita?
Josué Salusuva Isaias: Angola tem 18 províncias e as dioceses são seguidas por elas. Para se ter uma ideia da euforia, da expectativa e do ambiente que rodeia a visita do Papa, as dioceses organizaram a deslocação de peregrinos em cada uma das províncias. Duzentos peregrinos, organizados, deverão se deslocar para Luanda para constituir a comissão de recepção de cada uma dessas províncias. Imagine a população de Luanda! Para se ter uma ideia, na província de Huambo – a segunda maior em termo de importância do país – o governo local vai instalar telões em todos os pontos principais da cidade para que, aqueles que não tiverem oportunidade de se deslocar para lá, possam ver [o Papa]. Eles ainda enfeitaram toda a cidade com bandeiras do Vaticano, da República da Angola e, depois, a diocese local vai vender “santinhos” para distribuir à população.
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