O embaixador de Angola na Santa Sé, Armindo do Espírito Santo, revela as expectativas para a visita do Papa Bento XVI ao país. O Santo Padre, após 3 dias em Camarões, chegará a Angola dia 20 de março, onde se encontrará com bispos locais, enfermos, autoridades políticas e civis, jovens e muçulmanos.
noticias.cancaonova.com – Como o país está se preparando para receber o Papa Bento XVI?
Embaixador Armindo do Espírito Santo – Angola está em festa para receber o Sumo Pontífice. Todas as regiões do país acorrem a Luanda, não em sua totalidade, mas através dos representantes, como uma forma de toda a nação saudar o Santo Padre. O povo vai receber com carinho e dignidade o Santo Padre. Mais do que um visita, a presença do Papa saúda também a África. Então, diria que todos os países vão se fazer presentes para receber o Papa.
noticias.cancaonova.com – Este é o segundo Papa que visita Angola. O que isto representa para o país?
Embaixador Armindo do Espírito Santo – A festa também acontece porque não são muitos os países na África que tiveram a oportunidade de receber a visita de dois papas. Tivemos a felicidade de receber João Paulo II em 1992 e agora o Papa Bento XVI. Foi importante a presença de João Paulo II porque vivíamos num período completamente distinto. Em 1992, a Angola buscava alcançar a paz e, quando o Papa veio, vivíamos num período de trégua, no qual assinamos um acordo de paz e estávamos preparando as eleições. E a visita de João Paulo II foi providencial no sentido de transmitir ao povo uma mensagem de paz e esperança. A visita de Bento XVI ocorre numa circunstância totalmente diferente. O país está em paz há sete anos e penso que a mensagem a ser transmitida, agora, ao povo angolano poderá ser, não somente de paz e reconciliação, mas de esperança nos esforços realizados para reconstrução do país, pacificação total dos espíritos e reunir a família angolana.
noticias.cancaonova.com – Como é a presença da Igreja Católica em Angola?
Embaixador Armindo do Espírito Santo – A região que hoje é Angola, que vem do antigo Reino do Congo, pode ser considerada como a mais antiga cristandade da África subssariana. Angola é hoje, proporcionalmente, o país mais católico da África. Os números expressam por si aquilo que é a Igreja hoje no território angolano. Em termos percentuais, os católicos são cerca de 60,65%, mas os cristãos são, aproximadamente, 90%. Isto expressa, em termos numéricos e simbólicos, o que é o cristianismo em Angola e a Igreja Católica em particular. E a Igreja está crescendo. Nos últimos 30 anos, por exemplo, foram ordenados mais padres do que no período em que se começou o contato dos povos da Angola com os primeiros missionários. Isso revela o dinamismo que a Igreja vai tendo. E mais do que os números, penso em qualidade. Nós temos, hoje, sacerdotes angolanos que assumem responsabilidades em organismos da Igreja, nomeadamente em Roma, o que também é um espelho de que a nossa Igreja cresce em dinamismo e qualidade. Por outro lado, durante esses anos de existência do país, inclusive o período do conflito, a Igreja desempenhou sempre um papel social ativo junto às populações, sobretudo através da Caritas, e também na educação e saúde.